1) Hino do Guassy (Distrito de Redençäo,reduto da Família Silveira)
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Toda a Serrinha vibra agora alegremente
Para exaltar o nosso grande benfeitor
Pois foi Zé Teles que nos trouxe a luz da escola
Que sabiamente Edisio Meira,nos legou
Viva,Viva,Viva a nossa Escola
Viva,Viva,Viva sem cessar
Pois a bandeira que empunhamos da vitória
Foi um direito que soubemos conquistar
A mocidade desta gleba agradecida
Ao prefeito vem com júbilo dizer
Que todo o povo de Guassi,com justo orgulho
Há de seu nome para sempre exaltar....
Fortaleza,13 de maio de 1958
Autor: Fco.Acélis Silveira
2) C o n t r a s t e (II)
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Emudeceu a voz do seresteiro
A musa fugiu,tudo parou
E a lua que brilhava no terreiro
O pobre seresteiro abandonou
Hoje esquecido o velho violeiro
À margem dos anais logo parou
Cansado das serestas sem roteiro
Que pela longa estrada ele espalhou
Noites escuras,sem luar,sem nada
Sem flores nos caminhos,sem jornada
Sem música que alegre a solidäo
E assim me vou por essa estrada
Sem o brilhar da lua prateada
Que animava os caminhos do sertäo.
Fortaleza,13 de outubro de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
3) O M o n t e
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Nunca fugiu-me da lembrança o monte
Erguido aí,pertinho do Salgado
Onde o cruzeiro lá foi colocado
De braços estendidos no horizonte !
Talvez nem haja quem mais tarde conte
A sua história,o seu feliz passado
Lá,meus amigos,o meu povo amado
Subia se mirando cada fonte
A mata virgem de sombrio acesso
Por trás mostrava em busca do cabëço
A trilha pela qual todos subiam
Naquelas excursöes täo veteranas
Nossos avós seguindo em caravanas
Muitas vëzes por lá se divertiam
Fortaleza,03 de outubro de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
4) D e s g o s t o s
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Já nem contar eu posso a minha história
Enfërmo que perdi minha saúde
E que passei por esse golpe rude
E agora vivo nesta triste inglória
Pelo caminho ingrato da vanglória
Näo conhecí o mal com que se ilude
A humanidade .... e nem evitar pude
Esta dor que me resta na memória
Falsos enganos.... dolorosa vida !
Triste existëncia amarga e dolorida
Que me legou o traço do destino...
Chorar nem posso os olhos já secaram
Como os anos velozes que levaram
As minhas alegrias de menino.
Fortaleza,02 de outubro de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
5) S o l i d ä o
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Ah ! se rever pudesse a minha terra
De cristalinas fontes azuladas
E o meu sertäo de louras madrugadas
Lá bem distante do clamor da guerra
Vë que paisagem na amplidäo descerra
Que noites lindas täo enluaradas
Que o bardo dedilhei pelas estradas
Vagando assim nesse prazer da serra
Aqui só vejo as luzes ofuscantes
Sem o luzir das estrelas flamejantes
Nem o prazer sequer de contemplá-las
Hoje exilado abandonei o pinho
Na solidäo sem par do meu cantinho
Prisioneiro incrível destas salas...
Fortaleza,25 de setembro de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
6) D e s i l u s ä o ( Ao meu filho: José Iramar Silveira )
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Já vës meu filho,como o tempo passa
E como assim te foge velozmente ?
Inda täo pouco o teu pinho plangente
Também vibrava ao canto dessa praça
Hoje o teu carro para ir lá devassa
Essa distancia longa e deprimente ...
Näo vës de perto a serrania em frente
Branca de lua ou límpida sem jaça ?
Sem ver a terra que o meu ser abraça
Hoje sem pinho vejo a mesma praça
Que te recorda os dias do presente ...
Teus afazeres hoje no escritório
E eu sem saúde aguardo o meu velório
Entre tristezas e saudade ardente .
Fortaleza,18 de setembro de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
7) Escultura Viva
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Que beleza de nome !....Ó que ternura
Jóia encontrada em meio aos madrigais
Seus olhos säo flores em noite escura
A iluminar vitrines de Cristais...
Seu seio, a branca névoa que moldura
As íntimas belezas corporais
Como Estátua de Vënus na escultura
Da mais linda mulher entre os mortais...
E assim vou compará-la aos anjos,pois
Essa beleza excelsa que Deus pös
Neste universo imenso de grandeza
Perdäo se o seu perfil näo bem tracei
Na imagem da beleza que encontrei
No que de lindo há mais na natureza.
Fortaleza,10 de setembro de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
8) Incompreensão OBS. ESSA FOI ENVIADA 4VEZES
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Senhor,já não consigo entender nada
Em meio ao vendaval da incompreensäo
O amor náo basta nesta encruzilhada
Para expressar em si,toda a afeiçäo
Nem uma vida inteira dedicada
Ao ser que amamos tem mais expressäo
E neste enígma,pois,vë-se ceifada
Toda a esperança de reconciliaçäo
Senhor,tu que pregaste esse evangelho
De luz e de sublime caridade
Faze que o möço compreenda o velho
E que nas trevas brilhe a claridade
Da tua estrela qual divino espelho
Em que se mire a cega humanidade
Fortaleza,29 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
9) S ú p l i c a
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Por que me pedes minha jovem santa
Um simples verso meu, täo mal fadado
Se tens o mundo aos pés ajoelhado ...
E és rica e dona de nobreza tanta ?
Täo bela assim,sequer nem botas banca
Rica também,quem sabe o teu condado ?
No entanto,pedes a um pobre coitado
A musa empobrecida que ele canta !
Ei-la,portanto,aqui trago-te flöres
Dos madrigais que sonho entre os albores
Do alvorecer de nossas esperanças
Que sejas bem feliz entre os doutores
Na plenitude azul dos teus amores
Como ditosas säo todas as crianças.
Fortaleza,21 de agosto de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
10) O N e n e m
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O pequenino enfërmo que aqui vejo
Que chamam de Nenen, ëste o seu nome
Vive aqui a fazer greve de fome
Engolindo barata e percevejo
Com ele ninguém brinque de gracejo
Que o homem logo vira lobisomem
Protestando de horror porque näo come
Pois o que däo näo vale um caranguejo
Nesse impasse aqui vive revoltado
Este portátil ser humano achado
No leito trës daqui desse hospital
Nem o doutor lhe lembra com carinho
Vocë näo pode,meu caro velhinho
Encher o bucho de maneira tal.
