RECURSOS HÍDRICOS
Reservatórios em colapso no Interior
02.11.2013
Com pouca ou nenhuma água, moradores de diversas cidades cearenses são obrigados a racionar água
Iguatu. O quatro atual dos reservatórios e dos sistemas de abastecimento de águas de cidades e localidades do Interior do Ceará é considerado muito crítico e exige dos moradores uso racional do recurso hídrico. "Em 32 anos de trabalho na Companhia não me lembro de uma crise tão grande como essa que estamos atravessando", revela o diretor de Operações da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Josineto Araújo.
Moradores da zona rural precisam caminhar distâncias cada vez maiores em busca de água. Os pequenos barreiros estão secando e a qualidade dos recursos é duvidosa para o consumo humano FOTO: WALESKA SANTIAGO
Todas as semanas, técnicos da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), da Superitendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), da Cagece e da Defesa Civil fazem reunião de monitoramento dos dados de volume de açudes e poços, e definem obras a serem executadas para minorar os efeitos da estiagem. "Estamos administrando o quadro e reduzimos os efeitos da seca", diz Araújo.
Em 1993, o Ceará enfrentou escassez de água e foi o Açude Orós, por meio do Canal do Trabalhador, que salvou a Região Metropolitana de Fortaleza de um colapso. Vinte anos depois, a seca voltou com força. Nesse período do ano, o quadro agrava-se, mas a situação dos sistemas de abastecimento já foi pior, na avaliação de Araújo. Em muitas áreas urbanas as torneiras são fechadas em dias alternativos ou é feito o remanejamento de liberação de água entre bairros.
Gerenciamento
A Cagece administra sistemas de abastecimento em 151 cidades cearenses. "Não há como negar que a situação é grave. O nível dos reservatórios está baixando. Neste ano praticamente não houve recarga, mas muitas ações foram concluídas ou estão em conclusão para reduzir os efeitos da seca", observa o diretor de Operações da Cagece.
Em dez cidades, o governo do Estado implanta adutoras emergenciais de engate rápido: nos municípios de Crateús, Tauá, Antonina do Norte, Beberibe, Paracuru, Pecém, Coreaú, Moraújo, Acopiara e Caridade.
Colapso
A cidade de Acopiara, localizada na região Centro-Sul do Estado do Ceará, corre risco de colapso de água. A barragem Quincoê, principal sistema local de abastecimento, secou. A saída foi transferir água de um açude particular, o Raimundo Morais. Operários trabalham para a implantação de uma adutora emergencial que deve ficar pronta em janeiro do próximo ano.
Na cidade de Antonina do Norte, a Cagece e a SRH encontraram uma nova fonte de captação de água, e, assim, o sistema entrou em equilíbrio. Já Beberibe, no Litoral Leste, saiu da situação crítica após a instalação de uma adutora de engate rápido.
Crateús, município situado nos Inhamuns, está com o seu principal açude seco e a alternativa foi transferir água do Açude Flor do Campo, em Novo Oriente, por meio do leito seco do Rio Poty, até o Açude Carnaubal.
A operação foi realizada pela Cogerh e gerou polêmica. O reservatório Flor do Campo só acumula 5% da capacidade. Em Mucambo o açude também secou. Duas adutoras foram implantadas para transferir água do Açude Jaburu, na cidade de Ubajara, que está com volume de quase 50% para os municípios de Graça, Pacujá e Mucambo. Em Caridade, a Cagece mudou a captação para o Açude São Domingos.
Alternativa
Nas cidades de Granja, Pacoti e Palmácia os poços estão secando e os técnicos tentam perfurar outros. No município de Irauçuba, carros-pipas abastecem diariamente a Estação de Tratamento de Água (ETA).
Na cidade de Quiterianópolis, o sistema secou e cinco poços estão sendo perfurados com previsão de conclusão para o próximo dia 10.
Na cidade de Tauá, localizada na região dos Inhamuns, os açudes Trici e Várzea do Boi estão com menos de 2% de volume e a situação é preocupante. Uma adutora do Açude Favelas que acumula 15%, vai amenizar a crise de desabastecimento.
Segundo o diretor de Operações da Cagece, outros municípios cearenses enfrentam quadro crítico considerado médio. São elas: Trairi, Paracuru, Alcântara, Salitre, Lavras da Mangabeira e Ipaumirim.
Neste último, uma adutora em implantação pela Secretaria de Recursos Hídricos deve ser concluída neste mês a partir do Açude Jenipapeiro que vai abastecer além de Ipaumirim, Baixio e Umari. Por enquanto, a saída é perfurar novos poços em busca de água no subsolo. (HB)
Mais informações
Cagece, endereço: Av. Dr. Lauro Vieira Chaves, 1.030
Telefones: 0800 275 0195/ (85) 3101. 1826
FONTE:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1333981
Nenhum comentário:
Postar um comentário