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quarta-feira, 2 de abril de 2014

#EuNaoMereçoSerEstuprada: Pesquisa gera revolta e população reage nas redes sociais

#EuNaoMereçoSerEstuprada: Pesquisa gera revolta e população reage nas redes sociais


Estupro01
Por analogia, a resposta está “correta”.
Marcela Belchior, via Adital
Mulheres (e homens) de todo o Brasil se insurgiram diante de uma pesquisa que aponta a culpabilização das mulheres pelo estupro. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado no último dia 27 de março, aponta que 65,1% da população concorda, total ou parcialmente, que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Indicou ainda que 58,5% dos entrevistados concordam, total ou parcialmente, que, “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”.
A reação foi imediata e, em algumas horas, uma campanha online ganhou forte adesão nas redes sócias da Internet, em especial o Facebook. Utilizando a hashtag #EuNaoMereçoSerEstuprada, as internautas postaram fotos seminuas, protestando contra a responsabilização feminina pelos crimes sexuais. Uma delas é a universitária Joana Penino, 18 anos, de Salvador, Estado da Bahia. Em depoimento nas redes, ela diz que sofre, diariamente, julgamentos machistas por fugir de determinadas “regras sociais”. “Isso é uma situação constante na vida de qualquer mulher e, pior ainda, gerada muitas vezes pelas próprias mulheres”, escreve.
Estupro02Organizadora de página de protesto no Facebook, a jornalista Nana Queiroz afirma que vem sofrendo ofensas e ameaças de homens e mulheres nas redes sociais desde que foi iniciada a campanha, em 28 de março. “Homens me escreveram dizendo que me estuprariam se me encontrassem na rua, outros, que eu ‘preciso mesmo é de um negão de 50 cm’ ou ‘uma bela louça para lavar’. Senti na pele a fúria revelada pela pesquisa”, relata em publicação da rede. Nana diz que deverá denunciar as ameaças na Delegacia da Mulher.
Pelo Twitter, a presidente da República Dilma Rousseff (PT), também repercutiu a pesquisa. Defendendo “tolerância zero” à violência contra a mulher, ela afirma que a pesquisa mostra que a “sociedade brasileira ainda tem muito o que avançar” e que “governo e sociedade devem trabalhar juntos para atacar a violência contra a mulher, dentro e fora dos lares”. Dilma respalda a atitude da jornalista: “O governo e a lei estão do lado de @nanaqueiroz e das mulheres ameaçadas ou vítimas de violência #RespeiteAsMulheres”, escreveu.
Outras hashtags também representam o protesto virtual contra o resultado da pesquisa, como #VaiTerQueRespeitar e #NenhumaMulherMereceSerEstuprada. O compartilhamento de fotografias de homens vestidos com pouca roupa pelos espaços públicos também demonstram um contraponto, questionando a diferença no tratamento dado a ambos os sexos pela cultura machista. “Baleado porque andou na rua à noite. Estuprada porque usou saia curta. Agredido porque é gay. Se não fossem as vítimas, viveríamos sem violência”, ironiza uma página no Facebook.
A página Blogueiras Feministas também reagiu: “Estupro não é sexo, estupro é uma relação de poder! Então, não importa se a mulher está de saia curta ou de moletom. Estupros acontecem porque nossa sociedade aceita e minimiza com argumentações estapafúrdias como essas”.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) adverte, em sua página na rede, que “Estupro é crime hediondo mesmo sem morte ou lesão grave”, com pena de 6 a 10 anos de prisão. O deputado federal Romário, ex-jogador da Seleção Brasileira de Futebol, escreveu, em seu perfil, ser solidário à campanha. “Não posso compartilhar desse pensamento retrógrado. Infelizmente, o machismo ainda está impregnado na sociedade brasileira”, afirma. A cantora Valeska Popozuda, muitas vezes criticada pelo movimento feminista porque reproduziria estereótipos machistas, também se pronunciou no Facebook: “De saia longa ou pelada, #NãoMereçoSerEstuprada”, acompanhada de uma foto sua seminua, com seios e genitália apenas cobertos por um taco de beisebol.
Estupro03Atos de protestos começam a sair das redes sociais e ser articulados em várias cidades brasileiras. Em resposta à pesquisa, está marcado para o próximo dia 4 abril um manifesto em São Paulo e para 5 de abril em Brasília (DF). No dia 6 de abril, será a vez do Rio de Janeiro, em ato na orla da praia de Copacabana. Já no dia 11 deste mês haverá encontro em Recife, Estado de Pernambuco.
O que indica a pesquisa
Intitulada “Tolerância social à violência contra as mulheres”, a pesquisa foi aplicada entre maio e junho de 2013, em municípios metropolitanos e não metropolitanos das cinco grandes regiões brasileiras, para uma amostra de 3.810 indivíduos, de ambos os sexos. A publicação avalia que as demandas feministas presentes há décadas ainda são atuais no Brasil.
“Por trás da afirmação, está a noção de que os homens não conseguem controlar seus apetites sexuais; então, as mulheres, que os provocam, é que deveriam saber se comportar, e não os estupradores. A violência parece surgir, aqui, também, como uma correção. A mulher merece e deve ser estuprada para aprender a se comportar. O acesso dos homens aos corpos das mulheres é livre se elas não impuserem barreiras, como se comportar e se vestir ‘adequadamente’”, afirma.
“A permanência de ideias tão avessas a uma perspectiva de direitos humanos, apesar de confirmarem estudos qualitativos e percepções gerais sobre o ambiente social, ainda causam espanto. A questão do direito das mulheres sobre seus corpos segue sendo, portanto, uma fronteira a ser alcançada”, conclui o material.

FONTE: LIMPINHO E CHEIROSO

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