
A  aposentada Terezinha Guimarães, 79 anos, afirma que vive cada dia como  se fosse o último e faz questão de viajar e passear no shopping 
FOTO: RAFA ELEUTÉRIO
 Mulheres da terceira idade estão longe de ficar em casa cuidando dos netos e não se consideram "velhas"
Aos  60 anos, acontece a entrada oficial para a terceira idade. Entretanto,  muitos adultos, aos 75 anos ou mesmo 85, não se sentem ou agem como  "velhos". E, com o fim da aposentadoria universal obrigatória, tampouco  deixam necessariamente de trabalhar. No Ceará, as mulheres idosas são a  maioria e possuem um perfil bem diferente do tempo das avós, quando o  papel da esposa era apenas ficar em casa cuidando dos filhos e netos.  Esta senhora está cada dia menos presente na sociedade atual.
Segundo  dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística  (IBGE), no Estado, existem 909.474 mil pessoas acima de 60 anos. Destas,  406.718 mil são homens e 502.757 mil são mulheres, ou seja, há 20% a  mais de idosas do que idosos no Ceará.
O número de mulheres na  melhor idade também vem crescendo consideravelmente no Estado nos  últimos dez anos. De acordo com o IBGE, no ano 2000, havia 359.624 mil  idosas. Já em 2010, essa população cresceu 39%, enquanto o número de  homens, que totalizava 299.365 mil, aumentou 35%.
A aposentada  Terezinha Guimarães se sente tão jovem que não permite nem que os  parentes mais próximos saibam a sua idade. A vida, para ela, é tão  intensa que ela declara viver cada momento como se fosse o último. "Eu  nasci em 1933, porém, não sinto que tenho essa idade. Ninguém sabe o dia  da morte, então, vivo intensamente todos os momentos", afirma.
Apesar  de estar na terceira idade, ficar em casa é sua última opção. Por isso,  pratica hidroginástica quatro vezes por semana e faz questão de viajar e  ir ao shopping com a filha. "Hoje, sou viúva, mas, quando o meu marido  era vivo, viajávamos o Brasil inteiro. Tenho prazer em viajar".
Ela  confessa que, da juventude, tem saudade apenas dos bailes de carnavais,  onde vestia belas fantasias. Ela conta que, mesmo com a idade, tem a  saúde em bom estado e não apresenta quase nenhum limitação. "Tomo  medicamento apenas para pressão alta. Sempre tive uma alimentação a base  de frutas e verduras, por isso me sinto forte", diz.
Para a  geriatra Raquel Pessoa, entre diversos motivos que fazem as mulheres  idosas viverem mais do que os homens estão os cuidados com a saúde,  questões hormonais e um menor envolvimento com situações de violência.  "Além dos homens serem comprovadamente menos cuidadosos com a saúde, os  hormônios femininos protegem as mulheres de eventos cardiovasculares até  a menopausa", explica a médica.
Por outro lado, conforme a  médica, na sociedade atual, as atividades das mulheres estão se  igualando a dos homens, tanto no campo profissional, quanto no social.  Diante disso, elas estão se estressando mais, bebendo mais, fumando mais  e consequentemente adoecendo. E essa mulher moderna precisa ter um  cuidado redobrado com a saúde.
Porém, em termo de expectativa de  vida, atualmente, todos têm acesso a um estilo de vida mais saudável.  Além disso, a tecnologia aliada à saúde está possibilitando a descoberta  de novas drogas e estudos avançados. "Essa mulher tem a possibilidade  de viver mais, cabe, então, a ela escolher o que quer para o futuro. Se  ela quer ingerir açúcares e gorduras, terá de arcar com a s  consequências", analisa Raquel.
Exercício físico
E  um dos estimulantes fundamentais para uma vida longa é se exercitar. O  profissional de Educação Física e professor de ginástica funcional,  Terêncio Abreu, explica que a atividade possibilita uma amplitude dos  movimentos. "Muitas vezes, até para pegar um objeto em cima de um  armário, a idosa precisa pedir para que uma pessoas faça para ela. A  partir do momento que ela começa a fazer ginástica funcional, as  atividades diárias se tornam muito mais fáceis", explica.
O  educador destaca que os movimentos da atividade são direcionados  individualmente, dependendo da idade e condição física de cada  indivíduo. Segundo ele, até idosos que se locomovem com bengalas pode e  devem fazer a atividade.
"Se ele usa algum objeto para se  locomover, certamente, terá dores nas costas e pernas. Não prometemos  tirar a bengala, mas reduzir os danos que ela pode causar", ressalta  Abreu.
KARLA CAMILAREPÓRTER