Joana Brasiliano é uma das fundadoras do bloco Sereias do Cantareira.
Ela concorre ao título de Musa dos Blocos de SP, promovido pelo G1.
Lívia MachadoDo G1 São Paulo
Joana Brasiliano, de 28 anos, ganhou fama virtual na fantasia de uma metafórica sereia, que sofre com a falta de água e seca do sistema Cantareira. (Foto: Victor Moriyama/G1)No dia 24 de janeiro, a designer gráfica Joana Brasiliano, de 28 anos, ganhou fama no Youtube ao aparecer em um clipe fantasiada de uma metafórica sereia, "seca" por conta da falta de água de seu habitat: o sistema Cantareira. A história é letra da marchinha criada por ela e mais 10 amigos durante uma viagem de férias. (Veja o vídeo) |
O que começou como piada interna do grupo já rendeu 1º lugar em um concurso de marchinhas e o nascimento de um novo bloco, o Sereias do Cantareira – também nome da canção. O cordão estreia no dia 7 de fevereiro, na Rua Gravataí, no Centro, próximo à Praça Roosevelt.
Loira, alta, de olhos azuis (ou verdes?), Joana rechaça a definição de musa e de sereia. Diz tratar a questão da vaidade da mesma forma que incorporou a protagonista da marchinha: na base da piada.
“Acho que sou um pouco parecida mesmo com essa personagem do clipe. Uma pessoa que não se leva tão a sério e prefere brincar com essa ideia de beleza, do que investir e acreditar nela. Acho que os momentos em slow motion do clipe exemplificam esse gosto pela brincadeira de não incorporar de verdade esse personagem de musa e satirizar com o fato de faltar sensualidade na sereia”, defende.
Joana Brasiliano é a quarta de seis candidatas que serão apresentadas ao longo dos próximos dias e que concorrem ao título de Musa dos Blocos de São Paulo, em eleição promovida pelo G1 a partir da próxima segunda (9). Todas as candidatas — escolhidas pelo site — têm relação com algum bloco de carnaval de rua paulistano e são foliãs apaixonadas.
Paulistana da Vila Beatriz, Zona Oeste da capital, a jovem é formada em arquitetura, trabalha como designer gráfica, mas se define como “aspirante a diretora de arte”.
“Até agora trabalhava com design gráfico e pretendo seguir para o campo da direção de arte: sou ruim com palavras, a minha expressão sempre veio vinculada à imagens criadas na minha cabeça", explica.
O perfil ativista cresceu dentro de casa. Ela conta que em 2005 foi com sua família levar alguns quitutes árabes para o ex-prefeito e atual deputado federal Paulo Maluf, à época preso sob as acusações de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
“A ideia nasceu na mesa de almoço. Ao saber que o [cantor] Agnaldo Timóteo havia levado alguns quitutes árabes para que seu amigo passasse uma boa estadia na prisão, resolvemos parodiar sua atitude, levando uns ‘quitutes aos corruptos’ até a porta da Polícia Federal da Lapa, de maneira a desejar que Maluf passasse uma longa e infindável temporada na prisão”, recorda.
Joana se descreve como uma mulher de estilos “múltiplos”, e vê no humor uma ferramenta importante de comunicação. “É capaz de transmitir uma determinada mensagem, de uma maneira leve e corrosiva. Ele não deve ser limitado a temas menores e superficiais, mas sim tratar assuntos fundamentais da nossa sociedade”.
Profissionalmente, deseja que seu trabalho tenha impactos menos divertidos, mais revolucionários. “Meu sonho profissional acho que é sobretudo conseguir comunicar alguma coisa significativa. Realizar uma campanha talvez de saúda pública que fosse marcante e transformadora.”
Por ora, porém, quer curtir a folia e botar seu bloco-protesto na rua. “A Sereia da Cantareira e toda a população que sofrerá com a falta d'água terá que se adaptar com um novo cenário que creio ainda ser incerto, mas um tanto quanto assustador. Gosto muito de estar na rua e o carnaval de rua tem a potencialidade de ser uma festa democrática. E isso é muito bonito!”.
FONTE:
G1
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