Fortaleza,21 de agosto de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
11) Nove de agosto
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Meu Deus,hoje bem triste vou sair de casa
Em busca da saúde no Hospital Geral
Sentindo uma lembrança que cruel me arrassa
Do meu doce cantinho,do meu pessoal
Mas näo maldigo a sorte que cruel me abraça
Se tenho por exemplo o Pai Celestial
Que sob a cruz o sangue precioso vasa
Pra nos livrar da culpa,do mundo infernal
Por ele alcançarei os louros da vitória
Que seja nesta vida ou lá na eterna glória
De ter minha saúde ou recompensa igual
Só sentirei da ausëncia a imensa realidade
De aqui deixar meus filhos, cheio de saudade
E a esposa com quem passo a vida desigual
Fortaleza,09 de agosto de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
12) J e s u s
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Esta luz que brilhou na minha vida
Foi Jesus do Supremo Salvador
É com ële que venço a dura lida
E os espinhos de um mundo enganador
É com ele que levo de vencida
Toda a luta enfrentando o dissabor
Näo fujo ao tédio e à luta mais renhida
Nem temo ao medo,nem me curvo à dor
Nesta fé redivivo e confiante
Tenho esperança de levar avante
Minha experiëncia agora combalida
Senhor ! que me empolgas a confiança
Comigo sustentai vossa aliança
E renovai-me a preciosa vida
Fortaleza,05 de agosto de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
13) Ao poeta do Sítio Arvoredo
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Nessa bela vivenda em que tu moras
Velho poeta,desfrutando a vida
Orgulha-te de ti que jamais choras
Devaneios como eu sem ter guarida
Longe das plagas que também adoras
Já que ambos somos dessa terra ungida
De fontes claras,verdejantes floras
Só eu náo tive a glória merecida
De aí viver como o poeta vive
Longe da guerra e da opulëncia livre
De par,feliz com a natureza
E assim maldigo o meu mesquinho fado
De aqui viver nesse torräo frustrado
Entre baröes...ricöes de Fortaleza...
Fortaleza,05 de agosto de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
14) Ao S a m u e l
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Dessa terra täo fértil,tu tens tudo
O "Päo de cada dia",a água,a fruta
Descanso e paz dessa cruel labuta
Que muda os teus espinhos em veludo
De täo fecundo solo a que me aludo
Tens o bastante da tua disputa
O milharal que brota em cada gruta
E o rio a deslizar sereno e mudo
Celeiro que produz e te abastece
Manancial de viveres que cresce
Nesse trabalho persistente e forte
Ao prosseguir assim nessa Odisséia
Que a cana....A do vale do Candéia
Seja a Seara....Samuel da sorte !
Fortaleza,29 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
15) O Girassol
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No alvorecer da aurora incandescente
Ao gorjeiar da passarada em festa
Ali na paz que a natureza empresta
Gravita um girassol...O astro luzente !
Que sublime é se ver para o poente
A grande flor voltar-se quase adestra
Buscando o sol no rumo da floresta
Ao declinar-se da tarde comovente.
Que fenömeno divino nos parece
O sublime mistério que oferece
A secreta liçäo da natureza
Que sábio algum ainda náo conhece
O prodígio daquilo que parece
Um pretexto da divina grandeza...
Fortaleza,27 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
16) O m i s s ä o
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Eu queria fugir à solidäo
Desta vida que levo desolada
Entre a espada e a cruz martirizado
Desta sentença atroz sem remissäo
Como um réu embrulhado do perdäo
Entre quatro paredes confinado
Vivo entäo desta forma atrocidado
Por minha própria culpa de omissäo
Por fim,sofrendo neste exílio tanto
Trago os meus olhos úmidos de pranto
Da dor desta tristeza que hoje sinto
Prisioneiro de cada parede
Por entre as quais armo minha rede
Pra rotina esquecer deste recinto...
Fortaleza,25 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
17) Minha M ä e
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Ó Mäe,doce Amazonas majestosa
De imensa plenitude de beleza
Manancial de amor e de grandeza
De maternal carinho...täo bondosa
Ó Mäe querida,Santa e generosa
Hoje o teu dia empolga a natureza
De seres Mäe ...tiveste a profundeza
Dessa virtude Ó jóia valorosa
Mäe que ensinaste a religiäo
No evangelo da tua perfeiçäo
Como um anjo de luz,anjo da paz
Assim quero levar a mesma cruz
Pelos mesmos caminhos de Jesus
Para a glória alcançar dos Imortais !
Fortaleza,12 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
18) Minha Personalidade
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Fui um pai que sonhei e vivo crendo
No futuro de um mundo mais feliz
Em cada filho vejo um sol nascendo
Nesta aurora de paz que se bendiz
Levei a vida assim,tudo esquecendo
O ódio,o mal,talvez que alguém me quiz
Para os desgostos que vivo sofrendo
Tenho o perdäo do amor doce e feliz
De fronte erguida, enfrento os meus problemas
Sem saturar-me das desilusöes
E sem fugir jamais dos meus dilemas
E nesta fé que alenta as multidöes
Vou prosseguindo ainda o meu esquema
No sublime perdäo de ingratidöes !
Fortaleza,10 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
19) G o r e t h e
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Gorethe,Ó linda flor Jaguaribana
Que a destra do destino moldurou
Deu-te detalhes de beleza humana
Sorriso santo que ela deslumbrou
Gorethe essa beleza soberana
Nenhuma jovem,pois,já te imitou...
E dentre toda a criaçäo bacana
Deus te fëz ...Ó celebre escultor
Enfim tu és a perfeiçäo de um ser
Nesse divino arcanjo que em ti vejo
Que a mäo divina fez aparecer
Teus olhos säo Sóis la no poente
Um que ilumina o teu feliz viver
Outro quer luz na solidäo da gente
Fortaleza,08 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
20) R e e n c o n t r o (Ao Prof.Rufino Silva)
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Ó quantos anos eram decorridos
Da nossa infäncia do primeiro amor
Eis que entrevejo entre os jardins floridos
Seu pequenino e lindo bangalö
À entrada,haviam vários coloridos
Portóes de ferro,flores em redor
Só náo vi pois,entre os gradís fundidos
O perpassar do meigo beija-flor...
