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quinta-feira, 5 de julho de 2018

Sagarana, de João Guimarães Rosa

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Olá, leitor!
Publicado em 1946, Sagarana, livro de João Guimarães Rosa, constitui-se na obra prima desse autor em sua produção em prosa na modalidade de contos. Uma verdadeira obra de prosa permeada de realismo regionalista fantástico, que promoveu uma renovação da literatura modernista regionalista brasileira, principalmente em questões de aproveitamento da linguagem e oralidade local presente na obra Roseana.
Os aspectos da experimentação linguística, que futuramente se caracteriza de forma consolidada através dos neologismos presente nas obras futuras desse autor, podem ser vistos no próprio título deste livro, sendo que SAGA, radical germânica, ou seja, de origem europeia, significa “canto heroico”, enquanto que RANA, expressão de língua indígena brasileira, significa “à maneira de”.
A obra se caracteriza por contos que podem ser consideradas novelas, devido a extensão e complexidade presentes nas narrativas. Este livro caracteriza de forma sublime a capacidade de Guimarães em retratar o sertão e a vida dos sertanejos localizados na região de Minas Gerais.
A grandeza dos contos de Rosa dá-se à riqueza de personagens com seus medos, anseios e fraquezas permeados da singularidade da existência humana, traduzidas através de uma narrativa de personagens que vencem os desafios da vida e acabam se perpetuando como heróis ou mitos do sertão.
Além disso, não se pode deixar de falar sobre a utilização da misticidade, espiritualidade e crenças do povo mineiro, que sempre aparecem nessas histórias com a intenção de consagrar a vida dos sertanejos através de provações e dificuldades da existência humana. Assim, as questões religiosas se misturam com o regionalismo fantástico, fazendo com que uma galeria de mitos do sertão seja criada através das suas histórias.
O folclore inserido na obra pode ser caracterizado através de histórias populares contadas pelo próprio povo sertanejo, fazendo que alguns destes contos sejam capazes de retratar com credibilidade e exímia sensibilidade até mesmo a saga de animais, que acabam se tornando personagem centrais e os heróis de alguns desses contos. Isso coloca a prova a questão do saber humano, fazendo com que animais mesmo não tendo “o saber” dos homens, transformem-se em figuras que criticam essa suposta superioridade imposta pela questão do pensar do homem.
Enfim, o desenrolar das histórias passam por várias temáticas, contudo, nunca abandonando a questão do sertão e questões universais sobre a existência em todas as suas variadas concepções, misturando-se a um sentido de moralidade, coo se fossem fábulas modernas transpostas em contos de uma escrita simples, porém, sofistica em relação linguística, bem como no sentido de produção literária.
…Altos são os montes da Transmantiqueira, belos os seus rios, calmos os seus vales; e boa é a sua gente… Mas, homens são os homens; e a paciência serve para vãos andares, em meados de maio ou no final de agosto. Garruchas há que sozinhas disparam. E é muito fácil arranjar-se uma cruz para as sepulturas de beira de estrada, porque a bananeira-do-campo tem os galhos horizontais, em ângulos retos com o tronco, simétricos, se continuando dos lados, e é só ir cortando, todos, com exclusão de dois. E… quê? O tatu-peba não desenterra os mortos? Claro que não. Quem esvazia as covas é o tatu-rabo-mole. O outro, para que iria ele precisar disso, se já vem do fundo do chão, em galerias sinuosas de bom subterrâneo? Come tudo lá mesmo, e vai arrastando ossadas para longe, enquanto prolonga seu caminho torto, de cuidoso sapador.

Estrutura da obra

Sagarana constitui-se em cerca de 400 páginas em sua primeira versão – mas que pode variar de acordo com a edição – divididos em 9 contos/novelas.
  1. O Burrinho Pedrês - narrado em terceira pessoa.
  2. A Volta do Marido Pródigo – narrado em terceira pessoa.
  3. Sarapalha – narrado em terceira pessoa.
  4. Duelo – narrado em terceira pessoa.
  5. Minha Gente – narrado em primeira pessoa.
  6. São Marcos – narrado em primeira pessoa.
  7. Corpo Fechado – narrado em terceira pessoa.
  8. Conversa de Bois – narrado em terceira pessoa.
  9. A Hora e a Vez de Augusto Matraga – narrado em terceira pessoa.
RESUMO DA OBRA:
Por se tratar de uma coletânea de contos, faremos um breve resumo sobre cada um deles a seguir:
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