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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Lixo e improvisos denunciam precariedade nos cemitérios

DESCASO

Lixo e improvisos denunciam precariedade nos cemitérios

13.09.2013
População que depende do serviço público reclama da má condição dos espaços, falta de vagas, sujeira e odores
Despedida digna. É o que esperam familiares que perderam entes queridos. Porém, em dois cemitérios públicos de Fortaleza o cenário parece entristecer, remete à solidão da morte. Na Parangaba, as escoras sustentam o muro do cemitério que está prestes a desabar, lápides quebradas, lixo e falta de acessibilidade. No Bom Jardim, covas abertas, mau cheiro, sujeira e mato crescido causam desconforto geral.

Quem vai ao Cemitério do Bom Jardim encontra, além de covas abertas, mau cheiro e mato crescido, o que incomoda a população FOTO: KID JÚNIOR

"Está tudo entregue às baratas. A pessoa morre e é abandonada. Devia merecer morada bonita", conta um coveiro que pediu para não se identificar. A população tem reclamado muito. Esse cenário se mantém mesmo com o escândalo, há quatro meses, da falta de vagas nos cemitérios públicos de Fortaleza.

O Diário do Nordeste revelou, em maio, penúria de famílias peregrinando na busca por jazigos. À época, todos os cinco logradouros (Bom Jardim, Messejana, Parangaba, Mucuripe e Antônio Bezerra estavam saturados) e medidas emergenciais foram prometidas pela atual gestão municipal.

Descaso

A reportagem retornou, na tarde de ontem, ao cemitério do Bom Jardim para apurar se as tais promessas de ampliação estavam sendo cumpridas. E as obras até começaram, mas o cenário geral ainda parece de descaso. Logo na entrada um forte odor lembrava a morte, cheiro ruim de putrefação. Quem passava observava, se incomodava, comentava.

Em uma volta pelo terreno o mistério da "fedentina" foi desvendado: uma cova aberta. Conforme gestores e funcionários presentes, a tal prática é comum. "Temos que deixar o buraco assim, aberto, para que outro morto, no dia seguinte, possa ser enterrado em cima. Cada cova encaixa três caixões", diz um funcionário que pediu sigilo do nome. Além do odor, parecia claro a falta de zelo com os defuntos: lápides quebradas, caídas, terras removidas, sujeira, cercas e muros quebrados. Na ala, das crianças, faltam flores e cuidado, quase pode se ver até os caixões.

Sobre o cemitério do Bom Jardim, a Secretaria Executiva Regional (SER) V informou que obras de ampliação seguem em andamento e que, desde as denúncias de abril, mais de 580 novas vagas foram criadas, e outras 590 estariam em andamentos; a meta final seriam 5 mil.

Plano

Ainda segundo titular da SER V, Júlio Ramom, um plano de reformulação está sendo criado e reformas estariam aprovadas para estarem prontas já no feriado de finados, em novembro. "Sei que o ambiente não está bom ainda, falta mais cuidado, mas estamos melhorando".

Reforma deve começar hoje
"Se do lado de fora é esse abandono todo, imagina lá dentro como deve estar?", indaga a vendedora ambulante, Rosa Martins. Ela foi uma das pessoas que notou o emendo improvisado na calçada do Cemitério Público da Parangaba. Pelo menos quatro estacas seguram o muro que pode cair a qualquer momento, reclamam pedestres que passam no local.

No Cemitério da Parangaba, as escoras sustentam o muro, que está prestes a desabar FOTO: KID JÚNIOR
A reforma, no entanto, deve começar hoje, segundo promessa da gestão. O mecânico Alexsandro Franklin da Silva, se diz revoltado com a situação. As pessoas que moram na vizinhança escreveram a palavra "perigo" na parede para tentar evitar que pedestres passem perto do muro. Além desta mensagem improvisada, o local não apresenta qualquer sinalização ostensiva. "Notei há umas duas semanas, sempre passo por aqui para ir comprar peças", conta o mecânico Alexsandro Franklin da Silva.

Descaso
Apesar da reportagem ter sido impedida de fotografar a parte interna do logradouro, não é preciso muito esforço para observar um aparente descaso. Vários são os jazigos interditados, quebrados. As ruas que deveriam servir de acesso estão todas bloqueadas, falta acessibilidade. Sobra sujeira, montes de entulhos, matos crescidos, até fezes e urinas que exalam um forte odor. Sobre a reclamação dos usuários, a Secretária Executiva Regional (SER) IV, informou que as providências em relação ao muro já foram tomadas. As estacas foram colocadas pela Regional IV como forma de prevenção de acidentes dos pedestres. "O material para a recuperação do muro já foi comprado, já foi colocado no espaço e a reforma começará sexta-feira", afirma o titular da SER IV Airton Mourão.

As calçadas do cemitério e do anexo passarão por reformas. Quanto às covas, secretário explica que a Regional precisa de uma autorização dos familiares.

Projeto do crematório continua parado

E a demanda de sepultamentos é muito alta e crescente em Fortaleza, explica o atual titular da Secretaria Executiva Regional (SER) V, Júlio Ramom, região em que o Cemitério do Bom Jardim está inserido.

Mas qual seria a solução? Para Júlio Ramom, um crematório poderia ser, sim, algo viável, afirma. Em abril, por exemplo, nas matérias publicadas pelo Diário do Nordeste, foi cogitado esse projeto. "Ainda não avançamos. Estamos vendo os custos e a viabilidade de um crematório público. Seria ideal, pois diminuiria os usos de terreno e, principalmente o impacto ambiental", afirma o gestor.

Para Júlio Ramom, uma outra proposta é reformular a lei dos cemitérios, garantir uma revisão e novas políticas públicas. Para diminuir a demanda do Cemitério do Bom Jardim, por exemplo, a Prefeitura já começou a fazer uma filtragem dos beneficiários: apenas os moradores de Fortaleza terão acesso às vagas.

"Temos que privilegiar os que residem na Capital e também os menos favorecidos financeiramente. Depois daquele crise em abril muitas ações já foram tomadas para que a situação não mais se repita", afirma Ramom. Outra ideia da gestão são os cemitérios públicos verticalizados em que os corpos não entram em contato com o solo, não haja dano ambiental e menos impacto na ocupação das áreas da Capital.

A falta de gerenciamentos dos espaços e das funerárias é outro conhecido e velho problema, aponta o secretário. Não existe órgão específico para gerir, cuidar todos eles. "Na realidade, cada secretaria Regional trata com os cemitérios da área. Faltam políticas públicas".

IVNA GIRÃOREPÓRTER
FONTE:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1317276

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