“ENQUANTO EU DORMIA...”
(Paulo Queiroz)
...Meu corpo descansava alado às asas duma paz desconhecida. Mas minha consciência se debatia em culpas; e ao passo que a culpabilidade afastava a inocência, Deus operava dentro de mim, revelando um amor que realmente vale a pena viver. E ao mesmo tempo, eu sonhava com meus filhos, com Deus, com o futuro sem trevas.
Depois tive um pesadelo onde o meu corpo era cruelmente massacrado e recortado, e atirado aos lobos famintos, e apenas a minha cabeça estava viva, pedindo socorro, suplicando pela vida. E tal qual se deu no Vale dos Ossos Secos, Deus remendou num sopro único os frangalhos inúteis da minha carne, dando-lhes utilidade espiritual, e desfazendo todas as armadilhas.
Noutro sonho, rememorei uma promessa, um voto que, com as mãos atadas à Palavra, fiz com Deus: que minha vida e a dos meus filhos pertenceriam desde o nascimento a Ele, e eu as punha a serviço do Reino, desde então, sob pena de perdê-los, mas isso (estou certo) não ocorrerá, porque voltei disposto ao cumprimento integral da aliança.
Pensei, dormindo, em Max Lucado, que ensina que Deus não me dará o presente genuíno até que eu renuncie à jóia falsa. E eu renunciei, sob o peso das seguintes palavras: “quais serão as pérolas que Deus espera que eu abandone? De qual bijuteria Ele gostaria que eu desistisse? Será que eu trocaria os presentes de menor valor pelo presente supremo que é voltar pra Deus?”
A resposta é: pela obediência, recebi a mensagem indubitável de que o melhor da terra comerei, por amor, por respeito, quando Deus me disse que a minha carreira, o meu trabalho, os meus estudos, os meus esforços, e todos os meus sonhos serão reais, como o próprio Deus O é, e como tudo na minha vida e na minha luta diária está sendo: real e gratificante.
Enquanto eu dormia, também doía muito o assombro dos pesadelos, mas as dores me ensinavam que quando um homem padece da falta de Deus, padece também de morte em sentido estrito. Mas eu não morri, nem morreram aqueles que amo, e por certo não morreremos por desejo de ser qualquer, a não ser pela ordem indiscutível de Deus.
Após os pesadelos frios e os sonhos felizes, enquanto eu despertava, via os rostos de meus filhos bem ali em cima de mim, me ninando, me amando, e também a presença feliz e surpreendente de um amor que está renascendo com força superior à dos mitos da Fênix, porque é real, e é de Deus... Sempre foi.
Enquanto eu dormia, aprendia a perdoar, me abraçando à mansidão ensinada por um amor que vale a pena, em silêncio, calado, redimido, feliz... E compreendia que o medo não há, nem das ameaças da vida, porque quaisquer maldições lançadas contra mim e contra os que amo estão sendo prontamente relançadas à sua origem, pela força do amor de Deus; pela Sua vingança, não pela minha.
Enquanto eu dormia, acordava pra vida, aprendendo todo dia a guerrear, combatendo valente com as armas de Deus, não com as minhas. Acordei, e tive a grata percepção de que estamos todos novamente nos braços de Deus-Pai, guardados, protegidos, imunes às ameaças e ao mal. São mesmo incríveis as estratégias de Deus para enganar os maus.
(Dedicado a meus filhos, e à minha esposa).
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