Prostitutas reivindicam liberdade da profissão em desfile temático da Copa
Profissionais do sexo e feministas ocuparam praça no Centro de Campinas. No Dia da Prostituta, elas reivindicam regulamentação da categoria.
Com um desfile de roupas temáticas da Copa do Mundo, profissionais do sexo reivindicaram a regulamentação da profissão ocupando, na noite desta segunda-feira (2), a Praça Ruy Barbosa, no Centro de Campinas (SP). Integrantes de coletivos feministas e LGBT da cidade também dividiram a passarela do evento em apoio às prostitutas. Para protestar de forma bem-humorada, o grupo usou camisetas com frases como "Eu jogo pelada" e "Mete pra dentro, Seleção".
Além das roupas com os dizeres que aludiam ao torneiro mundial de futebol, as modelos do desfile empunharam cartazes como "trabalho sexual é legal", "prostituição não é crime" e "exploração sexual não é prostituição.
O evento chamou a atenção de quem passava pela praça, como os promotores de vendas Jussarra Marques e Bruno César. "Acho que é do direito delas. Tem que lutar e ir atrás de conseguir trabalhar no que quer", afirma Jussara. Já César defende que se deveria ter menos preconceito com o trabalho das profissionais do sexo. "Eu tenho algumas amigas no Jardim Itatinga e a maioria não está lá porque quer, mas porque corre atrás de ganhar dinheiro para realizar sonhos", conta ele.
Segundo Betânia dos Santos, prostituta há 20 anos e coordenadora da Associação Mulheres Guerreiras, que representa as profissionais do sexo da cidade, o evento é a segunda grande comemoração para a visilibidade das prostitutas em Campinas. "Estamos lutando para termos nossa causa reconhecida. Nossa associação nasceu da luta das profissionais do sexo e queremos a regulamentação do nosso trabalho", explica Betânia.
Luta por direitos
Além do desfile, o documentário "Mulheres Guerreiras: desbravando estradas da vida", que reúne memórias de profissionais do sexo da cidade, foi exibido para a população. A produção foi realizada por membros da associação, além de voluntários da Incubadora de Cooperativas Populares da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Além do desfile, o documentário "Mulheres Guerreiras: desbravando estradas da vida", que reúne memórias de profissionais do sexo da cidade, foi exibido para a população. A produção foi realizada por membros da associação, além de voluntários da Incubadora de Cooperativas Populares da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A profissional do sexo Theresinha Ferreira, conhecida como Sandra Cabelão, de 55 anos, foi uma das diretoras do documentário. Ela começou a se prostituir com 14 anos, após ter ficado órfã depois que os pais, indígenas, foram mortos em confronto com militares no Paraná. Aos 19 anos, mudou-se para Campinas e foi acolhida por outras profissionais do sexo no Jardim Itatinga, bairro conhecido pela concentração de boates e prostituição a céu aberto.
Segundo Aline Tavares, uma das voluntárias que ajudou no projeto, o objetivo do documentário foi registrar a história e a memória de prostitutas como Theresinha. "É importante também passar esse vídeo nessa praça, justamente de onde elas foram expulsas tempos atrás", afirma ela.
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