JORNAL DO BRASIL
Ex-presidente criticou cobertura midiática sobre a investigação em entrevista a Glenn Greenwald
Em entrevista exclusiva ao jornalista Glenn Greenwald, o ex-presidente Lula criticou a cobertura da imprensa sobre os rumos da investigação Lava Jato. O líder petista condenou a espetacularização com que o tema é abordado pelos grandes veículos de comunicação.
"Será que é preciso fazer disso um Big Brother? É preciso fazer disso um espetáculo de pirotecnia todo santo dia? Você pode estar condenando por uma manchete de jornal ou por uma reportagem na televisão alguém que depois venha a ser inocente. É possível fazer essa mesma investigação, prender as mesmas pessoas sem fazer a pirotecnia? Eu acho que é", analisou Lula na publicação do site The Intercept.
Para ele, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por acusação de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, não teria condições políticas de conduzir o processo do impeachment. O peemedebista também contaria com um apoio midiático, analisa. "O Eduardo Cunha não tem respeitabilidade nem congressual, nem na sociedade para fazer isso, mas acontece, às vezes uma certa proteção de determinados setores da mídia nacional, o que eu acho muito grave", alertou.
De acordo com o ex-presidente, essas diferenças na cobertura jornalística sobre denúncias contra o PT e contra outras organizações partidárias tem o objetivo de criminalizar a legenda. "Quando sai uma denúncia de um outro partido político, não passa de uma letra pequena nos jornais, cinco segundos na televisão. Quando é uma coisa contra o PT, é 20 minutos na televisão e é primeira página de todos os jornais. Há a tentativa, há dois anos, da criminalização contra o PT", comentou.
Na entrevista publicada no The Intercept, também disponível em vídeo, o ex-líder sindical também abordou a delação premiada do senador Delcídio Amaral (Sem partido - MS) aos investidores da Operação Lava Jato. Para Lula, o ex-petista teria mentido "descaradamente" com o objetivo de ter redução da pena e sair da cadeia.
Lula também fez críticas ao poder judiciário, que seria muito conservador e possui uma seletividade no tratamento dado a pessoas negras e pobres. "Tenho feito muitas reuniões com grupos de jovens da periferia, há uma preferência, na verdade, em prender negros e pobres, em matar negros e pobres", afirmou.
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