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terça-feira, 1 de outubro de 2019

Fernanda Montenegro ganha homenagem do Canal Brasil pelos seus 90 anos

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POR ISTO É
Você pode até achar que, se é para ser uma homenagem, a programação que o Canal Brasil presta a Fernanda Montenegro, sempre às terças e quartas deste mês de outubro, e na mesma faixa das 22h, omite filmes importantes, verdadeiros clássicos do cinema brasileiro. Fernanda comemora 90 anos, e o canal brasileiro lembra a data (16 de outubro de 1929), significativamente num momento em que a grande dama do audiovisual no País sofreu agressão verbal, sendo chamada de ‘sórdida’. Não reagiu, fez silêncio. A classe, indignada, reagiu por ela.
Cinema, teatro e televisão. É até difícil tentar lembrar momentos importantes dessa trajetória tão rica. Onde estão A Falecida, de Leon Hirszman, adaptado de Nelson Rodrigues? E Tudo Bem, o início da trilogia entre quatro paredes de Arnaldo Jabor, que colocou num apartamento que está sendo reformado o próprio País, que brigava por abertura política, nos anos 1970? E Eles não Usam Black-Tie? de Leon Hirszman, mais uma vez, que se baseou na peça de Gianfrancesco Guarnieri, criando aquele final antológico, após o final da greve, furada pelo filho de Romana e Otávio, e que termina com o casal catando feijão e jogando no lixo os grãos podres?
Faltam, no plural, mas o que sobra, oito longas e um curta, consegue dar conta do imenso talento da atriz e da enormidade de sua contribuição para a cultura brasileira.
Fernanda nasceu Arlette Pinheiro Esteves da Silva, numa família portuguesa, com certeza, no subúrbio do Rio. Desde cedo, a grande diversão familiar era ir ao cinema, e foi assim que ela criou o que chama de “meu refúgio imaginário”. Tornou-se rádio-atriz e atriz de teatro, os filmes vieram mais tarde.
De cara trocou o nome e, depois, para ter uma Fernanda de verdade na família, foi assim que batizou a filha, que também é atriz (e cronista, escritora) – Fernanda Torres. Prêmios, ganhou tantos que não há estante que segure o peso de tantos troféus – mas faltou o Oscar, para o qual foi indicada por Central do Brasil, de Walter Salles, mas não levou.
Ganhou, de qualquer maneira, o Urso de Prata em Berlim e o ouro do festival foi para o próprio filme, em 1998. Em Cannes, a primazia foi da filha, que ganhou em 1986 por outro Jabor, Eu Sei Que Vou Te Amar. Essas Fernanda, no plural, são demais.
A programação abre-se nesta terça-feira, dia 1º, às 22h, com o especial Fernanda Montenegro – 90 Anos e a exibição justamente de Central do Brasil. Dora, a escritora de cartas da Central de trens do Brasil, é uma trambiqueira que joga no lixo os sonhos das pessoas analfabetas que procuram seu auxílio. Mas algo se passa e essa mulher se toca com o desafio no olhar do menino – Vinicius de Oliveira. Com ele descobre uma ética que nem sabia possuir, ética. Atravessa o Brasil para entregá-lo à família. O Brasil atual deveria mirar-se nesse espelho. Os filmes vão prosseguir sempre às terças e quartas, sempre na faixa das 22h.
Confira:

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