No triste anseio que arrastei comigo
O coraçäo no peito bateu
Como se alguém chorasse ali comigo
Sentí que a vida um pouco me doeu
Era a saudade o meu maior castigo
De haver perdido tudo que era meu
Fortaleza,07 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
21) O Quendenga
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Vejo da serra onde o Quendengo nasce,
Descer correndo a fluvial torrente
Do antigo arröio,que cresceu veemente
Levando espumas....quer por onde passe
Ilhas formando num tremendo impasse
O sinuoso córrego crescente
A se tornar mais forte em cada enchente
Que pelo leito estreito esvaziasse
Debaixo a cachoeira estronda e geme
E nësse impacto d'agua a terra treme
Do bolício estridente da cascata
Tal como aquela,mesmo assim fremente
É nossa vida de saudade ardente
Lá no poente da existëncia ingrata !
Fortaleza,05 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
22) P a l m á c i a
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Palmácia,pequenina ...Ó doce terra
Rodeada de flöres e pomares
Beijada pelas noite de luar
Que enche de frio o coraçäo da serra
Palmácia dos anais,longe da guerra
Onde ainda existe a crença dos altares
Palmácia dos engödos salutares
Dos costumes feudais que ainda encerra
Palmácia dos Queiroz antes chamada
Hoje de asfalto e luz modernizada
Vens alcançar as palmas do sucesso
Palmácia dos meus sonhos e lembranças
És dos teus filhos a grande esperança
Nessa trilha marcante do Progresso !
Fortaleza,04 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
23) E n f ë r m o
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Poeta do martírio e da tristeza
Guarda esse pranto que te orvalha os olhos
Vamos sentir aqui nestes escolhos
A contorçäo da dor e da incerteza
Nestes extremos nao há mais grandezas
Funde-se a vida nos mesmos escolhos
Näo somos mais que pequeninos brolhos
De humano ser da própria natureza
Aqui se finda a humana vaidade
A prepotëncia,o horror da iniquidade
Para ceder ao bem que nos conduz
E nësse rasgo augusto da lembrança
Entrever-se o caminho da esperança
Nos divinos momentos de J e s u s !
Fortaleza,04 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
24) I n f ä n c i a
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Ó mocidade preciosa e bela
Da qual me lembro,às vëzes,meditando
Sonho em criança a brisa farfalhando
No folharal da cana ...e do largo dela
A casa grande e seu jardim de tela
Dentro o coqueiro ao vento balançando
Flöres de toda espécie ladeando
A nossa vida cheia de aquarela
Bem perto o murmurar da cachoeira
O vendaval que sopra a noite inteira
Na grimpa o verdejar do mangueiral
Tudo me vem lembrar os tempos idos
Dos paternais carinhos recebidos
Nos áureoa tempos de colegial
Fortaleza,02 de julho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
25) O T e r t o
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Ëste moço que lida todo o dia
Confeitando a mulher,dando-le graça
Outra mais nobre profissäo abraça
Na Faculdade de Filosofia
Herói que brilha nessa Academia
Para vencer a vida que devassa
Esse Arante de espírito sem jaça
Que é o nosso amigo Terto de hoje em dia
Hoje o conheço e tenho a primazia
De em seu nome falar com euforia
Pelos rumos täo curtos que ële traça
Para que toda a juventude um dia
Possa também brilhar com galhardia
Imitando ëste herói de grande raça !
Fortaleza,29 de junho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
26) No H o s p i t a l
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Nëste törpe silëncio que perdura
Chego até crer que estou num triste exílio
Sem ver a espösa,nem beijar um filho
Na solidäo cruel que mais tortura
A minha filha,o meu maior idílio
E cuja ausëncia sofro essa amargura
Nem sabe agora quanto me tortura
O desalento do sofrer que trilho
Dentro da noite dolorosa e escura
Que magoa tanto,o coraçäo fervilho
Sem ver os astros de saudoso brilho
Nem do seu rosto aquela imagem pura
E assim vivendo a sós neste empecílio
E pensamentos cheios de amarguras
A própria vida em si me afigura
Como um fantasma neste domícilio
Fortaleza,29 de junho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
27) A u s e n t e s
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Entre mim e entre ti que nos amamos
Jamais pese uma dúvida na ausëncia
Se vivemos distantes...paciëncia
Que novamente após nos encontramos
Náo pensemos nos dias que passamos
Privados dessa doce convivëncia
Que a distäncia é também uma carëncia
De renovar os beijos que trocamos
Sonhar contigo é ver na realidade
O nosso mundo de felicidade
Todas às vezes que chega a lembrança
E assim felizes como no começo
Nem tu me olvidas e nem eu te esqueço
E o amor é sempre novo...outra esperança
Fortaleza,27 de junho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
28) Tia N e n a
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Nunca posso esquecer,ó minha Tia
Os momentos mais doces da existëncia
Eras bondosa toda...eras clemëncia
E eras tudo de bom que nos sorria
Sonho ver-te rezando noite e dia
No interior da tua residëncia
Pois para mim tu tinhas a aparëncia
Da mesma Santa a quem rezando eu via
A tua ausëncia agora me entristece
Pois que subiste no calor da prece
De cá da terra para onde voaste...
E hoje este vácuo mortuário vejo
No meu cenário como o último lampëjo
Desta lembrança atroz,que nos deixaste.
Fortaleza,26 de junho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
29) E n c o n t r o
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Sentí,Senhor,de perto a vossa luz
Brilhar desse poder divino e belo
Ao debater-me no cruel duelo
Entre a vida,a morte,a espada e a cruz
Tinha o rosto sereno de Jesus
Cabelo longo,castanho e amarelo
Vestes brilhantes de um ramal singelo
Que ante os meus olhos hoje ainda tranluz
E por fim neste delírio santo
Que vos senti próximo um tanto
Do meu sofrer naquela hora chegada
E como ser humano,nesse horror
Pude entrever na Graça do Senhor
Que me livrastes daquela encruzilhada
Fortaleza,23 de junho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
30) À Serra de Baturité - Ce.
