Cada vez mais interativos e cheios de novidades, os jogos eletrônicos dominam a atenção da criançada
Nas férias, o mundo parece só ter um sentido para o estudante Gustavo Luís Borges, 8 anos: passar de fase e vencer o jogo. Ligado no videogame por mais de 12 horas diárias, a tecnologia domina todas as atenções do garoto. Com o recesso escolar, a meninada não tem mais tantos argumentos para largar o vício, não há mais a obrigação dos estudos e provas. Sobra para os pais, a difícil missão de contornar o problema e limitar o uso na frente dos consoles mais badalados como Xbox 360, PS3 e Nintendo Wii.
Com o passar dos anos, produtores de videogames lançam títulos cada vez mais atraentes e dificultam o controle dos pais, devido à grande possibilidade de interação e, até mesmo, ao vício do jogo Foto: Viviane Pinheiro
E os atrativos não param de crescer. A cada dia são lançados novos jogos, plataformas interativas e estratégias para conquistar a garotada. O game se torna tão prazeroso que Gustavo até perde a noção da hora. "É uma febre esse videogame. Se a gente não controla, ele fica o dia todo. Nas férias, é quase impossível de controlar", afirma a mãe, a bancária Rosângela do Vale Sousa.
Como estratégia para tirar o garoto de frente da televisão, Rosângela teve que entrar na onda e aprender a comandar os controles. "A gente joga junto com o filho a fim de garantir um pouco mais de sociabilidade a ele, evitar o isolamento e ficar de olho se o jogo é violento demais para a idade", diz.
Orientação
Na casa da professora universitária Grace Troccoli, a situação também se torna delicada nas férias, momento em que o filho, o estudante Vítor Ximenes Pontes, 13 anos, diverte-se nos jogos na internet, videogame ou celular. A mobilidade e a possibilidade de se ter plataformas móveis para entretenimento obrigam a mãe a ter mais rigor.
"Durante as aulas é menos complicado, porque há outras atividades. Com o recesso, tudo fica flexível. A gente conversa muito, mas, às vezes, temos que ser rigorosos, até chatos", conta.
Segundo a psicóloga infantojuvenil Fabíola Bessa, há uma nova geração se consolidando, que já nasce envolvida com tecnologias, por isso a orientação é manter o equilíbrio: "O videogame não é o vilão. Se usado corretamente, desenvolve a coordenação motora e o raciocínio".
A especialista alerta para os cuidados com a exposição a um único tipo de estímulo, exercitando apenas mente e braços. Tal hábito pode acarretar, por exemplo, isolamento e causar problemas de saúde, como obesidade. "Não podemos negar esse cenário tecnológico e nem devemos. Mas brincar nas ruas, em espaços abertos, e correr são atividades saudáveis e geram mais sociabilidade", afirma.
26% jogam todos os dias
Para a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Inês Vitorino, o acesso aos videogames está cada vez maior. Todo dia, surgem novidades e apelos de consumo. Conforme a pesquisa "Preferências infantis no mundo dos jogos eletrônicos", realizada por ela, boa parte dos usuários dos jogos, cerca de 46%, declarou jogar de uma a três vezes por semana.
Também é significativo, conforme o estudo, o número de crianças e adolescentes que jogam de quatro a seis vezes por semana (43%), dentre eles 26% brincam diariamente.
"Jogar de uma a duas horas diárias é o hábito de 42% desse público. Por sua vez, 25% dos usuários informaram não ultrapassar uma hora diária no entretenimento. O fato é que os pais estão ausentes e, enquanto isso, as crianças e adolescente tornam-se alvos privilegiados das grandes corporações dos jogos".
Sobre os games ditos violentos, como de tiro e luta, Inês Vitorino ressalta a importância de observar que existem visões diferenciadas quanto à importância e significado de tais jogos.
"Sob uma perspectiva pessimista, os conteúdos dos videogames e jogos de computador são tremendamente violentos, podendo vir a levar à agressão, medo e até à destruição dos processos mentais, das relações sociais e da cultura", diz a professora.
