Segundo o cientista político Vitor Peixoto, doutor em financiamento público de campanha, essas despesas devem chegar a cerca de R$ 3 bilhões ao fim do segundo turno, em 28 de outubro. Essa previsão representa um aumento de 33% nos gastos da campanhas em relação às eleições municipais de 2008 (R$ 2,2 bilhões). Nesses dois meses, foram desembolsados, por exemplo, R$ 22,3 milhões na produção de jingles e vinhetas; R$ 45 milhões para contratar carros de som; R$ 3,7 milhões em fogos de artifício e rojões; e R$ 2,2 milhões para contato de telemarketing.
Num país que padece de Educação, Saúde e Saneamento, com 16,2 milhões de miseráveis (8% da população vive na pobreza extrema, com renda per capita de R$ 70 por mês), especialistas perguntam se os gastos são compatíveis com a realidade brasileira. Os candidatos gastaram R$ 15,5 milhões por dia, em média, desde o início das campanhas.
— Poderia ser mais barato, é claro que sim. Mas como não existem limites (para os gastos), quanto mais acirrada é a concorrência entre candidatos, maiores são as despesas. A única solução para levar esses números a um patamar decente é o Congresso aprovar uma lei estabelecendo um teto para os gastos — disse Marcus Figueiredo, do Instituto de Estudos Sociais e Política (Iesp), ligado à Uerj.
Gasto diário por eleitor é de R$ 6,93
Da fortuna gasta até aqui, R$ 551 milhões foram para despesas das campanhas dos candidatos a prefeito, incluindo comitê financeiro dos partidos. Outros R$ 404 milhões foram gastos pelas campanhas de vereadores e seus respectivos comitês. Mais R$ 20 milhões foram desembolsados pelos partidos, que não especificam nas contas ao TSE para qual dos dois pleitos a verba foi usada. Os valores desconsideram doações entre comitês, partidos e candidatos.
Com base no tamanho do eleitorado, esses gastos já equivalem a R$ 6,93 por eleitor. São 140,6 milhões de pessoas que vão às urnas este ano, segundo o TSE. O número é próximo ao da proposta que tem ganhado mais apoio no Congresso para o financiamento exclusivamente público de campanha, de R$ 7 por eleitor. Ou seja, faltando um mês e meio para o fim do segundo turno, os candidatos já estariam, na média, sem recursos para continuar a divulgar sua propostas para o mandato e angariar mais votos.
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