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Ó minha serra de águas flamejantes
De virgens matas e paisagem longa
Longe o cantar vibrante da araponga
Ao vendaval das tardes delirantes
Dos açudais as linhas ondulantes
Se espelham na miragem que se alonga
Lamaçais onde canta o sapo-sunga
Na noite a luz dos astros citinlantes
Que quadro exótico nos vëm à lembrança
Recordando os bons tempos de criança
Na feliz transcorrëncia dos anais
Hoje esquecida a serra decantada
Da parentela agora abandonada
À solidáo dos velhos mangueirais
Fortaleza,20 de junho de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
31) A r a c o i a b a
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Terra que amei,quanto dizer nem posso...
Solo que vibra em sentimentos meus
Hoje volto a te rever,pois gosto
Dos teus rebentos e formosos céus...
A pátria é grande...O teu torräo é nosso
E os próprios mares cheios de escarcéis
Aqui nasceram filhos meus que endosso
No mesmo afeto como filhos teus.
Aracoiaba,que ao soprar dos ventos
Trazes saudades,trazes desalento
Nesta saudoso e prolongado adeus...
Amo-te os bosques,adoro-te os campos
O pisca-pisca dos pirilampos
Luzes divinas que nos vëm de Deus !
Aracoiaba,10 de maio de 1979
Autor: Francisco Acélis Silveira
32) Paixäo do Ítalo
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Tal como a ave que retorna ao ninho
Eis de regresso o Ítalo querido
Mas solitário,triste,arrependido
À procura de afeto e de carinho
De lá voando como um passarinho
Dessa tristeza humilde e contundido
Se prosta aos pés do seu ente querido
A lhe afagar as mäos bem de mansinho
Filha,perdoa o meu cruel pecado
Sei que mereço enfim ser castigado
Porém daqui te imploro o teu perdäo
Basta daquela angústia recalcada
Recordando o cantinho da calçada
Onde eu beijava,outrora a tua máo !
Fortaleza,06 de abril de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
33) O Bobözinho (Márcio filho do Iramar)
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Levaram-me o Bobözinho
Deixando-me a solidäo
E eu fiquei triste e sòzinho
Sem alma nem coraçäo !
Ó terra de Säo Francisco
Guardai o Márcio feliz
Que eu näo padeça com isso
O que a desdita prediz...
Fazei com que ele volte
Que inda retorne pra nós
Que o laço da vida o solte
Que eu possa ouvir sua voz.
Que esta dor táo atroz.....
O transforme num gurí de sorte !
Fortaleza,21 de março de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
34) Memórias
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Meu prezado Zé Saldanha
Teus feitos venho lembrar
Tua glória repercute
Dos Pampas ao Amapá
Palmilhando aquelas zonas
Deixaste pelo Amazonas
As plagas do Ceará
Chegando ao inferno verde
Feito um pobre forasteiro
Como honesto cearense
Soubeste ganhar dinheiro
Tendo um lugar de destaque
Desde o Amazonas ao Acre
De um Cidadäo Brasileiro.
Fizeste muitos amigos
Naquelas terras distantes
Entre os bravos garimpeiros
Explorando os Diamantes
Em luta pela existëncia
Lá fizeste a Independëncia
Entre os outros emigrantes
Saudoso da terra amada
Regressaste à Gitirana
Daqueles tempos felizes
Da nossa vida bacana
Onde na mesma casinha
Se ouvia a voz da netinha
Da Bela Paraibana
Hoje naquele recanto
Feliz a vida desfrutas
Olhando o luar de agosto
Sobre as colinas e grutas
E as cousas boas do mundo
Que lembram tanto o Segundo
Nosso colega de lutas.
Fortaleza,03 de janeiro de 1979
Autor: Fco.Acélis Silveira
35) Meus 70 Anos
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Setenta primaveras,já se väo
E assim contando eu vou meus curtos dias...
Jardins sem flores,Impressöes vazias.
Que enchem de tédio a minha solidäo !
Aquëles brancos lírios da ilusäo
Rolaram nas torrentes das orgias...
E os madrigais das minhas fantasias
Mais solitários cada vez,estäo !
Hoje esta data passa às esquecidas
Silëncio do meu quarto retraido
Sem presente,sem festa,nem caricías...
E assim vejo passar nesta penumbra
Como uma vaga e nebulosa sombra
A minha triste data Natalícia !
Fortaleza,07 de outubro de 1978
Autor: Fco.Acélis Silveira
36) No Hospital
=========
Na solidäo sombria do hospital
Passam-se as horas turvas desse dia
E eu vendo o aspecto atroz dessa agonia
Em cada rosto enfërmo de um mortal !
Meu Deus,chamei aos céus ...que dor fatal
Que só nos causa tanta nostalgia
Se näo nos basta ver tanta ironia
De um mundo impiedoso e desigual ?
Por que padece tanto a minha Tia ?
Que sempre ví rezando noite e dia...
E o bem fazendo... e nunca,nunca o mal ?
Em que consiste a dor que lhe angustia
Desse sofrer de tanta ironia
Que os céus tão surdos ...calam-se afinal ?
Fortaleza,05 de outubro de 1978
Autor: Fco.Acélis Silveira
37) À minha Tia
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Se tuas preces lá no céu chegarem
Cheio de Fé eu quero lhe pedir
Bênçãos divinas que venham cair
Em novas esperanças que brotarem...
Que Deus se doa dos que aqui ficarem
E os nossos rogos possam eclodir
De onde as graças se venham renascer
Das nossas preces para nos salvarem
Que um lenitivo chegue aos nossos lares
Para acalmar de vez todos pesares
Que a tua ausëncia nos deixa a carpir
E os sofrimentos desta vida atroz
Se nos abrandem com a tua voz
Em cada prece tua que subir
Fortaleza, 04 de outubro de 1978
Autor: Fco.Acélis Silveira
38) Mäe
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Sem ti, Ó Mäe... Bendito amor na vida
Meu mundo entäo seria diferente
O farfalhar da brisa,o céu luzente
Nesta mansäo de estrelas coloridas
Porque tu és,Ó doce flor querida
A mäo que cicatriza a dor da gente
Pois és o néctar que me adoça a mente
Na íntima angústia d'alma dolorida ...
