crítico de Televisão
A fórmula utilizada pela dupla Gilberto Braga e Ricardo Linhares é secularmente tradicional na literatura policial. Não importa se o crime tenha ocorrido no início, no meio ou no final da história, pois o que mantém a curiosidade do leitor/espectador é a curiosidade: quem foi o assassino?
blenda gomesRomance entre Léo e Norma e, particularmente, a personagem de Glória Pires, deu fôlego à novela
Os três últimos capítulos se sustentarão através do suspense da dúvida - que se for mantida à tradição em Insensato Coração - somente terminará no capitulo final - desnecessário dizer que este artigo foi escrito no dia que os três tiros mancharam de sangue a roupa branca de Norma.
Como leitor de Agatha Christie, a Hitchcock da literatura de mistério inglês, Gilberto Braga deixou na cabeça do telespectador, pelo menos cinco suspeitos: Eunice (Deborah Evelyn), Fabíola (Roberta Rodrigues), Tia Neném (Ana Lúcia Torre), Isaias (Juliano Cazarré) e Leonardo (Gabriel Braga Nunes). É improvável - mas não impossível - que Gilberto surpreenda com o az oculto na manga do jogador de pôquer.
Quando Hugo Carvana esteve no Festival de Cinema de Natal, ele próprio desconhecia quem havia morto o seu personagem em Celebridade: "foram gravados quatros finais diferentes". A Globo tem usado esse recurso para evitar que o segredo seja antecipado pela internet. Por outro lado, como a novela termina antes no Brasil do que em Portugal, quem atirou em Norma aqui não será a mesma pessoa que matará em Lisboa. Essa alteração foi à maneira encontrada para manter de pé a audiência portuguesa.
A personagem, Norma, e (principalmente) a protagonista, Glória Pires, vinham sustentado uma novela que havia perdido o fôlego da criatividade e vinha se repetindo nas diversas tramas amorosas. A novidade com a qual Gilberto Braga iria passar à frente do seu colega (e rival) Aguinaldo Silva, era mostrar o primeiro beijo na boca de um casal gay, entre Eduardo (Rodrigo Andrade) e Hugo (Marcos Damigo), de uma novela brasileira - se houve algum em outra novela, não foi sequer notícia na revista de TV.
Na segunda metade dos anos 50, quando o Código de Produção de Hollywood foi sendo gradualmente ignorado pelos estúdios, a 20th Century-Fox despontou no front da ofensiva da discriminação racial (em A Ilha dos Trópicos) com o namoro da loura Joan Fontaine e o negro Harry Belafonte. Na época, porém, a América não estava social e psicologicamente preparada para aceitar um beijo interracial na boca.
Por temor que a rejeição racial (concentrada nos estados Sulistas) afetasse a bilheteria, a Fox eliminou a cena do beijo. Escudada numa pesquisa de opinião pública, que, aliás, já fora antecipada pela reação das telespectadoras através da imprensa, a Globo frustrou o pioneirismo físico e visual do homossexualismo de Insensato Coração. Numa coisa, porém, a Globo, estava certa: o beijo gay daria ibope num capítulo, mas a morte de Norma foi quem garantiria a audiência nesta reta final da novela.
2 comentários:
QUEM MATOU A NORMA FUI EU PAPEL CHATO...KKKKKKKKK
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