Postado por: John Lennon
Olá, leitor!
Publicado em 1951, Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade, é uma coletânea de poemas permeada de poemas com temáticas distintas, contudo, dentre ela, é inegável a presença de um contexto histórico da época, bem como as características que determinam essa obra como pertencente a terceira fase do modernismo da poesia brasileira.
É interessante perceber como o temor da Guerra Fria, que assustava o mundo com o terror de uma possível guerra nuclear entre as duas maiores potências mundiais da época, e os terrores remanescentes da 2ª Guerra Mundial, atuaram diretamente no mundo das artes, sendo temas recorrentes em diversas expressões artísticas diferentes.
Nesse contexto, é que Claro Enigma foi escrito, sendo este livro recheado de temas metafísicos, como, por exemplo, a utilização de temas abstratos e condizentes com as angústias humanas, com poemas versando sobre poesia, amor e a própria existência, sempre a questionar as definições e sentidos de tais temáticas, como também, sempre com uma visão mais pessimista de tudo.
Outro fato interessante é destacar que a obra é associada em diversas vezes através dos poemas que as compõe com a ideia de luz e escuridão, incerteza e angústia, e, principalmente, com a ideia de morte, associada constantemente com a noite.
“A Ingaia Ciência
A madureza, essa terrível prenda
que alguém nos dá, raptando-nos, com ela,
todo sabor gratuito de oferenda
sob a glacidade de uma estrela
a madureza vê, posto que a venda,
interrompa a surpresa da janela,
o círculo vazio, onde se estenda,
e que o mundo converte numa cela.
A madureza sabe o preço exato
dos amores, dos ócios, dos quebrantos,
e nada pode contra sua ciência
e nem contra si mesma. O agudo olfato,
o agudo olhar, a mão, livre de encantos,
se destroem no sonho da existência.”
Estrutura da obra
Claro Enigma é um livro de poemas composto por 41 poemas divididos em 6 partes diferentes:
- Entre lobo e cão – 18 poemas;
- Notícias amorosas – 7 poemas;
- O menino e os homens – 4 poemas;
- Selo de Minas – 4 poemas;
- Os lábios cerrados – 6 poemas;
- A máquina do mundo – 2 poemas.
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