Mäe, este dia é teu....grande e profundo !
Quanto as cousas mais simples que há no mundo
Para exprimir tanta real grandeza...
Porque sem ti seria o lar vazio
Jardim sem flores,sem calor nem frio
O mundo que formou tua beleza
Fortaleza,18 de maio de 1978
Autor: Fco.Acélis Silveira
39) A Serra
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Vë quanto é linda e que beleza encerra
A minha terra colorida e bela
O céu de estrelas que lhe espelha a fronte
E ao longe o monte perfilada nela
Olha que vales,que bonita serra
Longe da guerra nessa paz singela
Viver com ela se banhando à ponte
Vendo o horizonte limitar-se a Ela
Que amor transpira o seu silëncio mudo
O canto agudo da Araponga atönita
Ao som da Harmönica,no terraço em festas
Tudo relembra a parentela amiga
Na casa antiga em noites de fogueira
E a rotineira valsa da seresta.
Fortaleza, 12 de maio de 1978
Autor: Fco.Acélis Silveira
40) Serra Azul
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Sob o estrelar do céu que envolve a terra
Deslumbra a Serra Azul da minha infäncia
Lá eu nascí e aurí toda a fragäncia
Dos campos colossais do Pé da Serra
Que doce aroma,o vendaval descerra
Daquëles bosques que vë-se à distäncia
Lá onde cresce o pasto em abundäncia
É onde a boiada escaramuça e berra
Ressente ao vento,o cheiro da Melosa
Que se mistura à languidez gostosa
Do anoitecer nesse cair da tarde
Tudo que relembra o meu sertäo brejeiro
A voz dolente,o aböio do vaqueiro
Que faz chorar às vezes de saudade !
Fortaleza,11 de maio de 1978
Autor: Fco.Acélis Silveira
41) Meu natalício
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Minha gente venha ver
Que belezinha que sou
Todo mundo me adorando
Vovòzinhas e Vovös
Papai,Mamäe, As Ttitias
E as priminhas,que alegria
Como feliz eu estou.
Todos vëm abrilhantar
Meu primeiro aniversário
Meu berço está um cenário
Faz gosto de visitar.
Näo sou mesmo bonitinho ?
Bem gordo,bem sabidinho
Prá todo mundo cheirar ?
Nesta data venturosa
Trazem-me flores e rosas
Presentes para me dar
Näo vou dizer: sou da laia
Dos Diógenes de Caucaia
Ninguém venha me amolar.
Fortaleza,11 de maio de 1978
Autor: Fco.Acélis Silveira
42) Engano
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Era uma vëz uma árvore que dava
Frutos divinos,frutos de doçura
Essa gentil e humana criatura
Que santamente a gente imaginava
Um dia o sol mudou quando raiava
E aquela imagem retornou escura
A árvore morreu...Triste lizura
Ficou daquilo que a gente pensava...
Hoje repiso o tal pomar sem frutos
As pedras töscas,os caminhos brutos
Que näo a estrada que suponha a gente...
E eu recalcado das ingratidöes
Deixei de crer em Santos Coraçöes
Que näo de Lobos,exclusivamente !
Fortaleza,22 de março de 1978
Autor: Fco.Acélis Silveira
43) Natália
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Eras criança, ao mesmo tempo eu era.
Nós dois gozando mil venturas,pois
Corría o tempo a cada primavera
E assim chegamos à velhice,Os dois !
Longe mais tarde nunca mais pudera
Sonhar contigo ou te encontrar depois
E assim passando numa longa espera
Nunca que frente a frente o bem nos pös
Vë bem,Natália,que mudança atroz
Fiquei perdido neste exílio extenso
E nunca mais que ouví a tua voz
Vë que contraste tornou-me a paz
Näo mais te vi,só padecendo a sós
E tu supondo eu náo amar-te mais !
Fortaleza, 01 de janeiro de 1978
Autor: Fco.Acélis Silveira
44) Treze de Dezembro (90 anos do Tio Batéia)
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Ao decorrer festivo desta magna data
Noventa primaveras o senhor completa
De amigos e parentes a casa repleta
E a gente a recordar esta saudade grata...
Relembro aquelas noites,o luar de prata
Banhando o mangueiral e a sala predileta
Onde o senhor gostava de jogar suéca
A brisa a farfalhar no folharal da mata !
As noites de Säo Joäo,ao claro das fogueiras
Os Judas,corriqueiros e outras brincadeiras
Das festas animadas que o senhor fazia
Enfim,tudo de bom que lembra o Tio Batéia
Pelos anais afora cheios de Epopéia ...
E as noites de novena do mës de Maria !
Fortaleza,15 de dezembro de 1977
Autor: Fco.Acélis Silveira
45) A Redençäo
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Heróica Redençäo que já passaste à História
Banindo do teu solo o cativeiro injusto
Sob este céu azul que te retrata a glória
Reluz o teu cruzeiro soberano e augusto
Teu feito varonil perdura na memória
Como um troféu da Pátria,uma Atalaia adusta
Marcando hoje este dia que galgaste a custo
Dos brios e dos feitos da tua vitória
Rosal da liberdade...Aurora do progresso
Vanguarda do Brasil a prosseguir no acesso
Aos páramos da glória que já conquistastes
Formosa Redençäo que impávida dormitas
Ao pé das majestosas serras táo bonitas
Repousa ao eclodir dos feitos que sonhastes.
Redençäo, 06 de dezembro de 1977
Autor: Fco.Acélis Silveira
46) À Tia Natalina
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Bondosa mäe que foste em tempos ídos
Amparo e luz de uma família honrada
Soubeste assim criá-la,irmäos unidos
No estreito laço maternal formada ...
Assim se foram täo feliz vividos
Aqueles tempos..,Era abençoada
Os teus rebentos desse amor ungidos
E tu daqueles... essa mäe beijada
Logo,porém cerraste um dia os olhos
Deixando a tua Prole,nos encolhos
Da vida amargurada em que ficaram
E nesse barco náufrago singrando
Hoje os problemas da vida enfrentando
Do mesmo modo que os seus pais levaram.
