FLEXÍVEL E BARATA
Motocicleta tem sido opção para muitos fortalezenses
11.08.2013
O Ceará é o Estado do NE com o maior número de concessionárias de motos, 106, além de ter uma das maiores frotasSeja para reduzir o tempo despendido no trânsito, seja por conta dos custos mais baixos, a motocicleta tem sido opção para muitos fortalezenses. Atualmente, o Nordeste possui a mesma frota que o Brasil inteiro tinha em 2002, com 20,7 milhões de unidades. O número representa quatro vezes mais que a frota daquele ano da Região, de 5,4 milhões, conforme dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).
De 2004 a 2012, o crescimento da frota apenas na Capital foi de 208%, passando de 67 mil para 206 mil de motocicletas, conforme o Detran-CE FOTO: ALEX COSTA
Por sua vez, o Ceará é o estado do Nordeste com o maior número de concessionárias de motocicleta, 106, além de ter uma das maiores frotas - 985 mil veículos. Apesar do Interior concentrar a maior quantidade desse tipo de transporte, Fortaleza também tem sentido um aumento expressivo.
De 2004 a 2012, o crescimento da frota apenas na Capital foi de 208%, passando de 67 mil para 206 mil de motocicletas, conforme o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE). Até junho deste ano, a frota já somava 215 mil em Fortaleza. Foram emplacadas, apenas neste ano em Fortaleza, mais de 15 mil novos veículos do tipo.
"A motocicleta é um veículo flexível, é barato se comparado com o automóvel. Na década passada, tivemos crescimento na oferta de financiamentos para as classes socioeconômicas mais baixas, como a D e E, além da C", afirma o diretor-executivo da Abraciclo, José Eduardo Gonçalves.
Financiamentos
Apesar do aumento da frota, as vendas no varejo no Estado caíram de 143 mil em 2011, para 117 mil em 2012. Isso porque, explica Eduardo Fernandes, os bancos diminuíram a concessão de crédito para financiamentos e consórcios.
"Apenas 20% dos orçamentos para motos estão sendo aprovados. No Brasil, 85% dos compradores estão nas classes C, D e E. Se você pegar só as classes D e E são 48%. Quase metade dos compradores são das classes mais baixas", afirma.
Risco
Por isso, destaca, os bancos apontam um maior risco, já que nessas classes de consumidores há maior dificuldade para se comprovar renda.
"Até 2011 tínhamos financiamentos mais flexíveis. A partir do segundo semestre de 2011 começou a ficar mais difícil. Em 2012, eles se tornaram realmente muito seletivos", afirma.
Mais economia
Diante da falta de tempo, o mecânico de motocicletas Ednardo Costa aproveita a rapidez do transporte para também economizar dinheiro.
"Os custos da moto são bem mais baixos e você consegue fazer tudo em um curto espaço de tempo, já que o carro fica ´embarreirado´ no trânsito. Conforme disse, a cidade está toda quebrada e, em tudo o que é canto, o congestionamento é grande.
Segundo ele, no caso de pessoas que trabalham com o veículo, é necessário a manutenção trimestral, que custa, em média, R$ 700,00.
"A moto de pequeno porte suporta 12 litros de gasolina. Você roda cerca de 30 km em um quilômetro. É uma economia três vezes maior que o carro", ressalta Costa. (GR)
Prefeitura declara ter transporte como meta
As recentes manifestações contra a intenção da Prefeitura de Fortaleza de construir dois viadutos no cruzamento entre as avenidas Antônio Sales e Engenheiro Santana Júnior - resultando na derrubada de quase uma centena de árvores cortadas na madrugada da última quinta-feira - suscitaram diversos debates sobre como o poder público tem planejado o trânsito da Capital.
Diante das críticas recebidas nas últimas semanas, a gestão municipal tem declarado ter como prioridade o transporte público urbano.
"Não adianta mais fazer apenas ampliação de vias, viadutos ou intervenções pontuais. Nós entendemos que o transporte público seja bom e valha a pena (frente ao transporte particular", afirmou o titular da Secretaria de Infraestrutura de Fortaleza, Samuel Dias, em entrevista concedida, no fim do último mês, após protesto de manifestantes que, naquele momento, acampavam no Parque do Cocó.
Plano de mobilidade
O secretário destacou a elaboração do Plano de Mobilidade Integrado que a Prefeitura pretende entregar até o fim do próximo ano. Dias também ressaltou que, para aprimorar o transporte público e incentivar o uso de outros modais, a gestão municipal está executando as obras dos corredores exclusivos para ônibus - originados de projetos das gestões anteriores - e projetando a ampliação de ciclovias.
Obra no Cocó
Sobre a obra que pretende realizar próximo ao Parque do Cocó, ele ressaltou que a intervenção busca melhorar o transporte público na região.
"Essa obra não é uma obra de viaduto para reduzir o congestionamento no cruzamento. A obra é para viabilizar a implantação do corredor do ônibus em corredor expresso (Antônio Bezerra - Papicu)", argumenta.
De todo modo, a obra permanece sendo questionada por ambientalistas e urbanistas que são contra a derrubada de árvores no parque ou defendem outras alternativas aos viadutos previstos para o local. (JM)
Vilã do trânsito devido a acidentes
Apesar das facilidades, a motocicleta permanece como um dos principais vilões do trânsito, por conta do número crescente de acidentes. O diretor-executivo da Abraciclo, José Eduardo Gonçalves, alerta que o número de motocicletas, no Ceará, é 54% a mais do que a quantidade de motociclistas habilitados. Um dos reflexos do fato são as dezenas de acidentados que precisam ser internados, a cada semana, no Instituto Doutor José Frota (IJF). Conforme o diretor clínico do IJF, Osmar Aguiar, o número de motociclistas acidentados que chegam ao hospital tem aumentado nos últimos meses.
Nos dias úteis, informa, em torno de 30 motociclistas são levados ao IJF para serem atendidos. Aos sábados e domingos, complementa, o número salta, podendo até triplicar. "No último domingo, foram 84 acidentados", ilustra.
Segundo Aguiar, do total de motociclistas atendidos, de 50% a 60% precisam ser internados. O tempo de internação, explica, varia conforme o grau de complexidade de cada caso, podendo ser de menos de uma semana a prazos de 20 a 25 dias. "Isso se também não houver nenhuma complicação", acrescenta. Para o diretor, se o trânsito continuar da mesma forma, o número de acidentados deve continuar aumentando.
Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado, em 2011, uma vítima de acidente de trânsito com ferimentos de média complexidade custava aos cofres públicos R$ 1.200 por dia de internação - valor que pode aumentar caso haja a necessidade de procedimentos cirúrgicos.
"É um produto muito bom, ajuda muito no dia a dia, mas é preciso saber usar a motocicleta. É preciso o comprador investir em segurança e respeitar as leis de trânsito, usar capacete e roupas adequadas. O condutor tem que se conscientizar que tem que proteger a vida dele", reforça Eduardo Gonçalves. (GR)
FONTE:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1303029
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