Doença transmitida pelo Aedes aegypti provoca dores nas articulações.
Funcionários têm tirado licenças médicas cada vez mais longas na RMR.
Do G1 PE
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Nas últimas semanas, os profissionais de saúde têm notado um número cada vez maior de pessoas que buscam as Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) e os hospitais da Região Metropolitana do Recife (RMR) apresentando os sintomas da febre chikungunya. A enfermidade, que, assim como a dengue e a zika, é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, provoca dores nas articulações e inflamação nas mãos, punhos, joelhos e tornozelos. Esses sintomas, muitas vezes, impedem os pacientes de trabalhar.
As dores duram, em média, dez dias e a febre em torno de 48 horas. Mesmo depois de curado, o paciente pode continuar sentindo dores pelos próximos meses e, em alguns casos, até anos.
Por isso, como conta a gerente de loja Elizângela Ferreira, os funcionários têm precisado passar mais tempo de licença médica. “Nós tivemos alguns casos em que o colaborador necessitou de mais de 15 dias de afastamento para poder se recuperar e ainda voltou com queixas da doença”, relata.
Segundo boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) na terça-feira (16), de janeiro até o dia 13 de fevereiro foram notificados há 2.656 casos suspeitos de chikungunya no estado.
De acordo com o médico e pesquisador colaborador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Carlos Brito, a doença, quando atinge a fase aguda, impossibilita a pessoa de fazer as atividades do dia a dia. “Nesses casos, 30% a 50% dos pacientes vão cronificar por meses ou anos. São sintomatologias incapacitantes do ponto de vista da dor nas articulações, daí esse impacto que essa doença terá para a população”, complementa.
E a tendência é que a quantidade de pacientes só aumente. Segundo o Ministério da Saúde, estudos realizados em outros países que já sofreram com a chikungunya mostram que até 50% dos moradores de uma mesma comunidade onde o vírus circula adoecem num período entre três e seis meses.
Dessa forma, é comum os médicos atenderem os mesmos pacientes mais de uma vez. “Isso tem acontecido porque as pessoas não conseguem voltar ao trabalho, principalmente quem usa as mãos: digitadores, pessoas que trabalham dirigindo. Então, ele não tem condições de dirigir, usar as mãos, porque elas ficam muito doloridas”, afirma.
Este mês, especialistas se reuniram em Brasília para produzir um protocolo de orientação aos médicos sobre como tratar os pacientes de chikungunya. O objetivo é evitar as dores na fase aguda e a cronificação dos sintomas. O documento deve ser concluído na segunda quinzena de março.
Balanço
Na terça-feira (16), a Secretaria de Saúde de Pernambuco divulgou o último boletim sobre as notificações dos casos das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Segundo o balanço, de janeiro até o dia 13 de fevereiro, há 2.656 casos suspeitos de chikungunya em 101 municípios pernambucanos. Desses, 123 foram confirmados e 260, descartados. Uma morte está sendo investigada.
Ainda de acordo com o comunicado, o estado teve 184 casos confirmados de bebês com microcefalia. Ao todo, houve 1.546 notificações até o dia 13 deste mês. O estado notificou ainda 12.815 casos de dengue somente este ano, com 1.476 confirmações. Quanto ao zika vírus, foram 1.990 notificações. Desde que se tornou obrigatório registrar as notificações da doença, no dia 10 de dezembro, 46 casos foram confirmados.
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