Começo logo dizendo que eu não li 50 Tons de Cinza, mas eu tentei, embora não tenha conseguido passar da página 20 - mas a Eliana já falou sobre ele aqui. Não fui adiante na leitura por ter achado pobre, sem graça, mal escrito, não me pegou, não deu, desculpa, gente.
Mas então eu fui assistir o filme pra ver se a adaptação era razoável, se ia me prender de alguma forma. Já cheguei com expectativas baixas, sem saber se ia mudar alguma coisa. Acredito que, no fim das contas, eu achava que poderia ser pior - o que não quer dizer que achei bom ou maravilhoso.
A história a gente já conhece: um dia a menina Anastasia Steele vai fazer uma entrevista com o Christian Grey e descobre que na verdade ele é um cara charmoso, sedutor e se apaixona por ele. Clichê, pobre e bobo. E é assim que segue o filme. O cara rico, poderoso, possessivo conquistando a mocinha e tentanto não se apaixonar por ela. No meio disso tudo temos uma pimentinha: ele é adepto às práticas do BDSM (Bondage e disciplina, Dominação e submissão e Sadismo e Masoquismo), tendo inclusive um quarto bem equipado para satisfazer suas vontades. Aí é assim: Mr Grey dá carro, computador, casa, comida e roupa lavada, mas em contrapartida a jovem Anastasia tem um contrato a seguir e nele estão inclusos itens como uma dieta balanceada, atividade física, médico escolhido por ele e todo o controle que ele acha que pode exercer sobre a moça.
Boooring |
Mas vamos falar sobre as coisas boas. A trilha sonora de 50 tons de cinza é maravilhosa. Durante noventa por cento do filme as músicas tocadas aparecem em bons momentos e são muito bacanas de serem ouvidas (mas olha, nem precisa assistir, dá pra ouvir tudo aqui). A história já começa com a Annie Lennox sendo maravilhosa cantando I Put My Spell on You, da Nina Simone.
Além dela, tem também Beyoncé, Ellie Goulding, Sia, The Weeknd e outros nomes. Escolhas muito bem feitas pra um longa com forte apelo comercial.
Outro ponto bastante positivo tem nome e sobrenome: Jamie Dornan. O irlandês interpreta o Mr Grey, embora possa ser visto em aparência e interpretação (muito) melhor na série The Fall, que ainda pretendo falar por aqui. Personagem à parte, o moço merece ser visto.
A fotografia do filme também é bonita, há cenas muito interessantes, mas nada de oohh que coisa maravilhosa.
Mais do que elementos bons, 50 Tons de Cinza peca pela breguice (assim como no livro), pelo texto fraco, pela mocinha que nem tem tanta cara de mocinha e não convence. Temos também cenas de sexo que não têm nada de surreais, fortes ou excitantes (confesso que uma delas é bonita, mas só). Posso dizer que é um soft porn? Acho que sim.
O problema maior é a história ser mal feita e a construção feita em cima dela. Tudo bem um casal apaixonado, vindo de uma realidade diferente (já vimos isso tantas vezes, não é mesmo? Ok o moço ser adepto de BDSM, ok Anastasia descobrir esse universo e curtir. Mas sabemos que o buraco é mais embaixo e que nem tudo é tão maravilhoso. Que a relação é abusiva, que o Grey é mais que um stalker, sendo o sujeito da situação e levando Anastasia (que é meio sonsa, gente) do jeito que ele quer. A história em si é uma grande armadilha de satanás que trabalha com a ideia de relacionamento abusivo disfarçado de romantismo e isso é sim um grande problema, mas talvez a discussão seja complexa demais pra um post que só vem falar um pouco mais sobre o filme, né?
Muitas pessoas saíram da sala de cinema felizes, empolgadas, outras tantas gritaram e aplaudiram durante a sessão (sim). Eu só ficava fazendo facepalm em muitas partes ou rindo do ridículo em outras. Sei que outros filmes virão e não sei se irei gastar meu tempo vendo. Quem sabe.
ELAS LERAM
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