IVNA GIRÃOREPÓRTER
Nas férias, o mundo parece só ter um sentido para o estudante Gustavo Luís Borges, 8 anos: passar de fase e vencer o jogo. Ligado no videogame por mais de 12 horas diárias, a tecnologia domina todas as atenções do garoto. Com o recesso escolar, a meninada não tem mais tantos argumentos para largar o vício, não há mais a obrigação dos estudos e provas. Sobra para os pais, a difícil missão de contornar o problema e limitar o uso na frente dos consoles mais badalados como Xbox 360, PS3 e Nintendo Wii.
Com o passar dos anos, produtores de videogames lançam títulos cada vez mais atraentes e dificultam o controle dos pais, devido à grande possibilidade de interação e, até mesmo, ao vício do jogo Foto: Viviane Pinheiro
E os atrativos não param de crescer. A cada dia são lançados novos jogos, plataformas interativas e estratégias para conquistar a garotada. O game se torna tão prazeroso que Gustavo até perde a noção da hora. "É uma febre esse videogame. Se a gente não controla, ele fica o dia todo. Nas férias, é quase impossível de controlar", afirma a mãe, a bancária Rosângela do Vale Sousa.
Como estratégia para tirar o garoto de frente da televisão, Rosângela teve que entrar na onda e aprender a comandar os controles. "A gente joga junto com o filho a fim de garantir um pouco mais de sociabilidade a ele, evitar o isolamento e ficar de olho se o jogo é violento demais para a idade", diz.
Orientação
Na casa da professora universitária Grace Troccoli, a situação também se torna delicada nas férias, momento em que o filho, o estudante Vítor Ximenes Pontes, 13 anos, diverte-se nos jogos na internet, videogame ou celular. A mobilidade e a possibilidade de se ter plataformas móveis para entretenimento obrigam a mãe a ter mais rigor.
"Durante as aulas é menos complicado, porque há outras atividades. Com o recesso, tudo fica flexível. A gente conversa muito, mas, às vezes, temos que ser rigorosos, até chatos", conta.
Segundo a psicóloga infantojuvenil Fabíola Bessa, há uma nova geração se consolidando, que já nasce envolvida com tecnologias, por isso a orientação é manter o equilíbrio: "O videogame não é o vilão. Se usado corretamente, desenvolve a coordenação motora e o raciocínio".
A especialista alerta para os cuidados com a exposição a um único tipo de estímulo, exercitando apenas mente e braços. Tal hábito pode acarretar, por exemplo, isolamento e causar problemas de saúde, como obesidade. "Não podemos negar esse cenário tecnológico e nem devemos. Mas brincar nas ruas, em espaços abertos, e correr são atividades saudáveis e geram mais sociabilidade", afirma.
26% jogam todos os dias
Para a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Inês Vitorino, o acesso aos videogames está cada vez maior. Todo dia, surgem novidades e apelos de consumo. Conforme a pesquisa "Preferências infantis no mundo dos jogos eletrônicos", realizada por ela, boa parte dos usuários dos jogos, cerca de 46%, declarou jogar de uma a três vezes por semana.
Também é significativo, conforme o estudo, o número de crianças e adolescentes que jogam de quatro a seis vezes por semana (43%), dentre eles 26% brincam diariamente.
"Jogar de uma a duas horas diárias é o hábito de 42% desse público. Por sua vez, 25% dos usuários informaram não ultrapassar uma hora diária no entretenimento. O fato é que os pais estão ausentes e, enquanto isso, as crianças e adolescente tornam-se alvos privilegiados das grandes corporações dos jogos".
Sobre os games ditos violentos, como de tiro e luta, Inês Vitorino ressalta a importância de observar que existem visões diferenciadas quanto à importância e significado de tais jogos.
"Sob uma perspectiva pessimista, os conteúdos dos videogames e jogos de computador são tremendamente violentos, podendo vir a levar à agressão, medo e até à destruição dos processos mentais, das relações sociais e da cultura", diz a professora.
IVNA GIRÃOREPÓRTER
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