'TELEFONE PREMIADO'
Saiba como não cair em golpes
07.09.2014
Delegado explica formas de evitar ser vítima de crimes cometidos pelo celular e dá dicas de segurança
A história, quase sempre, é a mesma: "Você acabou de ganhar R$100 mil na promoção Mega Bolada! Envie SMS com a palavra 'Sim' para este número". O chamado golpe da 'Ligação Premiada', apesar de bastante conhecido, ainda faz suas vítimas. Prova disso são os inúmeros relatos de quem caiu na lábia dos criminosos e chegou a fazer depósitos nas contas dos bandidos e, enganado, nunca mais viu a cor do seu dinheiro.
O delegado titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), Jaime de Paula Pessoa Linhares, diz que recebe quase um novo caso por dia útil na Delegacia de pessoas que foram enganadas pelos bandidos.
"Recebo uma média de 20 casos por mês, quase uma vítima por dia útil. E isso, aqueles que vão nas Delegacias e denunciam. São matérias em cima de matérias veiculadas na imprensa, e ainda assim as pessoas continuam caindo", disse.
No site "Quem Perturba?" (www.Quemperturba.Com.Br), há diversos relatos de pessoas que caíram ou não nas estórias contadas pelos criminosos, alertando os demais usuários da página sobre os números que são utilizados nas ações. Fazendo uma busca pelos telefones de DDD 85, do Ceará, é fácil encontrar histórias de prejuízos.
Na página, os usuários fazem seus relatos de maneira anônima. Em um dos comentários, datado de 29 de março deste ano, a pessoa recebeu uma ligação afirmando ter direito a um prêmio em dinheiro.
"Recebi uma ligação dizendo que eu tinha ganhado R$ 20 mil na promoção Mega Bolada. O homem perguntou se eu sabia dessa promoção, que meu número tinha sido escolhido aleatoriamente, que fui a quinta ganhadora. Passou um protocolo, os bancos participantes e queria saber em que banco eu tenho conta, se estou devendo para o banco, queria saber se tenho saldo na conta ou não. Procurei na internet enquanto deixei o telefone na espera, não sabia nada dessa promoção. Desliguei o telefone assim que li a respeito", contou.
Transferências
De acordo com o delegado, a prática envolve o depósito de quantias em dinheiro para, segundo os bandidos, 'liberar o prêmio' ao suposto ganhador.
"As vítimas alegam que receberam mensagem de texto ou ligação, com o DDD 85, dizendo que ganharam quantias em dinheiro, de R$10 mil, R$ 20 mil, R$ 120 mil, ou bens como carros e casas. Daí, quando retornam a ligação, as vítimas são orientadas a fazer depósitos em contas de terceiros ou a fazer recargas em números de celular desconhecidos", disse.
O delegado completa, dizendo que o modus operandi das quadrilhas é fácil de ser identificado pela Polícia e população.
"É o típico golpe praticado de dentro do presídio. Um caso que chegou aqui, a vítima depositou R$ 42 mil na conta fornecida pelos criminosos. Eles dizem que o depósito é para cobrir 'despesas administrativas'. São coisas até absurdas, mas rotineiras de as pessoas continuarem caindo", disse o titular da DDF.
Segundo o delegado, há ainda uma espécie de 'regra' seguida pelos criminosos. As vítimas, dificilmente, são números do mesmo Estado de onde parte o golpe. O motivo? Dificultar a ação da Polícia.
"É quase um acordo de cavalheiros, uma combinação entre eles. Em 99% dos casos, as vítimas são de outros Estados da federação, diferentes do de onde a ligação foi gerada. Eles fazem isso na esperança de que a vítima não vá atrás deles confiando na morosidade da Justiça", disparou.
Dicas
Linhares ressalta que não há muito o que fazer, senão, seguir algumas regras básicas para não cair nos golpes da 'Ligação Premiada' e afins.
"Temos que orientar a população de que não existe isso de se fazer depósito par a receber qualquer prêmio, principalmente quando se trata de alguma conta corrente em nome de Pessoa Física, sendo contatado por alguém que se diz funcionário de Pessoa Jurídica. Evite sempre fornecer seus dados, seja revelando-os verbalmente ou enviando cópias por e-mail", alertou.
"99% das chamadas vêm das prisões"
O delegado titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), Jaime Paula Pessoa Linhares, afirmou que o golpe da 'Ligação Premiada', é cometido, quase que totalmente, por presidiários. De acordo com Linhares, quase todas as ligações são feitas de dentro dos presídios.
"Posso dizer para você que grande parte destes golpes são cometidos por pessoas que estão presas. 99% das ligações e mensagens enviadas às vítimas são realizadas por presidiários, de dentro das unidades carcerárias. Diante disso, somente a instalação de bloqueadores de sinal e o aumento da fiscalização nas pessoas e objetos que entram nos presídios poderão diminuir a incidência desta prática", afirmou.
Prevenção
A Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) informou, em nota, que realiza vistoria todos os dias nos presídios, visando prevenir a entrada e o uso de objetos proibidos, como aparelhos celulares.
"A Coordenadoria do Sistema Penitenciário (Cosipe) realiza diariamente vistorias e revistas em todo o sistema penitenciário (presos e visitantes) com intuito de coibir o uso de ilícitos dentro das unidades prisionais do Estado. Além das vistorias, a Sejus investe em tecnologia de segurança prisional, com a adoção de videomonitoramento, raio x, raquetes e nos body scanners, estes em funcionamento em cinco grandes unidades penitenciárias da Região Metropolitana (ao todo, sete body scanners serão instalados)", informou.
A pasta ainda afirmou que desde 2011 "foi criada a Coordenadoria de Inteligência da Sejus (Coint) que trabalha nas ações de inteligência penitenciária, investigando, frustrando fugas e motins e na contenção e prevenção de delitos", frisando que os objetos apreendidos são entregues à Polícia para investigação.
Mais informações
Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF).
End.: Rua do Rosário, 199, 1ºandar – Centro
End.: Rua do Rosário, 199, 1ºandar – Centro
(85) 3101-7301
e-mail: ddf@policiacivil.ce.gov.br
Levi de Freitas
Repórter
Repórter
FONTE:
DIÁRIO DO NORDESTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário