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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Instituição é denunciada por maltratar usuários 02.04.2014

REABILITAÇÃO

Instituição é denunciada por maltratar usuários

02.04.2014

Comunidade Terapêutica Leão de Judá, em Caucaia, é acusada de aplicar punições aos internos


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Fac-símile mostra matéria veiculada no dia 27 de julho do ano passado, apontando que irregularidades no local vão da segurança a questões de higiene
Denúncias de maus tratos e violência contra pessoas em processo de reabilitação de usuários de drogas recaem sobre a Comunidade Terapêutica Leão de Judá. A instituição, que funciona desde 2002, é acusa da de delitos como aplicar punições aos internos através de trabalhos físicos forçados, aplicar medicamentos sem prescrição médica, manter os internos em cárcere privado e sem contato com a família.
Iago Garcia, de 23 anos, é um dos ex-internos da Leão de Judá que decidiu denunciar o tratamento pelo qual afirma ter passado. Ao chegar na comunidade, Iago era transexual, tinha cabelos longos e atendia pelo nome de Amanda. Nas três semanas que passou lá, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2014, ele diz ter sofrido homofobia.
"Fui punido severamente três vezes. Lá eu não podia usar meu nome social e tinha que me vestir com roupas masculinas, mesmo me sentindo como mulher. Uma das punições aconteceu num culto de libertação. Uma das voluntárias chegou perto de mim, cravou as unhas na minha barriga e no meu pescoço. Outros dois voluntários me seguraram e cortaram o meu cabelo à força, mesmo comigo gritando e pedindo para que isso não fosse feito", conta.
Iago ainda alega que, em outros momentos, foi punido tendo que derrubar sozinho dois barrancos e fazer um trabalho de terraplanagem, algo que nunca havia realizado, por ter chegado atrasado a um dos cultos realizados no local. Iago foi obrigado também a jogar, por duzentas vezes, pedras de um quebra-mar localizado atrás da sede da comunidade, em Iparana.
"Essas coisas aconteciam não só comigo, mas com outros três homossexuais que também estavam internados lá. Eu não podia falar com a minha família, pois eles diziam que eu era o portal com o demônio. Me davam remédios que me dopavam e não faziam parte do meu tratamento", coloca Iago.
Convênio público
Iago conseguiu sair da comunidade depois de pular o muro escondido. "Eles tiraram uma parte da minha vida, pois fizeram com que eu perdesse a minha própria identidade", coloca.
A chegada na instituição aconteceu por meio do Hospital de Saúde Mental de Messejana, local onde Iago realizou o tratamento de desintoxicação pelo uso de drogas. A Comunidade Terapêutica Leão de Judá possui convênio de subvenção social com a Secretaria da Saúde do Governo do Estado desde 2006, e também possui convênio com a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Fortaleza.
Além de Iago, outros dois adolescentes afirmam ter passado por maus tratos na comunidade, há três anos. Um deles colocou que era obrigado a limpar fossas nas redondezas. "Eles diziam que era o programa terapêutico deles, a laborterapia", conta o usuário. Outro adolescente afirma que, certa vez, foi trancado junto a outros colegas em um quarto e receberam, à força, medicações para dormir.
Política interna
O Diário do Nordeste entrou em contato com Cristiane Ramires, vice-presidente e diretora executiva da Leão de Judá, que negou todos os fatos narrados pelos ex-internos. Sobre o corte de cabelo forçado de Iago, Cristiane afirmou que a comunidade possui uma política interna para que os atendidos mantenham os cabelos, barbas e unhas aparados, mas espera que cada interno cumpra as determinações. Sobre os trabalhos forçados, ela também coloca que não acontecem na instituição e que também não cobra nenhum valor pelos serviços. "Quando vamos fazer algum trabalho, todo mundo participa. É o dia do mutirão, como nós chamamos, em que todos colaboram na limpeza".
Tratamento
Em relação aos medicamentos, Cristiane Ramires afirma que os remédios só são administrados nos pacientes com a prescrição médica. Ela nega ainda que os internos sejam impossibilitados de deixar o recinto. "Acabamos de contratar um enfermeiro para regularizar melhor a situação com os remédios. Nosso tratamento é voluntário. As pessoas podem ir embora quando elas quiserem", diz.
Os casos de Iago Garcia e dos outros dois adolescentes que conviveram na Comunidade Leão de Judá foram levados à Comissão de Políticas Públicas Sobre Drogas, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A presidente da comissão, Rossana Brasil, afirma que entrará com um processo contra a comunidade. "Já é a segunda vez que a Leão de Judá é denunciada. Nós vamos entrar com um processo e levar o caso ao Conselho Estadual de Políticas Públicas Sobre Drogas. É uma instituição que recebe financiamentos federais, estaduais e municipais e está tratando com violência os seus internos. O Iago é a maior prova que nós temos, por isso vamos nos movimentas para que haja justiça no caso", afirma.
O Diário do Nordeste já havia publicado matéria com denúncias contra a instituição. O material veiculado no dia 27 de julho do ano passado aponta que irregularidades no local vão da segurança a questões de higiene e que internos vivem em condições insalubres, sem locais apropriados para dormir, cozinhar e praticar exercícios.
FONTE:
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/instituicao-e-denunciada-por-maltratar-usuarios-1.969702

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