Especialistas afirmam que aplicativo não deixa claro o que faz com os dados fornecidos pelos usuários e alertam sobre o uso das imagens para alimentar bancos de reconhecimento facial
O aplicativo FaceApp se tornou viral nos últimos dias por conta de um filtro que envelhece os rostos das pessoas. Mas, com a explosão de popularidade da ferramenta, defensores da privacidade de dados alertaram que usuários estão fornecendo à plataforma muito mais informações do que deveriam.
Criado pela empresa russa Wireless Lab, o aplicativo se baseia em um tipo de inteligência artificial – conhecida como rede neural – para anallisar rostos e os transformar de várias maneiras: rejuvenescer, envelhecer, trocar o gênero e a cor dos olhos, por exemplo.
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Para brincar com os filtros, as pessoas precisam autorizar que o aplicativo tenha acesso a uma série de informações pessoais, como as mídias. Por isso, a preocupação de especialistas é que os criadores do app estejam se aproveitando da popularidade dos filtros para construir uma grande base de dados de rostos, na teoria autorizada pelos usuários.
Como acontece com todos aplicativos, o FaceApp tem uma política de privacidade determinada pela Wireless Lab. O problema é que ela não deixa claro o que os administradores do serviço realmente fazem com os dados fornecidos.
Na política de privacidade, a companhia informa que "usamos ferramentas de análise de terceiros para nos ajudar a medir o tráfego e as tendências de uso do serviço. Estas ferramentas reúnem informação enviada pelo seu dispositivo ou pelo nosso serviço, incluindo as páginas web que visita, add-ons, e outra informação que nos ajude a melhorar o serviço. Reunimos e usamos esta informação analítica juntamente com informação analítica de outros utilizadores, para que não possa ser usada para identificar qualquer utilizador individual em particular".
O texto também diz que a empresa usa a informação que recebe para "melhorar e testar a eficácia do serviço, desenvolver e testar novos produtos e recursos, monitorizar métricas como o número total de visitantes, tráfego e padrões demográficos, diagnosticar ou corrigir problemas tecnológicos, e para atualizar automaticamente a web".
De acordo com o comentarista de tecnologia Stilgherrian, a política de privacidade da empresa deixa uma boa margem para manobras. Ao site ABC News, ele disse que o texto normativo é padronizado, por isso não oferece "efetivamente nenhuma proteção". "Todo o modelo de negócio do 'universo das startups' está acumulando grandes quantidades de dados pessoais sem qualquer ideia de como eles podem ser usados no futuro".
Então, com preocupações sobre a privacidade, você deveria usar o FaceApp?
O advogado Michael Bradley disse ao ABC News que, assim como muitos serviços que vêm de graça no mundo da tecnologia, é preciso tomar cuidado com as intenções do criador. "Qualquer um que tenha colocado seu rosto [em uma plataforma] online com seu nome e outros dados de identificação – por exemplo, qualquer pessoa com um perfil de rede social ou site – já está muito vulnerável a ser capturado digitalmente para futuros usos de reconhecimento facial", alertou Bradley.
Por isso, para ele o FaceApp "não acrescenta muito mais perigo". Mas, Bradley ressalta que o consentimento para o uso dessas informações para fins comerciais é um passo adicional que "não tem vantagens para os seres humanos".
O advogado pondera ainda que a política de privacidade do FaceApp não diz nada sobre o que aconteceria com os dados do usuário se ele parasse de usar o serviço. "Isso mostra que, se eles [os fundadores] venderem seus negócios, os dados das pessoas estarão disponíveis para o próximo comprador e elas consentem que isso aconteça", disse. Isto quer dizer que, como explicou Bradley, "a renúncia à privacidade se estende a qualquer afiliada do FaceApp. Hipoteticamente, e se o FaceApp fosse vendido para a NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos)?".
O direito executivo da Electronic Frontier Foundation, ONG que defende a liberdade de expressão e a privacidade no ambiente digital, Jon Lawrence, também se preocupa com o uso da imagem das pessoas para bancos de dados de reconhecimento facial.
"O Facebook, claro, está na vanguarda disso", disse, acrescentando que "o reconhecimento facial está rapidamente se tornando um dos elementos-chave da identidade digital". Por isso, ele observou que "as pessoas devem considerar a proteção de sua imagem facial da mesma maneira que devem proteger outras informações pessoais".
Já o presidente da Australian Privacy Foundation – outra ONG que defende os direitos à privacidade –David Vaile, é franco quanto ao FaceApp. "Resposta curta: não use", disse ele à ABC News. Para ele, o aplicativo pede acesso a mais informações do que precisa. "A partir da autorização do usuário, seus administradores podem compartilhar e reter indefinidamente seus dados, enfatizou Vaile. "Esse é o problema. A licença é tão flexível. Eles podem alegar que você permitiu que eles enviem [os dados] para onde e quem eles quiserem", concluiu.
