AMBULÂNCIAS
Municípios com unidades paradas perderão verbas
11.04.2013
O Ministério da Saúde deu aos gestores o prazo de 60 dias para que todas as ambulâncias sejam cadastradas
Municípios com ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) paradas não deverão continuar recebendo recursos do governo federal. Para ter maior controle sobre os serviços, o Ministério da Saúde estabeleceu o prazo de 60 dias para que as unidades de todas as cidades cobertas pelo Samu sejam cadastradas. A portaria foi publicada terça-feira (9), no Diário Oficial da União.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu Ceará 192) cobre 100% da Capital, no entanto, o tempo de espera da população por unidades é uma das principais reclamações durante ocorrência FOTO: NATINHO RODRIGUES
Além do cadastro, os gestores terão que informar, mensalmente, ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), a sua produção. Os municípios que descumprirem a determinação por mais de três meses consecutivos, terão suspensos os repasses para custeio das Unidades Móveis do Samu 192 e Centrais de Regulação das Urgências sem registro da produção. Só quando os gestores atualizarem o cadastro e voltarem a registrar sistematicamente a produção é que o repasse será normalizado.
Demora
Em fevereiro deste ano, a sogra da recepcionista Iris Goes, 39 anos, sofreu um infarto em casa. Imediatamente, acionaram o Samu para que fosse enviada uma ambulância ao local. Contudo, depois de meia hora de espera, nada do socorro chegar. Cansados da demora, a família optou por levá-la em um carro particular, mas não havia mais tempo. A aposentada, de 65 anos, já chegou morta ao hospital.
Casos como o de Iris são recorrentes. Basta observar a disparidade entre a demanda que o Samu recebe e o número de equipes ofertadas para atender a população. De acordo com Mozart Colin, diretor clínico do Serviço, o Samu Fortaleza recebe, em média, 3 mil ligações por dia, das quais cerca de 300 são atendidas. O critério para escolha de qual solicitação será atendida é a priorização de risco. "De acordo com a patologia informada é classificado qual paciente deverá ser atendido primeiro", esclarece.
O Samu cobre 100% da Capital. Entretanto, a frota de veículos da instituição é formada por 26 ambulâncias, sendo 18 unidades de suporte básico, quatro unidades de suporte avançado e quatro motolâncias. Outras seis, mais antigas, ficam na reserva e só circulam no caso de alguma outra precisar de manutenção.
Fragilidade
O tempo de espera é outro motivo de reclamação. No primeiro simulado de desastres naturais deste ano, realizado no último sábado (6), no bairro Antônio Bezerra, o atraso registrado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu Ceará 192) foi de 1h30, revelando a fragilidade das equipes de salvamento. Por causa da demora, a suposta vítima teve de ser socorrida por uma equipe do Corpo de Bombeiros.
Manoel Batista, motorista socorrista do Samu, denuncia que as condições das ambulâncias não são muito boas. "A gente trabalha com os carros no limite. Tem hora que não dá, somos obrigados a parar. Tem até veículo de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) rodando sem ar condicionado. O médico vai, porque tem boa vontade, mas alguns se recusam", comenta o profissional que há 18 anos trabalha na função. Batista acrescenta que os veículos não passam por serviços de manutenção preventiva.
O diretor clínico do Samu informa que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) sinalizou que pretende aumentar a frota de 18 para 22 unidades de suporte básico e de quatro para seis unidades de suporte avançado, o que ainda não tem data para acontecer.
No ano passado, o Ministério da Saúde destinou R$ 13 milhões para o custeio do Samu 192 no Ceará. Para este ano, a previsão é de que sejam investidos R$ 21,8 milhões pelo Governo Federal no Estado.
LUANA LIMAREPÓRTER
FONTE: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1252910
Nenhum comentário:
Postar um comentário