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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

SENTA AÍ QUE LÁ VEM RECEITA: Asinhas de porco decolam entre os petiscos





St. Cloud, Minnesota - Trisha Roberts deixou de lado seu conhecimento de anatomia animal e deu uma mordida numa "asinha de porco" (em inglês, "Pig Wing") frita. Numa noite recente, num bar próximo daqui, ela mergulhou o crocante e suculento ossinho de porco em molho chili adocicado, e logo partiu para outro.
Mas Roberts, estudante universitária e garçonete em meio período, franziu a testa quando soube que as "asinhas" eram, na verdade, pedaços de cinquenta e sete gramas de carne de porco cortados da fíbula de uma canela de pernil.
"Meus parentes e meus tios mais velhos comem coisas como canela", disse ela. "Eles comem miolo e outras coisas também. Eu até gosto, mas canela parece comida antiga".

Ouvindo a crítica de Roberts, Bob File tomou um gole de cerveja. File, antigo criador de porcos e presidente da Pioneer Meats, que se associou a uma empresa de processamento de alimentos para fazer as asinhas, afirma que a nomenclatura pode ser tão importante quanto a culinária.
"Sejamos francos", disse File. "Canela (em inglês, "shank") não é uma palavra bonita".
Assim como açougueiros, cozinheiros e donos de restaurantes antes dele, File acredita no poder dos eufemismos para popularizar esquisitices culinárias. "Ostras da montanha" soam muito mais apetitosas do que testículos de bezerro. "Presuntos de piquenique" vendem melhor do que assados de perna dianteira de porco. E a Applebee venderia milhões de "costelinhas" se elas fossem mais adequadamente identificadas como os processos transversos das vértebras lombares que sobram do desossamento do lombo suíno?

File vislumbrou pela primeira vez as possibilidades culinárias da parte inferior da perna traseira do porco em 2003, quando vendia carne de porco a concessionários numa corrida da NASCAR.
"Na época eles chamavam isso de martelos de porco", diz ele. (Um produto similar, conhecido como artilheiro, também foi lançado no mercado no início dos anos 2000). "Eles estavam sendo embalados com molho marinara, num formato italiano. Não ia funcionar".
O sabor de churrasco poderia resolver, ele pensou. Aproveitando sua experiência prévia em fazer e vender carne seca de porco, ele começou a buscar fornecedores de canelas e a desenvolver seu próprio produto. Ele também registrou o nome "Pig Wings" ("asinhas de porco").

Hoje, File, cujo negócio vem crescendo mais de dez por cento ao ano nos últimos quatro anos, vende mais de quatrocentos mil dos aproximadamente um milhão e cem mil quilos das canelas processadas vendidas nos Estados Unidos a cada ano.
Sob diferentes nomes, as canelas são servidas em restaurantes e bares por todo o país. A Farmland Foods, subsidiária da Smithfield Foods, começou a vender "asas selvagens" para atacadistas fornecedores de restaurantes.
A Smithfield recentemente pôs à venda canelas com a marca da apresentadora Paula Deen na QVC, canal de compras na televisão norte-americana. File negociou, mas não vendeu ainda, as suas Pig Wings para cadeias nacionais de fast food mais sofisticadas, como Buffalo Wild Wings e Famous Dave's.

As técnicas de preparo das canelas variam em diferentes lugares dos Estados Unidos.
Um balconista da Mac's Speed Shop em Charlotte, no estado da Carolina do Norte, disse que suas asinhas refogadas na cerveja e defumadas em lenha de nogueira ficam doces, como "picolés de porco no espetinho".
A Old German Beer Hall em Milwaukee, no estado do Wisconsin, serve as asinhas esfregadas com molho de churrasco com mostarda. No menu, os proprietários também cordialmente traduzem o prato para o alemão, como "schweinefluegel".
O Bad Wolf Bar B Q em Roanoake, no estado da Virgínia, marina, defuma e frita em óleo as suas Pig Wings.
E a Memphis Mae's em Croton-on-Hudson, no estado de Nova York, defuma as Pig Wings e as serve com molho de cereja e maçã.

A Bridge House Tavern em Chicago serve suas asinhas com salada de salsão com gorgonzola e um molho caipira de soro de leite.
Os fornecedores de alimentos das grandes feiras estaduais americanas inevitavelmente entraram na brincadeira. Na feira do estado do Wisconsin que aconteceu este ano, o Leadfoot's Bar and Grill incluiu as Pig Wings no seu repertório, acompanhadas de cachorros quentes com duas salsichas e queijo.
A canela de porco nem sempre precisou dessas formas inventivas de promoção.
"Antigamente ela era uma parte valiosa de um presunto cozido", diz Bruce Aidells, autor de livros de cozinha que já foi proprietário de uma empresa fabricante de embutidos. A canela podia ser usada como um pegador quando o presunto era escavado até o osso. Os restos de carne que se prendiam a ela após retirar o presunto podiam então ser usados para temperar sopas e caldos.

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 FONTE: http://nytsyn.br.msn.com/estilodevida/asinhas-de-porco-decolam-entre-os-petiscos-5?page=0

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