Riachäo, 06 de dezembro de 1977
Autor: Fco.Acélis Silveira
47) Recordaçäo da Serra
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Noites de inverno,noites sem estrëlas
Que lembram tanto a minha solidäo
A fria serra,aquelas cousas belas
O vento a murmurrar no boqueiräo
As cheias do riacho,o estrondo delas
Rolando para o fundo do poräo
Tudo relembra as lindas aquarelas
Da paisagem legal do meu torräo
Doce expirar dos tempos já passados
A lua pela estrada derramando
Por sobre a areia dos raios dourados
Sonhar revendo aquilo e relembrando
A minha gente,os meus antepassados
E despertar depois quase chorando.
Fortaleza,18 de novembro de 1977
Autor: Fco.Acélis Silveira
48) Dia das Mäes
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Amor de minha mäe mais doce do que tudo
Maior que o pensamento,imenso como a vida
É tudo possuir-te,Ó Santa Mäe querida
De tudo,és a razäo de ser do que me aludes
Na infäncia vigiavas-me no silëncio mudo
Das noites friolentas dando-me guarida
E o rosto me afagavas täo compadecida
Com tuas mäos macias de veludo
Mäe,destes dias santos da existëncia
Espelho de ternura e santa paciëncia
Bendigo-te,afinal, no fundo do meu coraçäo
E sendo hoje o teu dia,venerado seja
No altar de cada filho desta igreja
Que edificamos juntos para te acolher.
Fortaleza, 10 de maio de 1977
Autor: Fco.Acélis Silveira
49) Amor
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Amor,doce esperança que sonhamos
Saudade amarga,pois que nos faz bem
Amor,supremo enlëvo que almejamos
Amor,sublime anseio que se tem...
Amor,tudo de bom que imaginamos
Sequëncia de paixäo que enfim nos vem
Amor,secreta angústia que choramos
Na dolorosa ausëncia desse alguém !
Amor, doce veneno que tortura ...
Rosal de sonhos feito de saudade
Doce alegria cheia de loucura
Amor,secreto idílio,ansiedade
Martírio santo que nos traz,ventura
Recordaçäo feliz da mocidade ...
Fortaleza, 07 de maio de 1977
Autor: Fco.Acélis Silveira
50) Contraste
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Se fores a serra ver os laranjais
Frondosas matas näo verás,mais lá...
Só nuas terras sem mais cafezais
Sem sombra alguma,sem um pé de ingá
Lá näo se encontra um bálsamo jamais
Nem um Pau d'arco,nem um Piorá
Massarandubas de hastes colossais
Näo mais existem Freijorges lá
Que pena ver a minha serra amada
As pontes secas e a erosäo levando
O sangue-adubo que rola pra entrada
Que triste é vë-la pobre assim ficando
Filhos mirrados,sem päo nem morada
E os seus patröes nas Capitais,morando...
Fortaleza,24 de março de 1977
Autor: Fco.Acélis Silveira
51) Ao visitante
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Se um dia alguém vier à minha terra
Ver as tardes de sol que sempre faz
Verá nos campos que beleza encerra
A flora destes bosques tropicais
E se daqui for conhecer a serra
Branca de flores só dos cafezais
Que náo dirá também longe da guerra
Dos encantos dos nossos madrigais ?
Como em Säo Paulo,näo veräo riqueza
Nem tanta indústria e prédios colossais
Pois nosso Estado,só tem mais pobreza...
Mas entre as simples cousas naturais
Tem essa noites claras de turqueza
E o céu azul de estrëlas cristais...
Fortaleza,12 de março de 1977
Autor: Fco.Acélis Silveira
52) Ao Edmilson Medeiros
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Volta Edmilson ao teu solar que chora
Olha esta casa vaga,qu' inda é tua
Vë que tristeza o mangueiral sem lua
E em torno dële a solidäo que mora
Olha o cair do sol que nesta hora
Tudo entristece e a noite tumultua
Como a lembrança é dolorosa e crua
De ti que partes nos deixando agora
Volta aos teus filhos,que uma esposa espera
Desfaz-lhe a angústia que alma dilacera
Nessa partida para a eternidade...
Pois todos choram tua ausëncia ingrata
Revendo cada cousa que retrata
Tua presença que deixou saudade.
Serrinha,26 de julho de 1976
Autor: Fco.Acélis Silveira
53) Luis Gonzaga -
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Eis o poeta que na musa canta
A sua serra alegre e prazenteira
E nesse afä de luta a roça planta
E tem no sítio a cana açucareira
Da praça náo inveja a glória tanta
Sua lida é melhor que outra carreira
A fruta colhe quando o sol levanta
E toda a safra vai vender na feira
Que bom viver com essa natureza
Que tudo cria e dá com abundäncia
A paz dos campos,flöres e beleza...
Fazer seus versos nessa consonäncia
Entre os pomares que lhe däo riqueza
Entre os jardins de original fragäncia...
Fortaleza,30 de junho de 1976
Autor: Fco.Acélis Silveira
54) Ao Luis Gonzaga Silveira
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Vë lá,poeta,as serras decantadas
Sem mais aquela natural beleza
E lá do cimo,vë quanta tristeza
Ao murmurar do vento nas quebradas
Hoje por longa estrada recortada
A lhe sugarem,pois toda a riqueza
Desnudas,ei-las quase na pobreza
Sem cafezais,as matas derrubadas
Contra a erosäo da terra o povo luta
Na rotineira e rústica labuta
Para remí-la dessa atroz derrota
Vë como é forte a nossa heróica raça
Que náo se queda à luta que embaraça
Nessa tragédia insana e táo remota !
Fortaleza,30 de maio de 1976
Autor Fco.Acélis Silveira
55) A Pedra Aguda
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Lendária,imóvel na amplidäo desnuda
E aos céus erguida soberana e bela,
Vë-se de longe a Excelsa Pedra Aguda
A sertaneja e brava Sentinela !
Petrificada alí,serena e muda
Como Atalaia sertaneja vela....
De calva fronte,lívida e sizuda
A perfilar-se sobre o busto dela !
Em meio aos temporais cobre-lhe a fronte
De noiva ricamente engrinaldada
A névoa congelada do horizonte
E ve-se após quando o luar desfralda
A silhueta do soberbo monte
Transparecendo aquela enorme calda...
Aracoiaba,15 de agosto de 1975
Autor: Fco.Acélis Silveira
56) Tudo passou
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Passou a vida,a onda carregou
Os madrigais,as flores e manchetes
Foram-se os tempos...nunca mais voltou
O sonho azul das festas e os confetes...
