Dia do Orgulho LGBTI+ é celebrado em 28 de junho, como símbolo da busca pela liberdade; no Ceará, marco é Parada pela Diversidade Sexual, adiada para novembro devido à pandemia de Covid-19.
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Cearenses relatam como autoaceitação e apoio familiar ajudam na luta por respeito
— Foto: Arquivo pessoal
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POR G1 CE
Neste 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTI+, milhões de pessoas publicarão fotos, vídeos e mensagens celebrando a liberdade de amar e de ser quem querem – enquanto outras inúmeras ainda precisarão ficar escondidas sob o medo. Lésbica, gay, mulher bissexual e homem transexual cearenses narram trajetórias da rejeição à autoafirmação, destacando a importância de familiares e amigos na luta por respeito.
Para o estudante John Mesquita, 23, a busca é diária. Nascido e criado no Bairro Serrinha, na periferia de Fortaleza, John cresceu convivendo com o conservadorismo religioso da família e o machismo da comunidade. A autodescoberta enquanto gay, então, foi “repleta de indecisões”. “Eu não me via como os outros meninos, e me preocupava com o que os professores e a família pensariam. Na periferia, somos tachados com palavras chulas, pejorativas, se não nos comportamos como querem. Fiquei bem retraído até conseguir me encaixar”, relembra.
“Abraçar a homossexualidade e defendê-la”, inclusive diante da família, como faz hoje, foi possível depois que ele passou a conviver com outros LGBTI+ em um projeto social do bairro. “Precisamos ter pessoas LGBTI+ nas profissões, nos ambientes, pra que as outras gerações se vejam. A partir do momento em que você conhece outros que vivenciaram o mesmo, você se aceita. Pessoas que vieram antes nos ajudaram a lutar pela liberdade de expressar de quem nós somos”, pontua John.
Ver para transformar
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"Pra mim, não existiam homens trans, só mulheres. Há três anos, descobri,
vendo histórias na internet", relata
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O primeiro passo foi “ver que não tinha nada de errado, que quem tá errada é a sociedade em não aceitar”. Hoje, com apoio da família, da namorada e dos amigos, Mário busca manter a saúde mental para as próximas batalhas, adiadas pela pandemia de Covid-19: o tratamento hormonal, ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e a retificação dos documentos, solicitada junto à Defensoria Pública do Ceará.
“Eu tinha feito todo o processo pelo plano de saúde do meu pai, que é policial, mas fiz 24 anos e perdi direito. Liguei pro Ambulatório Trans, não estava recebendo pacientes e me desesperei. Procurei o Centro de Referência LGBT, mas me encaminharam ao posto de saúde, que também não estava atendendo. O processo dos documentos também parou. É muito estressante”, desabafa o jovem. “O que me conforta é saber quem eu sou. Não é uma outra pessoa que vai me dizer. Eu tenho que ter esse orgulho de mim mesmo”, completa.
Durante a pandemia, o Centro de Referência LGBT Janaína Dutra, da Prefeitura de Fortaleza, tem ofertado atendimento remoto sobre violações de direito por orientação sexual ou identidade de gênero, por telefone (3452.2047) ou e-mail (crlgbtfortaleza@gmail.com). A Defensoria Pública atende pelos mesmos suportes: telefone (98895-5514) e e-mail (ndhac@defensoria.ce.def.br).
Já o Serviço de Referência Transdisciplinar para Transgêneros (Sertrans), do Hospital de Saúde Mental (HSM), “restringiu o atendimento a pacientes já encaminhados previamente pela Central de Regulação do Estado”, assistidos remotamente, disse em nota.
LEIA MAIS EM: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2020/06/28/da-rejeicao-ao-orgulho-lgbti-cearenses-relatam-como-autoaceitacao-e-apoio-familiar-ajudam-na-luta-por-respeito.ghtml
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