BLOG DO POETA
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SONHOS & VERSOS
Raymundo Cortizo Perez
O amor
é uma condição
em que a felicidade
da outra pessoa
é essencial
para a tua própria felicidade.
Por que plantastes em meu peito o teu nome
e a ternura dos teus encantos
como se planta a semente do amor
em corações férteis e regados?
Por que transbordas em mim o teu negro olhar
como uma luz de vênus cintilando em minha alma
e penetra em meu coração como um punhal impiedoso?
Por que brilha ao sol o teu nome e me arde
como feridas em chamas nas labaredas da paixão
o ardente fogo do amor alado?
Por que insinuas quase nua o teu corpo moreno
e queimado e dourado de sinuosas curvas
transpirando malícias que me devoram?
Por que o teu olhar visita o meu em indagações
que não sei explicar e que no entanto o coração sente?
Por que plantastes o amor em mim?
O amor,
não é o que queremos sentir.
É o que sentimos sem querer.
Ele virava para o lado e dormia.
Ela se virava como podia.
Lentamente...
Aproximei-me dela e silenciosa
deslizava os seus dedos
sobre a bebida derramada na mesa
e desenhava um coração
e nele escrevia o nome de um poeta.
- Suas lágrimas se misturavam
com a bebida e apagava tudo,
ela refazia o desenho em soluços...
Para o perdão,
o tempo ainda não aconteceu.
Para amar-te novamente
já é muito tarde.
Creio
que perdoar-te não vale a pena
e esquecer-te também não.
É coisa que não se conta
o que a poesia canta,
quando torna-se versos
o que a alma em vão esconde.
Falou ela pois, se é eterno,
não sei; uma coisa sei,
e é que,
havendo eu nunca amado,
agora amo.
Não depende de nada e nem de ninguém.
Está escrito,
o que tem de acontecer,
vai acontecer.
O destino não pede opinião.
Em três tempos surge o poema
I
Olho fixamente no escuro
e projeto a imagem de um olho de gato.
II
A vida é uma coisa
que quando cansada gruda no corpo.
III
O interruptor da lua fechou
sem explicações,
sem maiores detalhes
criei o enigma do gato.
E, embora não fôssemos nada, de vez em quando
éramos versos da mesma poesia.
Eu via nela todos os encantos,
tinha defeitos e qualidades incomparáveis.
Ainda ouço a doçura de sua voz suave
chamando por mim.
Não era eclética e tínhamos o mesmo gosto,
a mesma idade.
Conversávamos tanto e todos os dias,
no final do dia,
um esperava pelo o outro.
Daí minha alma sentia necessidade inseparável dela.
Para cada um a vida deu um rumo
e nós nos perdemos e perdemos-nos.
Quem sabe se nessas voltas que a vida dá
e vida faria de nós
o grande amor que fomos
sem saber que o que vivíamos era amor.
FOTO: Raymundo Cortizo Perez/Blog do Poeta |
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