Thamires foi diagnosticada com Linfoma não-Hodgkin (LNH) no início de maio Foto: Carla Caliman |
POR FOLHA VITÓRIA
A passagem da adolescência para juventude é sempre um período de muitas mudanças e desafios. Para a capixaba Thamires Mageski, de 16 anos, tudo isso chegou em dobro após a descoberta de um câncer, e ela fez questão de marcar a nova fase. O velho desejo de fazer um ensaio fotográfico aos 15 anos foi realizado um ano depois e em um cenário bem diferente do que tinha planejado: dentro de um hospital.
Diagnosticada com Linfoma não-Hodgkin (LNH), um tipo de câncer que surge nos gânglios linfáticos, a jovem fez as fotos no Hospital Infantil de Vitória, onde está internada desde o início de maio. O ensaio já estava marcado para acontecer esse mês e com o diagnóstico precisou ser adaptado ao momento que ela está vivendo.
A estudante está no Hospital Infantil de Vitória Foto: Carla Caliman |
A fase mais difícil foi a aceitação, mas com a ajuda de médicos e familiares, ela conseguiu superar e quer mostrar para outras pessoas que o importante é ter vontade de lutar pela vida.
"Eu fiz uma biópsia e quando saiu o resultado eu não quis aceitar, falei que não ia fazer nenhum tipo de tratamento que pudesse fazer meu cabelo cair, porque ele era a coisa mais importante. Aí depois eu fui entendendo e minha mãe me falou que o ensaio seria uma forma de ajudar outras pessoas, porque minha médica contou que muitos jovens fazem a quimioterapia e não voltam mais quando o cabelo começa a cair. Mas o cabelo cai e cresce de novo, o importante é se tratar, se cuidar", afirma.
Ela e a família moram em Itarana, no interior, e há um mês estão na sala de Oncologia do hospital infantil. Estudante do primeiro ano do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), Thamires só voltará aos estudos no ano que vem. O tratamento, que começou na última segunda-feira (22) com sessões de quimioterapia, terá duração de 6 meses e o fim será celebrado com um outro ensaio.
"Eu espero conseguir passar por tudo isso. Tirou meu tapete saber que tinha essa doença e fui tentando me conformar aos poucos, até que chegou uma hora que vi que eu teria que aceitar mesmo. A partir daí, eu comecei a aceitar e levar tudo numa boa, tentando ser mais forte possível. Tudo o que a gente precisa nessa hora é isso, ser forte", conclui.
Responsável pelo ensaio, a fotógrafa Carla Caliman contou que recebeu o pedido de Thamires logo após o diagnóstico. "A gente já ia fazer o ensaio, ela tinha pensando em alguns locais aqui na cidade até. Aí ela passou mal, foi diagnosticada com câncer e mandou um recado pra mim dizendo que queria fazer o ensaio careca. Foi quando pensei em fazer umas antes do tratamento, como essas que fizemos e outras depois, como ela quer", explica.
Fotografar a estudante foi inusitado para Carla, que só havia feito ensaios dentro de hospital em casos de partos. "É difícil explicar qual é o sentimento, porque a fotografia é muito forte. Eu penso que a fotografia contribui muito para a autoestima, a gente se vê de uma forma diferente e é uma questão muito importante para o futuro também. É o momento dela de transformação, de fé. Tudo isso a gente tenta buscar nas fotos, e eu tentei buscar todo esse sentimento de fé que ela tem", afirma a fotógrafa.
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