PROCURANDO POR ALGO?

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Papanicolau, o Mau......

Edson






 


 


 
 
 



Papanicolau, o Mau



 Homens pensam que abrir as pernas é a maior moleza:
só deitar ali, arrancar a calcinha e correr pro abraço.
Na maioria das vezes, é até verdade, mas um dia no ano, durante muitos anos, esse ato tão banal e (se a moça tiver sorte) corriqueiro vira um martírio abissal:
 o dia do papanicolau.
Menos uma data santa e muito mais um mergulho no inferno do desconforto,
 o dia do tal papa começa com aquele famoso
"pode se despir e colocar esse avental com a abertura voltada pra trás".
 
Peladas, descalças sobre o chão frio e com um ventinho batendo na bunda, vamos (nós, mulheres) nos encaminhando para a sala de exame.
Ao abrir a porta, temos a visão do hall do Hades:
uma maca coberta por lençol de papel, dois apoios para os pés, um computador esquisitão e um médico com aquele sorriso polido que diz, na verdade,
"não precisa ficar sem graça só porque jamais te vi na vida e agora vou enfiar e cutucar até a sua amígdala".
 Enfim, deitamos.
Deslizamos a bunda até a beira da maca, abrindo até a alma para a exploração iminente, encaixamos os calcanhares nos apoiadores.
"Agora relaxe."
Respiramos fundo e então ele adentra o âmago do nosso ser.
Gelado, mais duro do que estamos acostumadas, fino, metálico.
Um troço bizarro chamado espéculo.
Ele percorre o caminho que você, querido leitor, faz coisas absurdas e inconfessáveis para percorrer e enfim chega ao ponto final:
ali pertinho do colo do útero, onde alguns homens adoram brincar de bate-estaca, nos provocando sensações tão agradáveis quanto uma perfuração de tímpano.
E, então, expiramos aliviadas.
 Por pouco tempo.

 COÇANDO OS OVÁRIOS

 Algo dentro de nós se expande e alarga.
Quer dizer, mais ou menos dentro.
 Dentro e fora, pra ser exata.
O bico de pato estilizado afasta nossas caras-metades inferiores até que a zona do agrião fique completamente, absolutamente, inteiramente aberta e livre para o ataque final: o dedo.
E nessa hora, que horror, uma tremenda vulnerabilidade nos assola.
Além de escancaradas, temos um pedaço de mão cutucando cada canto e cavidade, procurando caroços, carnes estranhas e toda sorte de possíveis doenças.
 Mas não é nelas que pensamos enquanto nossa bexiga é pressionada e os
 ovários são coçados.
Pensamos é no quanto aquela situação lastimável vai durar.
E então, num transe anual, enxergamos o mundo através dos olhos de Einstein:
o tempo mesmo relativo (o exame nunca dura mais que cinco
 minutos, mas parece que daria para assistirmos a Spartacus e à trilogia de
 O Senhor dos Anéis na seqüência).
 Você já acha suficiente?
Ah, quanta inocência!
A retirada do dedo não é o fim, é o anúncio da hora da entrada de um tipo de palito de sorvete que escarafuncha e raspa nossas umidades para retirar o "material" que será analisado e dirá se nossa querida xana está 100% em ordem e habilitada para uso contínuo.
 
Só daí somos despirulitadas (retiram do meio de nós o que estava nos espetando) e fechamos tudo o que estava aberto.
 E pensar que a homarada faz o maior estardalhaço e arma um baita dramalhão mexicano só por causa de uma mera dedadinha no traseiro.
Mas como são mocinhas, não? ::

..............................
COLABORAÇÃO:
Cristina Welter

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