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domingo, 18 de agosto de 2013

Mais uma alternativa para salvar o sertanejo da estiagem

AINDA É CARO

Mais uma alternativa para salvar o sertanejo da estiagem

18.08.2013
Ainda com custo muito alto, trabalhadores rurais optam pouco pelo seguro, seja para salvar a lavoura ou o rebanho
Um dos desafios do poder público, a resistência de grande parte dos trabalhadores rurais cearenses à adoção de novas práticas ou tecnologias que minimizem os prejuízos causados pela seca também se reflete na contratação de seguros. Do total de R$ 2,6 bilhões pagos pelos cearenses às seguradoras em 2012, apenas cerca de R$ 1,5 milhão - 0,06% do total - destinou-se a seguros rurais.

Mais do que desinteresse ou desinformação por parte dos agricultores e pecuaristas, a baixa contratação reflete a necessidade de se aperfeiçoar o modelo de oferta desse ramo, que poderia ter minimizado perdas Foto: Wellington Macedo

Mais do que desinteresse ou desinformação por parte dos agricultores e pecuaristas, o número reflete a necessidade de ser aperfeiçoado o modelo atual de oferta desse ramo, que poderia ter minimizado as perdas causadas, desde 2011, com a estiagem que ainda hoje afeta o Ceará e outros estados.

Preço elevado afasta
Para o professor da Escola Nacional de Seguros Bruno Kelly, um dos motivos para a baixa contratação do seguro rural é seu preço elevado, em comparação com outros ramos - a exemplo do seguro de automóveis -, o que desestimula sobretudo pequenos produtores.

Outra razão para os números pouco expressivos, complementa, é o pouco número de empresas, em todo o País, que atuam nesse segmento, uma vez que os riscos da atividade agrícola são maiores do que em outros ramos. "Se você tem um acidente de carro, não quer dizer que o seu vizinho também vai ter. Agora, na atividade agrícola, quando um agricultor tem perdas por conta do clima, por exemplo, muitos outros provavelmente também terão", justifica.

Mesmo entre os corretores, complementa, são relativamente poucos os que se destinam realmente a esse ramo, já que há maior procura por outros tipos de seguro. Conforme Bruno Kelly, um dos anseios do setor é a regulamentação do Fundo de Catástrofe, que consiste em uma reserva de recursos que poderia ser utilizada - em situações como a estiagem que hoje afeta o Nordeste - para evitar perdas e falências e reduzir os riscos às empresas de seguro agrícola, ampliando sua atuação.

Falta informação
O professor destaca ainda que grande parte dos produtores rurais são pouco informados quanto à possibilidade de fazer um seguro. "Muitos confundem os seguros com o Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária)", afirma.

Apesar dos obstáculos para o crescimento desse ramo, Bruno Kelly diz acreditar que o seguro rural é uma opção viável mesmo ao pequeno produtor, "desde que ele tenha a assessoria necessária para se informar". "O mercado tem capacidade de absorver o risco e tem interesse em fazer essa operação. A questão seria realmente fazer as informações chegarem ao agricultor e sanar uma série de dúvidas que ainda existem", observa.

Neste momento de estiagem, complementa, as seguradoras podem ser um pouco mais conservadoras com novos segurados. Entretanto, frisa, as companhias tiveram poucas perdas com a seca, devido ao número reduzido de contratações no Estado, o que as torna mais abertas a novos clientes.

Condições
O professor destaca que o preço do seguro varia conforme as condições - climáticas e de infraestrutura - do local, além do tipo de cultura cultivada. Desse modo, complementa, em um mesmo Estado, o preço pode variar significativamente dependendo do município do segurado.

O presidente da comissão de seguro rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Luiz Roberto Foz, salienta que, no Semiárido, o seguro não serve apenas para as situações de seca, mas também para outros eventos que podem vir a ser ainda mais prejudiciais ao trabalhador rural, a exemplo do excesso de chuvas também.

Foz ressalta ainda que, além do seguro, são necessárias diversas ações para garantir uma melhor convivência com o Semiárido no Nordeste. "A seca nunca vai acabar, é preciso tem que conviver com isso. O seguro é fundamental, mas não é somente o seguro que vai ser a solução quando houver seca", aponta, destacando a necessidade de se aprimorar a gestão de recursos hídricos e orientar melhor o produtor rural. (JM)

Criação de cobertura para forragem seria uma saída
Embora cenas que décadas atrás eram comuns em períodos de seca no Estado, como migrações em massa e saques a mercados, já não aconteçam mesmo em longos períodos de estiagem, a falta de chuvas tem mostrado o quanto o cearense ainda é vulnerável à falta de chuvas. Principal reflexo desse fato, o endividamento dos pecuaristas e as perdas de milhares de cabeças de gado têm na criação de um seguro específico para forragem uma das soluções hoje propostas.

Flávio Saboya, presidente da Faec, sugere a criação de um seguro voltado à produção do insumo, que pudesse ser usado para alimentar o rebanho durante as secas, estimulando a formação de reserva do alimento no Estado FOTO: SILVANIA CLAUDINO

"Não temos mais a fome como problema, porque temos seguro para isso, como o Garantia Safra. Mas não temos ainda o seguro voltado para as atividades econômicas", afirma o presidente da presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Flávio Saboya.

Para Saboya, a criação de um seguro voltado à produção de forragem, que pudesse ser usado para alimentar o rebanho durante as secas, incentivaria a formação de reserva do alimento no Estado. Quando houvesse estiagem, explica, o produtor que pagou o seguro poderia então acioná-lo e comprar a forragem de quem a produziu nos meses anteriores. "Essa teria sido grande alternativa para que fosse resolvida a problemática atual. Se acontecer agora, da próxima vez (que houver seca), o produtor vai ver que quem fez o seguro está bem e está comprando o gado de quem não fez", defende.

O presidente da Faec ressalta a produção de reserva em outros países onde, apesar das situações adversas, os pecuaristas conseguem evitar as perdas. "No Canadá, por exemplo, o clima lá é pior do que aqui (no Semiárido cearense). A única diferença é lá o produtor não é resistente às inovações tecnológicas".

Participação
Outra iniciativa que pode incentivar a contratação de seguros rurais no Ceará, afirma o presidente da comissão de seguro rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Luiz Roberto Foz, é a participação das administrações estaduais e municipais no pagamento do seguro, assim como já faz o Governo Federal.

Esse tipo de iniciativa, afirma, já existe em São Paulo, onde o governo ajuda o produtor a pagar o seguro. "Isso incentiva os agricultores a fazer o seguro. E o município sabe o efeito danoso à arrecadação de uma catástrofe", destaca Foz. (JM) 

FONTE:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1305802

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