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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Wesley Safadão. Do erotismo ao romântico: o cancioneiro


Pedra Aguda, em Aracoiaba: marco geográfico na terra do Safadão
Numa de suas músicas de maior sucesso, Wesley Safadão verseja: “Sou sem-vergonha mesmo / sou ciumento mesmo / Pra mim não é defeito, é meu jeito de amar”.
O trecho ilumina uma das temáticas clássicas do forró: 
a do homem que, a despeito de ser um cafajeste, confessa-se devotado ao amor doméstico, nisso não vendo qualquer contradição. Essa aceitação do desvio da norma, porém, sugere um caráter com baixa disposição para a autocrítica. A mulher que trate de se haver com essa fraqueza masculina.

A esse ethos “raparigueiro” e monogâmico, um dos pilares do universo forrozeiro, acrescenta-se a narrativa do “solteiro na balada”, muito presente no cancioneiro sertanejo, e a da superação de um amor rejeitado, explorada amplamente no brega, no pagode e no funk.
Não à toa, em “Camarote”, um dos trabalhos mais tocados de Safadão, alude-se a um fracasso sentimental, que logo vira revanchismo. Na festa, o homem bandoleiro ressente-se do pé na bunda aplicado tempos atrás, mas ainda não superado.
Logo, voluntária ou involuntariamente, o macho aguilhoado decide revidar. Faz isso como sói acontecer com qualquer alma atirada na fossa gordurosa do abandono: encontra outra. Então, passa a desfilar sua recém-adquirida felicidade como uma peça de roupa cara, gerando na outrora amante o sentimento de arrependimento.
Na voz de Safadão, “Camarote” celebra a vingança. Mas uma vingança ingênua, parte do jogo da corte amorosa, em que as posições se invertem constantemente e quem dá as cartas hoje pode estar por baixo amanhã. É essa dinâmica afetiva e precária que o jovem cantor cearense conjura em seus shows.
Mas nem só de bricolagens afetivas vive a música do artista, nem Safadão ganhou esse adjetivo gratuitamente. Há outra faceta do trabalho do artista, igualmente apreciada pelos fãs, sobretudo os masculinos. É a que, num apelo ao machismo e num flerte com a vulgarização da mulher, investe no erotismo e nas manobras sexuais. No palco, é comum ver o músico simular movimentos de coito.
À vulgaridade, no entanto, segue-se um clássico do romantismo forrozeiro, como “Tentativas em vão”. É nessa gangorra de sentimentos, jogando com o baixo erotismo, as virtudes da solteirice e o amor brejeiro, que o cantor vem construindo uma carreira sólida no forró. (Henrique Araújo).
Fonte: O POVO

SAIBA MAIS:

Ponto de vista. Safadão é MPB



Um dos assuntos mais polêmicos em música brasileira é o significado daquele “p” que fica no meio da MPB. A sigla, cunhada no meio dos anos 1960, abraçava uma geração de artistas que faziam fama em festivais de TV. Com o tempo, os grandes festivais acabaram, essa geração sumiu das TVs e se encastelou em teatros suntuosos. No mesmo passo, ficaram reféns das trilhas de novelas para se aproximar do grande público. Assim, deixaram a tal popularidade para outros que soubessem lidar com o mercado de uma forma mais pragmática.
É nesse vácuo comercial que entram figuras curiosas como Wesley Safadão. Falando abertamente para as massas, ele não se arvora a qualquer falsa intelectualidade. Faz música para cantar, dançar, suar e se divertir. Isso é legítimo e necessário. No carnaval, então, é uma usina de hits. Se as letras são apelativas, não são só as dele. Se dá mau exemplo para as crianças, que os pais cuidem disso. Se abuso de álcool e sexo gratuito são temas recorrentes nas letras de forró ou axé, com o rock não é muito diferente. E aqui não faço defesa do Safadão ou de nenhum outro artista popular. Eles não precisam disso. Donos de um mercado muito particular, onde circulam bons milhares de reais, eles independem do aval da crítica ou mesmo de venda de discos. Fazendo música, popular e brasileira, eles só precisam criar um hit imediato, que pode ser esquecido no minuto seguinte, e divertir multidões. Isso, Wesley sabe fazer muito bem.

Por Marcos Sampaio, Editor-adjunto do Núcleo de Cultura e crítico de música.
FONTE: O POVO


Aos 26 anos, Wesley Oliveira da Silva, Safadão por escolha e clamor das fãs, não é apenas mais um forrozeiro de sucesso, mas um fenômeno que transita pelo sertanejo e o axé.

