O dia 21 de março, comemorado em mais de cem países, é a data promulgada pela UNESCO para ser celebrada como Dia Mundial da Poesia.
Grandes poetas brasileiros fazem parte da nossa história poética de todos os tempos. Adélia Prado, Álvares de Azevedo, Augusto dos Anjos, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Cecília Meirelles, Cora Coralina, Ferreira Gullar, Gregório de Matos, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Mario Quintana, Olavo Bilac, Mário de Andrade, Murilo Mendes, Paulo Mendes Campos e Vinícius de Moraes são apenas alguns de nossos melhores.
- Poesia - manifestação literária que se diferencia da prosa, na forma e no conteúdo.
A palavra poesia é herdada do grego, "poíesis", "ação de fazer algo", pelo latim - "poese", + "-ia" que significa"criação".
Entre os maiores poetas da humanidade estão o italiano Dante Alighiere, autor da obra "Divina Comédia", o português Luís de Camões, autor do célebre poema épico "Os Lusíadas" e o brasileiro Olavo Bilac, autor de "O Pássaro Cativo".
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, nasceu no Rio de Janeiro, em 1865, e aí morreu, em 1918. Poeta parnasianista, apresentou várias temáticas em sua obra. Escreveu sobre quadros da Antigüidade, fatos da história brasileira e expressou seu mundo interior através da poesia lírica amorosa e pessoal.
Suas obras são: "Panóplias", "Via Láctea", "Sarças de Fogo", "Alma Inquieta", "As Viagens" e "O Caçador de Esmeraldas". Estes livros foram reunidos em "Poesia", lançado em 1902.
O PÁSSARO CATIVO
Olavo Billac Armas num galho de árvore o alçapão;
E, em breve, uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão. Dá-lhes, então, por esplêndida morada,
A gaiola dourada.
Dá-lhes alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo: Por que é que, tendo tudo, há de ficar
O passarinho mudo,
Arrepiado e triste, sem cantar? É que, criança, os pássaros não falam.
Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer: "Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores,
Sem precisar de ti! Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
De haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido, e escondido
Entre os galhos das árvores amigas...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas? Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde, entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes?
Solta-me covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade:
Não me roubes a minha liberdade...
Quero voar! Voar!..." Estas coisas o pássaro diria,
Se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição:
E a tua mão, tremendo, lhe abriria
A porta da prisão... O MEU NIRVANA
Augusto dos Anjos No alheamento da obscura forma humana,
De que, pensando, me desencarcero,
Foi que eu, num grito de emoção, sincero
Encontrei, afinal, o meu Nirvana!
Nessa manumissão schopenhauereana,
Onde a Vida do humano aspecto fero
Se desarraiga, eu, feito força, impero
Na imanência da Idéia Soberana!
Destruída a sensação que oriunda fora
Do tato - ínfima antena aferidora
Destas tegumentárias mãos plebéias -
Gozo o prazer, que os anos não carcomem,
De haver trocado a minha forma de homem
Pela imortalidade das Idéias!
Autor: Augusto dos Anjos OS LUSÍADAS
Luís Vaz de Camões Canto Primeiro Parte1 1 - (Assunto do Poema) As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram; 2 - E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte. 3 - Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta. 4 - (Invocação às Ninfas do Tejo)
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene. 5 - Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso. 6 - (Dedicatória ao Rei Dom Sebastião) E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antígua liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande; ... A DIVINA COMÉDIA
Poema épico de Dante Alighieri Nel mezzo del cammin di nostra vita
mi ritrovai per una selva oscura
ché la diritta via era smarrita. Ahi quanto a dir qual era è cosa dura
esta selva selvaggia e aspra e forte
che nel pensier rinova la paura! Tant'è amara che poco è più morte;
ma per trattar del ben ch'i' vi trovai,
dirò de l'altre cose ch'i' v'ho scorte. Io non so ben ridir com'i' v'intrai,
tant'era pien di sonno a quel punto
che la verace via abbandonai. SONETO DA SEPARAÇÃO
Vinícius de Moraes De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o pranto. De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento fez-se o drama. De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente. Autor: Vinícius de Moraes
Enviado por: Dulce Pesquisa em diversos sites por
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