sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Polícia chama Sheik e Camisa 12 após polêmica sobre foto com selinho

Delegacia de SP quer saber se jogador se sentiu ameaçado por torcedores.
Grupo de corintianos criticou atleta, heterossexual, por beijar amigo.

Kleber TomazDo G1 São Paulo
sheik (Foto: Reprodução)Imagem postada no Instagram pelo jogador
(Foto: Reprodução)
A Polícia Civil de São Paulo chamou nesta semana o jogador Emerson Sheik e a Camisa 12, respectivamente jogador de futebol e torcida organizada do Corinthians, para falarem sobre a polêmica envolvendo a publicação da foto do atleta nas redes sociais dando um selinho em um amigo.
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) quer saber do atacante se ele deseja fazer uma representação contra alguns torcedores que o teriam ameaçado depois do beijo que deu em Isaac Azar, dono do restaurante Paris 6, nos Jardins.

A Decradi, que investiga cinco integrantes da Camisa 12 por suspeitas de ameaça contra Sheik e homofobia contra a presença de gays no time, só poderá instaurar um inquérito policial para apurar os crimes se a vítima representar formalmente à queixa contra os corintianos. Além da ameaça, os investigados também poderiam responder por injúria, que necessitaria de uma queixa-crime por alguém que tenham se sentido ofendido pelos comentários homofóbicos dos torcedores.

Tanto Sheik quanto à Camisa 12 não são obrigados a comparecer à Decradi porque não foram intimados. Ficará a critério deles marcarem uma data para ir à delegacia ou não.  Investigadores foram ao Corinthians fazer o convite a Sheik por intermédio dos assessores do clube. A presidência da torcida também foi procurada pelos policiais. O G1 não conseguiu localizar o atacante ou os representantes da organizada para comentarem o assunto.

O atacante corintiano, que se declara heterossexual, se tornou alvo de protestos de um grupo ligado à torcida organizada na segunda-feira (19) ao postar no dia anterior no seu perfil, no Instagram, uma imagem dele beijando o amigo.
Faixas
Em protesto, cinco torcedores da Camisa 12 foram à frente do Centro de Treinamentos Joaquim Grava e exibiram faixas contrárias ao beijo de Sheik em Azar.
"Viado não" e "Vai beijar a P.Q.P., aqui é lugar de homem" foram as frases escritas contra o atacante que participou da campanha mais importante da história do Corinthians: as conquistas da Taça Libertadores e do Mundial de Clubes. O grupo prometeu mais protestos contra Sheik nos próximos dias até que ele peça desculpas e se retrate publicamente.
Ao publicar a imagem, Sheik informou na web que tinha o objetivo de se manifestar contra o preconceito e homofobia. "Tem que ser muito valente para celebrar a amizade sem medo do que os preconceituosos vão dizer", escreveu como legenda da imagem. A foto foi tirada após a vitória por 1 a 0 do Corinthians sobre o Coritiba, pelo Campeonato Brasileiro, no Pacaembu.
Na quarta-feira (21), Sheik foi provocado pela torcida do Luverdense na derrota do Corinthians por 1 a 0 pela Copa do Brasil, em Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso (MT). O atacante entrou no segundo tempo e foi expulso.
Homofobia
Segundo Margarette Barreto, delegada da Decradi, uma das atribuições da especializada é a de monitorar grupos de intolerância justamente para prevenir e evitar que eles ajam contra grupos ou pessoas. “Esse preconceito contra o Sheik pode gerar um efeito onda. Homofobia é uma coisa séria. Para evitar que um mal maior aconteça já decidi pedir a investigação do caso. Existe o risco de o atleta ser agredido, ou de outros atletas e até gays serem agredidos por conta disso”, disse a delegada na terça-feira (20) à equipe de reportagem.
No entendimento da delegada, se os cinco torcedores da Camisa 12 forem identificados, eles poderão responder pelos crimes de ameaça (contra Sheik) e injúria (contra gays). “Fizeram ameaças de continuarem pressionando Sheik a pedir desculpas e também disseram que gay não joga no time porque futebol é lugar de homem”.
Para Margarette, a atitude de Sheik foi louvável. “Acho importantes que os atletas se engajem nisso porque futebol é um universo muito machista. Foi bem bonito e corajoso o que ele fez. Mais jogadores poderiam se engajar nessa causa contra o preconceito e contra a homofobia”.
Isaac Azar também não foi encontrado, mas em entrevista ao Globo Esporte.com afirmou que a foto era um protesto contra pessoas que acreditam, por exemplo, na cura gay.



FONTE:
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/08/policia-chama-sheik-e-camisa-12-apos-polemica-sobre-foto-com-selinho.html

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