A vida colorida que restou
Näo tem mais o brilho,nem os foguetes
Das noites de Säo Joäo...tudo mudou
Nas pompas dos salöes e dos banquetes
Hoje entrevejo o mundo diferente
Descolorido e triste em desalento
Sem as quadrilhas mais de antigamente
Tudo rolou nas aerosöes do tempo
Tudo de bom que já fugiu da gente
Ao lapso deste idílio do momento....
Fortaleza,15 de junho de 1975
Autor: Fco.Acélis Silveira
57) Insönia
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Ouço o bater do meu portäo lá fora
Numa ansiosa espera a cada filho
E nesta luta insana me ensarilho
Entre os martírios da cruel demora...
Cada minuto do avançar da hora
Que ninguém chega ao meu birö fervilho,
Fito as estrëlas lá no céu sem brilho
E nesta insönia a ausëncia me apavora
Chega o primeiro,após mais outro deles,
Outro e mais outro,que a velar por eles
Fico esperando até o derradeiro
E assim banido dos mortais cansaços
Väo se estampando no meu rosto traços
Daquela angústia atrás sem paradeiro...
Fortaleza,13 de junho de 1975
Autor: Fco.Acélis Silveira
58) Recordação das Lages
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Oh ! quem näo gosta de rever a serra
Nesta invernada longa e persistente
A cachoeira a estremecer plangente
Como um constante retroar de guerra
Quanta lembrança o mangueiral encerra
Sonhando a infäncia täo feliz da gente
Tenho saudade do meu povo ausente
Que näo se encontra mais por cá,na terra
Hoje relembro em tristes desenganos
A casa onde eu morei tão longos anos
No transcorrer da minha mocidade
Mas,entretanto,o que mais me entristece
É no poente ver como anoitece
A minha vida plena de saudade
Fortaleza,21 de abril de 1975
Autor: Francisco Acélis Silveira
59) Relembranças
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Como é lindo viver,sonhar contigo
E andar feliz na minha displicëncia...
Ouvir estrelas e ter audiëncia
Com todas elas quando estäo comigo
Quando me encontro à noite em desabrigo
Que elas me acolhem nessa incoerëncia
Clareiam-me os caminhos da existëncia
E trazem-me afinal,seu beijo amigo....
Amo as estrëlas pelo céu perdidas
Nas madrugadas frias,doloridas
Do mës de junho,lá no meu sertäo
Quando sentado em roda das fogueiras
A gente exibe aquelas brincadeiras
Das animadas noites de Säo Joäo !
Fortaleza,02 de fevereiro de 1975
Autor: Fco.Acélis Silveira
60) Inédito (Ao Prof.Rufino Silva)
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Que importa a derrota,o mal que me desejam
A sórdida traiçäo dos que me querem mal
Se em meio a essa tragédia os lábios teus me beijam
Na escuridäo da noite,ao frio vendaval ?
Que me importa o ladrar dos cäes que nos farejam
À luz dos pirilampos deste lamaçal
Só quero que as estrelas que no céu lampejam
Pressintam como é belo o nosso madrigal...
Que alguém tenha nos vistos pelo bairro afora
Sem lua,nem estrelas,nessa escuridäo
Que importa,que até mesmo fössemos embora ?
Pois,hoje,a nossa vida continua...
Em meio as tempestades que passando väo
Por esse mar de escolhos sobre o qual flutuas...
Aracoiaba,15 de janeiro de 1975
61) A minha filha Delma
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Terás saudade,um dia,Oh minha filha,
Quando vires que náo vivo mais
Que o verde lödo me apagou a trilha
E a sepultura os meus restos mortais
Minha memória,sei que já näo brilha
Pobre que sou sem áureos cabedais
Do que te deixo apenas náo te humilha
É esse diploma que com ele estais
Eis o presente que já pude dar-te
Para que nunca alguém possa roubar-te
O pequeno tesouro que ofertei
Perdäo,se jóias näo tiveste ainda
Pois acho a glória do saber mais linda
Que os diamantes que nunca te dei...
Fortaleza,07 de julho de 1974
Autor: Fco.Acélis Silveira
62) Meu sertäo
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Vejam colegas,que beleza encerra
A minha terra,o meu feliz torräo !
No campo o gado que pastando berra
Longe da guerra,neste alto sertäo...
Vem que bosques,que frondosas matas
Lindas cascatas e torrentes mil
Que noites claras,lembram serenatas
E as cousas gratas deste meu Brasil
Vejam nas flores que paisagem bela
Linda aquarela do romper da aurora
E a nossa choça,lá no meio bela
Lá em redor a passarada mora
Na verde flora colossal singela
Em meio a solidäo que a gente adora
Fortaleza,12 de maio de 1973
Autor: Francisco Acélis Silveira
63) À Iraci
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Por que te foste,ó meu amor,se a vida
Junto a ti era doce e alegre fado ?
Espera Santa Máe estremecida
Teu lar agora é triste e desolado
Eras ternura,afeto,eras guarida
Pra todos que viviam ao teu lado
Até a hora fatal da despedida
Tu mostraste este amor desesperado
Ah ! se soubesses como sofro tanto
E quanto é doloroso este meu pranto
Por ver nossas filhinhas na orfandade...
Tu pedirias ao autor da morte
Prá que ninguém tivesse a minha sorte
E nem sentisse a dor da saudade ...
Aracoiaba,03 de março de 1970
Autor: Francisco Acélis Silveira
64) Ao Colégio Säo Luis - Pacotí Ce.
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Revejo ainda o casaräo antigo
Dos meus anais do velho Säo Luís
O mesmo aspecto jovial amigo
Que me acolheu nos tempos puerís
E aquela sala de aula que bendigo
Sentindo a luz do seu rosal feliz
Lá encontrando o carinhoso abrigo
Foi que estudei e quarta série fiz
Logo na entrada era a diretoria
Onde constantemente preocupado
O padre Lima,lá sentado eu via
O Dr.Jaime,o Joäo de Pinho e assim
A turma inteira do professorado
Desde o Atanásio,ao Zé Negreiro,enfim.
