Cupido em apuros!
Quem me conhece sabe
Das visitas que tenho recebido
E mais uma vez vou contar
Um caso comigo ocorrido
Não foi a Morte, nem Jesus
Dessa vez foi o Cupido
Tá virando rotina
Visitas a noite eu receber
Já não consigo mais dormir
Sempre alguém vem me ver
Vou mudar de profissão
Só consultoria vou fazer
Vejam quem me chega
No começo de uma noite fria
Um pequeno querubim
Sorrindo com alegria
Me fala: cadê a poeta
Falar com ela eu queria
Ao ver tamanho ser
Com um monte de flechas na mão
Cabelos com cachos loiros
Pés descalços no chão
Duas pequeninas asas
E segurava um coração
Logo vi que era um anjo
Bem perturbado assim o notei
Me disse : sou o Cupido
Minhas flechas eu quebrei
Não sei como consertar
Por isso te procurei
Coloquei as mãos na cabeça
Vendo aquele pequeno ser
Me diz o que aconteceu
Como foi aqui me aparecer
Deixa eu ver essas flechas
Para ver o que eu posso fazer
Em suas costas tinha uma mochila
De flechas estava lotada
Tinha de todo tamanho
Umas com pontas outras despontadas
Tinha umas soltas
Outras bem amarradas
Cupido que bagunça é essa?
Que nessa bolsa tu fez
Só para desembaraçar isso aqui
Vou demorar um mês
Isso se eu tiver paciência
E não quebrar tudo de uma vez
Ele bastante agoniado
Me pede pra com calma tratar
Que foi culpa da Cegonha
Que no céu foram se esbarrar
Ela ia com três no bico
E não viu o sinal fechar
Foi quando Cupido vinha
Olhando para os apaixonados
Fazendo mira num casalzinho
Que na Terra estavam parados
Só sentiu foi a pancada
Daquele pássaro abestado
Ela sendo maior que eu
No chão vim esbarrar
Quebrando minhas flechinhas
Meu arco a entortar
Caí dentro de um rio
E meus óculos perdi por lá
Tô vendo muito pouco
Tá difícil de enxergar
Agora não sei o que faço
Pois como vou atirar
Com dificuldade de ver o alvo
Não tenho como acertar
No rio onde perdi meus óculos
Mora uma sereia por lá
Porém ela está de ferias
No Havaí foi repousar
Somente daqui a um mês
É que ela vai voltar
Já lhe pedi pra procurar
Meus óculos que lá perdi
Ela disse que quando voltar
Vai procurar por tudo ali
Isso se eu der sorte
Se a Cuca não engolir
Se acalme Cupido
Que vou lhe ajudar
Com uma condição, é claro
Uma flecha você me dar
Pois nunca se sabe
Quando precisarei usar
Eu estava toda feliz
A situação iria resolver
Porém Cupido me diz
Isso não pode ser
Não dou nenhum flecha
Pra ninguém, nem mesmo pra você
Como pode aquele pequeno ser
Mesmo depois de se estabanar no chão
Ainda me nega a flecha
Tá abusando de meu coração
Tive vontade de expulsá-lo
Com cascudos e empurrão
Me disse que era seu trabalho
O amor na terra espalhar
Que somente ele tinha permissão
De nas flechas pegar
Por isso eu não poderia
Com uma flecha ficar
Mas eu não desisti
E um negócio fui lhe tratar
Lhe disse: conserto tuas flechas
Mas num coração tu vais acertar
Pois amo muito uma pessoa
E quero que faça também me amar
Ele me responde rápido
Isso não posso fazer
Não recebo ordens
Sou eu quem tem que ver
Quem merece ser amado
Ou quem tem de amadurecer
A paciência me faltou
Vendo ele sempre tudo a me negar
Pedi uma flecha não me deu
Nem num alvo quer acertar
Mas soube vir na minha casa
Quando ajuda estava a precisar
Cupido como pode assim agir
Por que não pode me ajudar?
Basta atirar no alvo
E o amor irá reinar
Mas tô vendo que o amor
Você não que me apresentar
Ele me disse: Poeta tu não entendes,
Que não depende só de mim?
O amor já tem que existir
A flecha é só o estopim
No fogo do coração
Pra ser amor sem fim
Mas se sofres por amor
Isso logo vai passar
Pois é impossível te ver
E logo não se encantar
Com esse teu jeito sereno
Com tua forma de lidar
Mas Poeta pare de prosa
E minhas flechas vá consertando
Pois já passa de meia noite
E só te vejo enrolando
Acho que não sabe consertar
Por isso está demorando
Oh, pequeno anjo
Estás de brincadeira comigo?
Tu cais e vai pro chão
Se levanta depois de caído
Fica calado não perturba
E escuta o que eu te digo
Passei o dia trabalhando
Rezando pra em casa chegar
Pra tomar um banho, ler um livro
E dessa forma descansar
O que eu menos esperava
Era o Cupido aqui encontrar
Tu chegas aqui
Todo sujo, arrebentado
Te peço um favor
Que a mim é negado
Ainda me dar ordens
És mesmo muito abusado
Peguei aquele monte de flechas
E na mesa as coloquei
De umas fiz as pontas
Outras desentortei
Algumas me faltou a paciência
E de quebrar eu terminei
O arco do Cupido
Também tive que desentortar
Dessa forma passei a noite
Com flechas a consertar
Quando terminei
O Sol já estava a raiar
Por volta das seis da matina
O trabalho enfim terminei
O Cupido estava bem deitado
Dormindo como um rei
Mas tive que lhe acordar
E pelo pé lhe puxei
Lhe entreguei as flechas
A mochila e o arco também
Lhe disse tome mais cuidado
Pois isso lhe convém
Agora vai, segue teu rumo
Vai apaixonar alguém
O pequeno anjo
Suas coisas foi pegando
Na bolsa pôs as flechas
Foi logo tudo arrumando
Me agradeceu, de mim se despediu
E depois saiu voando
O anjinho saiu com pressa
Suas flechas nem conferiu
Nem ao menos se deu conta
De que uma no chão caiu
Quem perde é lesado
É dono quem primeiro viu
Vendo a flecha no chão
Eu logo fui apanhar
Estava eu muito feliz
Com o bem que acabara de ganhar
E com muito cuidado
Eu corri pra ela pegar
Aquela obra prima
De sublime perfeição
Agora era só minha
Eu sei até o coração
Em que vou atirar
Pra despertar grande paixão
Mas como é a sorte
Por quem ela é desprezada
Pois achei a tal flecha
E já estava toda animada
Mas eis que Cupido volta
E me deixa arrasada
Foi logo dizendo
Que a flecha que esqueceu
Não tinha serventia alguma
Pois cessou sua validade, já venceu
Ele a deixou pra eu jogar fora
Que aquela flecha não perdeu
Foi o jeito jogar fora
Aquela flecha com validade vencida
Pois de nada adiantou
Encontrar ela caída
Nem uma mudança ia fazer
Na minha maravilhosa vida
Crys Nunes – Poeta de Asas
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