O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, que, na quinta e, nessa sexta-feira, deu a arrancada na pré-campanha com visitas às cidades da Região do Cariri é um dos principais alvos do deputado federal Jair Bolsonaro, nome do PSC na corrida ao Palácio do Planalto. Bolsonaro e sua rede de apoiadores já miram suas críticas no ex-ministro Ciro Gomes, no senador Álvaro Dias (Podemos-PR) e no governo do presidente Michel Temer.
Há motivos para as críticas de Bolsonaro: uma delas é que, com a possibilidade do ex-presidente Lula ficar fora corrida eleitoral, Ciro Gomes se fortalece e, na última pesquisa do Instituto Datadfolha, apareceu com 10% das intenções de votos. Ciro, pela interpretação dos números dessa pesquisa, é herdeiro de parte dos eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva. Ou seja, Ciro se torna um candidato viável e, com isso, passa a ser alvo dos adversários.
O novo cenário, com a mudança de postura de Bolsonaro, é perceptível nas redes sociais. A mudança ocorreu a partir de 24 de janeiro, quando Lula foi condenado em segunda instância no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. A estratégia dos movimentos “intervencionista” e de “direita”, que formam a rede de Bolsonaro na internet, é barrar o avanço de Ciro e Álvaro Dias no eleitorado conservador.
O conteúdo em direção ao ex-governador do Ceará já está nas redes e os grupos divulgaram mensagens como “Ciro Gomes defende (Nicolás) Maduro”, numa referência ao presidente venezuelano, e “Álvaro Dias é comunista”.
Da bancada do PR, o deputado Capitão Augusto (SP), que trabalha para que Bolsonaro se filie ao partido, avaliou que uma possível saída de Lula da disputa levará a uma reavaliação de posicionamento de Bolsonaro. “É mais fácil bater no Lula, que é o chefe da quadrilha, claro.”
Como na política a máxima de quem apanha, também, leva, Bolsonaro não escapa do contra ataque: ao mesmo tempo, os adversários de Bolsonaro tentam desconstruir alguns discursos do parlamentar. Em entrevista à Rádio Jovem Pan, Ciro afirmou que o concorrente é um “moralista de goela” e fez “lavagem de dinheiro” ao receber pelo PSC um depósito de R$ 200 mil da JBS para sua campanha de 2014. Bolsonaro, que havia devolvido os recursos, entrou com processo por calúnia e injúria.
Uma reportagem do Jornal O Estado de São Paulo, edição deste sábado, mostra que “a dificuldade de manter a polarização com Lula, até agora líder nas pesquisas de intenção de voto, é mais um obstáculo que Bolsonaro terá de enfrentar. Aliados avaliam que ele também precisa superar a fragilidade nos discursos econômico, social e até da segurança pública, agora encampado pelo governo e repercutido nos discursos de adversários eleitorais’’.
Para os aliados, o parlamentar teve posicionamento dúbio sobre a intervenção na segurança pública do Rio, ora atacando, ora defendendo, o que teria permitido o fortalecimento do discurso na boca de adversários. O posicionamento dele na área econômica também voltou a ser colocado em xeque.
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