Fortaleza,23 de julho de 1969
Autor: Francisco Acélis Silveira
65) Ausëncia
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Longe de ti se a vida náo me fosse
O pesadelo da desilusäo,
Eu guardaria aquele amor táo doce
Como um tesouro de recordaçäo...
Grata saudade ao meu viver juntou-se
E hoje acompanha a minha solidäo
Feliz martírio que a esperança trouxe
A cada instante de separaçäo ! ...
Quanto mais longe,é mais a vida um sonho
A recordar no meu viver tristonho
Que nunca a gente deixa de sofrer ....
Longe de alguém que mais a gente ama
Para avivar no coraçäo a chama
Desta saudade atroz que é morrer
Acarape, 08 de novembro de 1964
66) O enfermeiro
Inspirado na lei da caridade
Sempre vejo este nobre companheiro
A cuidar dos irmáos como enfermeiro
Neste mundo sem crença nem piedade
Mitigando o sofrer da humanidade
Desta virtude é sempre um pioneiro
Desprezando os idílios do dinheiro
Pelo evangelo da fraternidade
E assim vive o bom homem que conheço
Na modesta pobreza do seu berço
Dedicando à bendita profissáo
Sem maldizer seu lado de plebeu...
E eu contemplo esse grande Cirineu
Na grandeza do imenso coraçäo
Acarape, 07 de novembro de 1963
Autor: Francisco Acélis Silveira
67) Pombo Correio
===========
Vai meu pombinho,pelo céu sereno
Lança o teu vöo em busca do infinito
E leva esta mensagem que transmito
Àquela a quem amei desde pequeno
...
Lá onde vires outro lar ameno
É pois, aí,o seu solar bendito
Diz-lhe portanto,o meu viver proscrito
É de desgosto eternamente pleno;
Chega-te,um pouco e diz-lhe bem ao ouvido
O quanto tenho por aqui sofrido
Por causa dela nesta soleidade;
E que se ainda houver um lenitivo
Que me liberte o coraçäo cativo
Antes que eu morra de cruel saudade
Aracoiaba,06 de junho de 1960
Autor: Francisco Acelis Silveira
68) Ao Deninson
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Vem,minha gente,ver que lar festivo
Que está täo lindo e feito um doce ninho,
De longe escuto a voz do Bobozinho,
Já täo sabido,sorridente e vivo !
Quando me encontro às vezes pensativo,
Volto ao seu rancho feito de carinho
E logo ao ver-me solta o seu gritinho
Que me desfaz do lance cansativo
Hoje que data o seu aniversário
Vou desfolhando logo o calendário
Com tal desvelo e delicado afeto...
E neste enlëvo que me prende a um laço
Corro bem cedo para dar o abraço
No meu querido e inesquecido Neto.
Fortaleza,01 de janeiro de 1971
Autor: Fco.Acélis Silveira
69) O Colibrí
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Todas as tardes por aqui vagueia
Um pequenino e meigo beija-flor
Que náo tem ninho,nem também gorjeia
Sem companheiro e näo possui amor...
Arisco,sempre por aqui rodeia
Beijando uma por uma,cada flor
E quando alguém se chega,ele volteia
Foge,ou se esconde,cheio de temor
Mas,ai da gente,aqui,na solidäo,
Se náo voltasse mais aos roseirais
O beija-flor feliz desta pensäo...
A nossa vida sem beleza e paz
Näo mais teria aquela vibraçäo
Dos tempos idos que näo voltam mais...
Acarape,04 de abril de 1970
Autor: Fco.Acélis Silveira
70) Os tempos
=========
Antigamente náo havia locomorve
Nem vapor,nem artomorve
Nem Jeep,nem caminháo
Aeroplano,isso náo havia
E rádio nem existia
Nem também televisáo
Ninguém falava no valor da medicina
Nem na tal penicilina
Dessas novas invençäo
Hoje tem bomba,foguete teleguiado
Väo a lua disparado
Na fumaça da explosäo
Näo mais se escreve com H nem Y
Só se fala em telefone
Nesses tempos de eleiçäo
Atrás do voto
Vem um sujeito letrado
Que mode ser deputado
Diz qui é fio do sertáo
Aracoiaba,14 de março de 1970
Autor: Francisco Acélis Silveira
71) TESTAMENTO DO JUDAS EM ARACOIABA
Autor: Francisco Acelis Silveira
SOU JUDAS SCARIOTES
TRAIDOR DAQUELE TEMPO
MEU NOME FICOU NA HISTORIA
DESDE O NOVO TESTAMENTO
VIM HOJE REENCARNADO
PARA MORRER ENFORCADO
AO LADO DO CHICO BENTO
ANTES, PORÉM MEUS AMIGOS
DESTA MORTE MALSINADA
VOU DEIXAR OS MEUS HERDEIROS
NUMA VIDA MAIS FOLGADA
SENDO DR. SALOMÃO
O PROPRIO TABELIÃO
DESTA PARTILHA ENRASCADA
NO CARTORIO DO ADONAI
REGISTREI MEU TESTAMENTO
CADA ALUNO DO GINÁSIO
COM DIREITO AO SEU PROVENTO
POIS TODOS SERÃO HERDEIROS
DAQUELE S TRINTA DINHEIROS
DO MEU EMPREENDIMENTO.
DEIXO-TE CARO PAULINO,
FILHO DO NECO MARTINS
O PALITÓ DO TEBEGIO
QUE VAI BATER NOS CONFINS
SE TU JÁ FOSSES CASADO
DAVA PRA SER RETALHADO
PRAS ROUPAS DOS CURUMINS
E PARA A TURMA DO CONJUNTO
NEM, TOME E DUSDETH
CAMBEBA E ZE IRAMAR
NÃO ESQUECI DE VOCES
VOU DEIXAR COM O SALOMÃO
MINHA GUITARRA E O VILÃO
PRA TOCAR MAIS UMA VEZ..
E PRA GERCINA SPICULITE
QUE TEM A TESTA DE CARNEIRO
DEIXO PRA ELA DE HERANÇA
A BOLSA DO MEU DINHEIRO
É FAVOR NÃO ME ESQUEÇER
E PARAR DE BLASFEMAR,
LÁ NA PORTA DO BANHEIRO
CARLOS BLEMAR ME ENVIOU ATRAVÉS DE E-MAIL
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