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Criado pela empresa russa Wireless Lab, o aplicativo se baseia em um tipo de inteligência artificial – conhecida como rede neural – para anallisar rostos e os transformar de várias maneiras: rejuvenescer, envelhecer, trocar o gênero e a cor dos olhos, por exemplo.
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Para brincar com os filtros, as pessoas precisam autorizar que o aplicativo tenha acesso a uma série de informações pessoais, como as mídias. Por isso, a preocupação de especialistas é que os criadores do app estejam se aproveitando da popularidade dos filtros para construir uma grande base de dados de rostos, na teoria autorizada pelos usuários.
Como acontece com todos aplicativos, o FaceApp tem uma política de privacidade determinada pela Wireless Lab. O problema é que ela não deixa claro o que os administradores do serviço realmente fazem com os dados fornecidos.
Na política de privacidade, a companhia informa que "usamos ferramentas de análise de terceiros para nos ajudar a medir o tráfego e as tendências de uso do serviço. Estas ferramentas reúnem informação enviada pelo seu dispositivo ou pelo nosso serviço, incluindo as páginas web que visita, add-ons, e outra informação que nos ajude a melhorar o serviço. Reunimos e usamos esta informação analítica juntamente com informação analítica de outros utilizadores, para que não possa ser usada para identificar qualquer utilizador individual em particular".
O texto também diz que a empresa usa a informação que recebe para "melhorar e testar a eficácia do serviço, desenvolver e testar novos produtos e recursos, monitorizar métricas como o número total de visitantes, tráfego e padrões demográficos, diagnosticar ou corrigir problemas tecnológicos, e para atualizar automaticamente a web".
De acordo com o comentarista de tecnologia Stilgherrian, a política de privacidade da empresa deixa uma boa margem para manobras. Ao site ABC News, ele disse que o texto normativo é padronizado, por isso não oferece "efetivamente nenhuma proteção". "Todo o modelo de negócio do 'universo das startups' está acumulando grandes quantidades de dados pessoais sem qualquer ideia de como eles podem ser usados no futuro".
Então, com preocupações sobre a privacidade, você deveria usar o FaceApp?
O advogado Michael Bradley disse ao ABC News que, assim como muitos serviços que vêm de graça no mundo da tecnologia, é preciso tomar cuidado com as intenções do criador. "Qualquer um que tenha colocado seu rosto [em uma plataforma] online com seu nome e outros dados de identificação – por exemplo, qualquer pessoa com um perfil de rede social ou site – já está muito vulnerável a ser capturado digitalmente para futuros usos de reconhecimento facial", alertou Bradley.
Por isso, para ele o FaceApp "não acrescenta muito mais perigo". Mas, Bradley ressalta que o consentimento para o uso dessas informações para fins comerciais é um passo adicional que "não tem vantagens para os seres humanos".
O advogado pondera ainda que a política de privacidade do FaceApp não diz nada sobre o que aconteceria com os dados do usuário se ele parasse de usar o serviço. "Isso mostra que, se eles [os fundadores] venderem seus negócios, os dados das pessoas estarão disponíveis para o próximo comprador e elas consentem que isso aconteça", disse. Isto quer dizer que, como explicou Bradley, "a renúncia à privacidade se estende a qualquer afiliada do FaceApp. Hipoteticamente, e se o FaceApp fosse vendido para a NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos)?".
O direito executivo da Electronic Frontier Foundation, ONG que defende a liberdade de expressão e a privacidade no ambiente digital, Jon Lawrence, também se preocupa com o uso da imagem das pessoas para bancos de dados de reconhecimento facial.
"O Facebook, claro, está na vanguarda disso", disse, acrescentando que "o reconhecimento facial está rapidamente se tornando um dos elementos-chave da identidade digital". Por isso, ele observou que "as pessoas devem considerar a proteção de sua imagem facial da mesma maneira que devem proteger outras informações pessoais".
Já o presidente da Australian Privacy Foundation – outra ONG que defende os direitos à privacidade –David Vaile, é franco quanto ao FaceApp. "Resposta curta: não use", disse ele à ABC News. Para ele, o aplicativo pede acesso a mais informações do que precisa. "A partir da autorização do usuário, seus administradores podem compartilhar e reter indefinidamente seus dados, enfatizou Vaile. "Esse é o problema. A licença é tão flexível. Eles podem alegar que você permitiu que eles enviem [os dados] para onde e quem eles quiserem", concluiu.
Via: ABC News
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