Paredão Metralhadora é favorita ao título de música do Carnaval
Alexandre Lyrio ()
Em cima do maior paredão de som do mundo, à 1h05 de ontem, a Vingadora começou a atirar para todos os lados em pleno Farol da Barra. Era a primeira vez que os cartuchos de arrochadeira do hit Paredão Metralhadora, que começam a ser disparados pelo som grudento de um violino (o solinho do poder), faziam a multidão tremer na estreia da banda nesse Carnaval.
Outros arrochas até intervalaram o show de Tays Reis, vocalista da banda Vingadora, mas eis que o gatilho da metranca era novamente acionado. Tra, tra, tra, tra, tra!
Tays Reis, a Vingadora, com look Vingadora do Poder. A fantasia dourada foi a escolhida para a estreia da moça, 21 anos, no Carnaval de Salvador (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)
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À 1h25, o hit era tocado pela segunda vez. À 1h45, pela terceira vez. E nesse ritmo seguiu. Ao final, a metralhadora acabou atingindo em cheio os ouvidos do folião em exatos 10 momentos. “Tocamos a Metralhadora na frente de quase todos os camarotes. A pipoca pedia, o pessoal em cima do trio pedia, todo mundo pedia o tempo todo. A gente só obedecia”, explicou Mara Melo, que trabalha na assessoria do grupo.
Na onda do momento
Do início ao fim do percurso, foliões vestidos a caráter, ou seja, metidos em roupas militares e armados com pistolas de plástico e alegria, não conseguiam se camuflar.
Do início ao fim do percurso, foliões vestidos a caráter, ou seja, metidos em roupas militares e armados com pistolas de plástico e alegria, não conseguiam se camuflar.
Um grupo de homens e mulheres vingadores da folia chegou a formar um bloco bem na frente do trio. Cada um vestia uma blusa com alusão à metralhadora ou ao outro hit da banda, Minha Mãe Deixa.
“A gente simplesmente juntou a galera e resolveu homenagear a música do Carnaval. Porque não tem outra, né? Essa é a música do Carnaval”, explicou o folião Alex Trazillo, que organizou a galera embaixo.
Em cima do trio independente, nada de fardas de guerra. Com o look Vingadora do Poder, Tays vestia uma composição de fantasia dourada capaz de metralhar os olhos de tanto brilho. Antes de começar a cantar, a Rainha dos Paredões, que tem apenas 21 anos, nos contou que jamais havia participado do Carnaval de Salvador, nem mesmo como foliã.
“A minha mãe nunca deixou. Agora, estou aqui trabalhando. Estou muito feliz de participar desse momento. Vai ser de arrepiar”, previa Tays. Na sua estreia na folia soteropolitana, a banda Vingadora tem programação confirmada para tocar em dois trios e quatro camarotes.
Tays diz que Paredão Metralhadora homenageia as festas de paredões de som, que há alguns anos ocorrem em cidades do interior da Bahia. A canção homenageia um, especialmente, em sua terra, Itabuna.
O videoclipe, por exemplo, reproduz uma guerra de paredões entre homens e mulheres, explica Tays. Um dos hits do Verão em todo o país, Paredão Metralhadora contava, até ontem, mais de 40 milhões de visualizações apenas no perfil oficial da banda, no YouTube.
Quando fez a letra, Tays mal sabia que um dia estaria na maior festa do planeta, em cima do maior paredão de som que existe. E mais ainda: não poderia imaginar que a sua obra seria uma das favoritas – senão a favorita – para ser escolhida como a música do Carnaval. “Não gosto de cantar vitória antes da hora. Deixo para o povão”, revela, em tom humilde.
Quando fez a letra, Tays mal sabia que um dia estaria na maior festa do planeta, em cima do maior paredão de som que existe. E mais ainda: não poderia imaginar que a sua obra seria uma das favoritas – senão a favorita – para ser escolhida como a música do Carnaval. “Não gosto de cantar vitória antes da hora. Deixo para o povão”, revela, em tom humilde.
Multidão segue a banda Vingadora, com Tays Reis, em trio independente no circuito Dodô (Barra-Ondina),
na madrugada de ontem (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) |
E a galera, o que diz?
O povão, por sua vez, discutia sobre a letra da música. Finalmente, o hit incentiva a violência ou, como defende a banda, demonstra o poder feminino na sociedade atual?
O povão, por sua vez, discutia sobre a letra da música. Finalmente, o hit incentiva a violência ou, como defende a banda, demonstra o poder feminino na sociedade atual?
“Quiiiiiiii naaaaaada! A música não tem nada. Mas não precisa ter. Por isso que é boa”, disse o operador de máquina Darwisson Rocha, 21.
“É uma mistura de sacanagem com política. Os políticos metralhando a gente. É a cara do Brasil”, viajou o publicitário Pedro Delgado.
Eis que, no meio da multidão, o lavador de carros Sérgio de Souza, 52, é solicitado para dar o veredito sobre a canção. “Rapaz, nem conheço essa música. Nunca ouvi nem falar dela”. Coisas do Carnaval.
FONTE: Correio 24 Horas
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