FISCALIZAÇÃO
56 condutores são multados diariamente sem habilitação
15.08.2013
A maioria dos infratores são os motociclistas; motoristas de carros particulares vêm em segundo, diz DetranA situação do trânsito no Brasil é considerada, por quase totalidade dos especialistas no assunto, como de calamidade pública. No Ceará, não é diferente. A imprudência, desrespeito à sinalização, ingestão de álcool e o grande número de não habilitados são os principais motivos da violência nas estradas e dentro das cidades do Estado.
Entre janeiro e junho deste ano, o Detran e a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) aplicaram 7.489 multas em condutores de moto sem CNH. Entre motoristas de carros particulares, este número foi de 1.577 Foto: Kid Júnior
De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/CE), somente no primeiro semestre deste ano, a fiscalização registrou 10.138 multas em motoristas que não possuem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Foram 56 multas por dia em seis meses. A grande maioria, 42 multas, em condutores de motos. Neste período, foram 7.489 multas. Os carros particulares vem em segundo lugar, com 1.577, sendo quase nove infrações diariamente.
A preocupação do Detran é com a diferença entre o crescimento da frota e o número de habilitados no Estado nas categorias A, B, C, D e E. De acordo com o órgão estadual de trânsito, em dez anos - entre 2003 e 2013, a frota de veículos registrou crescimento da ordem de 172% no Estado, enquanto os que possuem Carteira Nacional de Habilitação para as categorias A, B, C, D e E aumentou 94,7% em igual período.
Em 2003, a frota estadual era de 829,5 mil veículos e, até junho deste ano, pulou para 2.256.310 carros, motos, caminhões, caminhonetes, ônibus, micro-ônibus, reboques e semirreboques que circulam em todo o Estado. Nesse tempo, os habilitados passaram de 771.816 para 1.503.234, em 2013.
Irregularidades
A diferença entre os veículos e os com CNH, de 33,4%, revela um quadro assustador: 753,6 mil pessoas podem não estar regularizadas e, mesmo assim, se arriscam colocando a própria vida e a dos outros em perigo. A infração é considerada gravíssima e implica em apreensão da moto e multa de R$ 191,00, que é multiplicada por três, totalizando R$ 573,00.
No Interior, a situação é pior, analisa o engenheiro de transporte, Alberto Pereira. Das 769.284 motocicletas, apenas 465.597 possuem CNH. "São 303,6 mil pessoas que podem estar circulando nos municípios sem qualquer capacitação, o que podemos verificar na quantidade de acidentes, cujas vítimas enchem as enfermarias do Instituto José Frota (IJF)", frisa.
Entre os carros particulares, o problema também é grande. Entre janeiro e junho deste ano, o Detran, em parceria com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), aplicou 1.577 multas em motoristas em carteira de habilitação. Foram quase nove por dia. Outras 109 multas foram para caminhoneiros que também dirigiam sem a CNH.
No início de maio, o agricultor José da Silva, 42, alegou para a Polícia que a morte do estudante José Leonardo de Oliveira, 14, foi provocada pelo estouro de um pneu traseiro da sua camioneta D-10. Quem guiava o veículo era ele. Confessou não ter habilitação para dirigir.
Nesse casos, a lei é mais dura. Ele, além de pagar multa, foi preso e vai responder pela morte do rapaz. Na avaliação do comandante da PRE, coronel Túlio Studart, existem algumas características das infrações que mais preocupam. A embriaguez é uma delas, por causa da alteração nos reflexos. "O condutor inabilitado também, porque ele não tem a mínima perícia definida pelo Estado para dirigir", aponta.
Exigência
O especialista em trânsito Rogério Almeida afirma que as pessoas precisam entender que ter habilitação para dirigir é uma exigência da lei que deve ser cumprida. "Não há discussão quanto a isso: dirigir sem habilitação é crime".
Para ele, é definido que o requisito mínimo para poder dirigir é passar pelas aulas e provas não só pela parte técnica, mas pelo conhecimento que se aprende da legislação de trânsito, direção defensiva, entre outros fundamentos. "É claro, que com a prática o motorista vai melhorando, mas há um mínimo exigido. As pessoas arriscam porque poucas foram paradas pela fiscalização, que deve mesmo ser intensificada", diz.
LÊDA GONÇALVESREPÓRTER
FONTE:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1304649
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