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terça-feira, 15 de agosto de 2017

Poeta Antônio Marinho Cala o Congresso

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Poeta Antônio Marinho Cala o Congresso - Assistam

"Esse poema que defende, acredito eu, o mesmo caminho que Eduardo defendia. O caminho de não jogar nas costas do povo brasileiro os erros históricos do Estado brasileiro. Este Estado capenga, corrupto, militaresco e intolerante do Brasil que joga nas costas do povo o que o povo tem que aguentar."


COLABORADOR DA MATÉRIA: Luiz Eduardo, "Dudu", diretamente de Aracoiaba/CE (15/08/17)

CONFIRA O POEMA ABAIXO:


OS TRABALHADORES
(Poesia que está inserida num marco da Praça Vermelha de Moscou, onde o poeta esteve em 1968 )
Uma língua de fumo, enorme, bandoleante,
Vai lambendo o infinito – espessas e fatigada…
É a fumaça que sai da chaminé bronzeada
E se condensa em nuvens pelo espaço adiante!
Dir-se-ia uma serpente de inflamada fronte
Que assomando ao covil, ameaçadora e turva,
E subindo… e subindo…assim, de curva em curva,
Fosse enrolar a cauda ao dorso do horizonte!
Mas, não! É a chaminé da fábrica do outeiro
– Esse enorme charuto que a amplidão bafora –
Que vai gerando monstros pelo céu afora,
Cobrindo de fumaça aquele bairro inteiro.
Ouve-se da bigorna o eco na oficina,
O soluço da safra e o grito do martelo…
Como tigres travando ameaçador duelo
As máquinas estrugem no porão da usina!
É o antro onde do ferro o rebotalho impuro
Faz-se estrela brilhante à luz de áureo polvilho!
É o ventre do Trabalho onde gera o filho
Que estende a fronte loura aos braços do Futuro!
Um dia,de uma idéia uma semente verte,
Resvala fecundante e,se agregando ao solo,
Levanta-se… floresce… e ei-la a suster no colo
Os frutos que não tinha – enquanto estava inerte!
Foi o germe da Luz,a flor do Pensamento
Multiplicando a ação da força pequenina:
– De um retalho de bronze uma oficina!
– De uma esteira de cal gerou um monumento!
Trabalhar! Que o trabalho é o sacrifício santo,
Estaleiro de amor que as almas purifica!
Onde o pólen fecunda, o pão se multiplica
E em flores se transforma a lágrima do pranto!
Mas não vale o Trabalho andar a passo largo
Quando a estrada é forrada de injustiça e crimes…
Porque em vez de frutos dúlcidos,sublimes,
Gera bagos mortais e de sabor amargo!
Ide ver quanto herói, quanto guindaste humano
Sob a poeira exaustiva e o calor fatigante,
Os músculos de ferro, o porte gigante,
Misturando o suor o seu pão quotidiano.
Sua força é milagre! A redenção bendita!
O seu rígido braço é a enérgica alavanca
O escopro milagroso,a chave que destranca
O Reino do Progresso onde a Grandeza habita!
Sem os pés desse herói a Evolução não anda!
Sem as mães desse bravo uma nação nas cresce!
A indústria não produz! A campo não floresce!
O comércio definha! A exportação debanda!
No entanto,vêde bem! Esses heróis sem nome,
Malditos animais que ainda escraviza o ouro,
Arrastam – que injustiça! – o carro do tesouro,
Atrelados à dor, à enfermidade, e à fome!
Quanto prédio imponente e de valor suntuário
Erguido para o céu, firmado no infinito,
Indiferente à dor, indifrente ao grito
De desgraça que invade a choça do operário!
De dia é no labor! Exposto ao sol e à chuva!
De noite,na infecção de uma choupana escura
Onde breve uma filha há de tornar-se impura
E u’a mulher faminta há de ficar viúva!
Nem mesmo o sono acolhe as pálpebras cansadas!
O leite é a umidez dos fétidos mocambos!
O pão é escasso e duro! As vestes são molambos
E o calçado é paiol das ruas descalçadas!
Ali,a Medicina é estranho um só prodígio!…
Nunca um livro se abrirá em risos de esperança
Para encher de fulgor os olhos da criança,
Apontando-lhe o céu… mostrando-lhe um vestígio!…
Tudo é treva e descrença! O próprio Deus é triste
Ouvindo esse ofegar de corações humanos…
E a Lei – mulher feliz que dorme há tantos anos –
Não acorda pra ver quanta injustiça existe!
Onde está esse amor que os sacerdotes pregam?
Os estão essas leis que o Parlamento imprime?
O Código não pode abrir o seio ao Crime,
Infamando o pudor que os Tribunais segregam!
Vêde bem da fornalha a rubra labareda!…
Olhai das chaminés o fumo que desliza!…
Pois é o sangue… É o suor do pobre que agoniza
Enquanto a lei cochila entre os divãs de seda!
Que é feito desse herói? Ninguém lhe sabe a origem!
O Poder nunca entrou nas palhas do seu teto…
Somente a esposa enferma,o filho analfabeto,
E lá nos cabarés, – a filha… que era virgem!
Existe essa legião de mártires descrentes
Em cada fim de rua,em cada bairro pobre!
É desgraça demais que num país tão nobre
Que teve um Bonifácio e deu um Tiradentes
Será preciso o sangue borbotar na lança?
E o cadáver do povo apodrecer nas ruas?
Tu não vestes, ó Lei, as próprias filhas tuas?
Morre, pois, mãe cruel, debaixo da vingança!
Mas eu vejo que breve há de chegar a hora
Em que a voz do infeliz é livre – na garganta!
Porque sei que esse Deus que nos palácios canta
É o mesmo Deus que pelos bairros chora!

Quanto riso aqui dentro! E lá fora, os brados!
Quantos leitos de seda! E quantos pés descalçados!
Já que os homens não vêem esses decretos falsos,
Rasga, cristo, o teu manto! Abriga os desgraçados!…

5 comentários:

Romani Luiz disse...

Poema maravilhosos, verdadeiro, provocador.
Pena que a plateia do Congresso não tenha essa consciência patriota.

Romani Luiz disse...

Poema maravilhosos, verdadeiro, provocador.
Pena que a plateia do Congresso não tenha essa consciência patriota.

José de Souza disse...

Eu gostaria de ter uma cópia desse poema,se alguém tem,me envie por favor essa obra prima.
meu e-mail e tiosouzaoamigodesempre@hotmail.com.
Estou no aguardo,valeu?

Fernanda disse...

Bom dia, tá na hora de voltar lá no congresso, o parlamento está precisando escutar sua poesia. Hoje o judiciário está legislando. O nosso parlamento não está tomando a atitude nenhuma. prendendo parlamentar etc.... Hoje vivemos a ditatoga.

Romero CG-PB disse...

Mas algo está mudando amiga, você por aqui, já consciente de como o judiciário e aliás toda a máquina estatal está cheia da mentalidade revolucionária.
O sistema que rege as sociedades humanas é feito para jogar-nos uns contra os outros(direita x esquerda, rico x pobre, negro x branco) para que as elites se perpetuem sugando-nos. Elites que usam quem arroga para si a defesa dos pobres, no caso o esquerdismo.
O estado é o problema!

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