A safadeza não é mais a mesma. Antes espichado à força de maquinário estético, o cabelo encurtou, empoleirando-se num coque em estilo samurai.
O figurino se sofisticou – o espalhafato das camisas e calças em cores berrantes cedeu lugar a uma indumentária mais jovial. 
O repertório gestual também se modernizou: o manquejado repetitivo do dois pra lá e dois pra cá foi aposentado por gingados e coreografias.
E se, no início da carreira, o cancioneiro não tinha um horizonte estético além do já gasto trinômio mulher/bebida/farra, agora inclui a dor de cotovelo e a narrativa de superação do homem rejeitado. 
Para completar a metamorfose, Wesley Oliveira da Silva, vocalista da banda Garota Safada, engoliu o nome do grupo, e o “Vai, Safadão” se tornou o grito de guerra mais ouvido entre fãs do gênero 
no Brasil.

A alquimia do sucesso se completa com outra mudança - o cachê. Hoje, é passado o tempo das vacas magras e shows em inferninhos de Aracoiaba, no interior cearense, terra da família Oliveira – a mãe de Wesley é vice-prefeita da cidade e o pai, presidente da Câmara dos Vereadores. Ficaram para trás também os anos em que a banda fazia apresentações no Tremendão, em Messejana, clube onde, aos 15 anos, o cantor debutou para o forró depois de uma noite decorando o setlist num walkman emprestado pela tia. Foi um 
sucesso.
Nessa época, entre 2002 e 2003, o apurado do trabalho era todo consumido pelo pagamento de dívidas, conta Maria Valnira Oliveira, mãe de Wesley. Proprietária da banda, dona Bill, como é conhecida, comanda a “safadeza” com a mão de ferro de uma Margaret Thatcher cabocla. Nada no grupo, hoje sob controle total da família, acontece sem a digital da matriarca:.
O estouro de Wesley, defende a mãe, explica-se por duas razões: o carisma do filho, artigo em falta no mercado, e a sinceridade de letras como “Sou ciumento mesmo” e “Camarote”, canções que misturam a levada forrozeira com arranjos do sertanejo. “Ele hoje não representa apenas o forró, mas, do ano passado pra cá, vem abrindo muitas portas para o gênero”, diz.
Dona Bill refere-se à gravação do DVD ao vivo de Wesley Safadão no estádio Mané Garrincha, em Brasília, no último 1º de agosto. Reduto da música sertaneja, a região está na mira dos planos de expansão da empresa WS. “A gente esperava receber oito mil pessoas. Foram 40 mil. Temos um apartamento alugado em Goiânia desde 2013 e o Wesley é muito querido. É um mercado promissor”, projeta.
A intenção é exportar Safadão não apenas como forrozeiro, mas como artista pop. Um produto da terra com valor agregado. Daí a repaginada no visual, o coque, a mistura de ritmos.
Prestes a completar 27 anos no próximo dia 6 de setembro, Wesley faz show neste fim de semana em Recife. Apenas com a venda de bilheteria na capital pernambucana, o hitman estima ganhar 
R$ 1 milhão. Considerado um fenômeno da música atual, comparado a sucessos como Cristiano Araújo, morto em junho último, o cearense está entre os maiores cachês do Brasil. Perde apenas para Ivete Sangalo.
Chefe de gabinete da prefeitura de Aracoiaba e forrozeiro nas horas vagas, o músico João Paulo Oliver, 33 anos, arrisca uma explicação para a fama do Safadão. “Wesley tem um forró diferente...” Oliver tenta ser mais específico: “É uma pegada estranha”.
E, sem se dar por vencido, responde, sorrindo atrás da mesa de compensado na salinha pequena onde dá expediente na sede da prefeitura: “O forró dele é assertanejado”.
5 fatos sobre Wesley 
#Vai safadão
Futebol 
Wesley Oliveira da Silva, o Safadão, tinha planos de se tornar jogador de futebol. “Até os 12 anos, ele frequentou a escolinha do Ceará”, diz a mãe, dona Bill. O filho, o caçula de três, caiu na música por acaso.
#Vai safadão

Origem da safadeza 

A Garota Safada também nasceu casualmente. “Compramos um teclado e outros instrumentos só pra divertir a família”, lembra Bill. Formado por primos, o grupo se chamava "Tabaco Suado”.

#Vai safadão

Cabeleira 

Uma das marcas do forrozeiro, os cabelos estirados de Wesley foram resultado de um promessa. “Ele vivia com pneumonia quando era criança. Fiz uma promessa na Igreja de Canindé”, diz a mãe.

#Vai safadão

Coque 

Hoje, Wesley adota visual mais despojado. Amansou a cabeleira num coque estilo samurai. Dona Bill faz muxoxo: “Gosto mais do cabelo grande”. O novo penteado é febre entre os jovens.

#Vai safadão

Dançarinas 

Diferentemente das outras bandas de forró, Wesley Safadão dispensa dançarinas. Empresária do grupo, dona Bill explica: “Elas dão muito trabalho. O Wesley se danava, e eu brigava”.

Assista entrevista com dona Bil, mãe de Wesley Safadão

FONTE: O POVO

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