XCEARÁ
18 anos sem perrengue
08.12.2013
Atletas de voo livre mostram como o esporte tornou o sertão cearense um point para caçadores de recordes
Na reportagem radical desta semana, fomos até Quixadá, investigar o magnetismo que nos últimos anos tem atraído centenas de estrangeiros para o tórrido calor da caatinga cearense, transformada na Meca do voo livre.
E quem viveu essa transformação foi Antônio Carlos Almeida, um dos entusiastas dos esportes radicais. Surfista na década de 1980, Antônio Carlos é um daqueles entusiastas dos esportes radicais. Exímio surfista da década de 1980, até hoje alguns veteranos o apontam como o surfista de estilo mais bonito de todos os tempos do surf cearense.
Com raízes familiares em Quixadá, Almeida, teve o primeiro contato com o município aos oito anos, quando o pai retornou à terra natal para pagar uma promessa:com raízes familiares em Quixadá, teve o primeiro contato com o município aos oito anos, quando o pai retornou à terra natal para pagar promessa:
"Meu pai nasceu em Quixadá e depois que saiu daqui prometeu a si mesmo que só voltaria quando o açude do Cedro sangrasse. Não tenho certeza, mas se a memória não me trai, isso aconteceu no ano de 1974. Eu deveria ter por volta dos oito anos e lembro como se fosse hoje, aquela paisagem me encantou...", recordou Almeida.
Ele prosseguiu: "dali em diante, eu mesmo não percebia, mas um desejo profundo foi sendo cultivado dentro de mim, no sentido de mostrar para todo mundo aquela beleza maravilhosa que às vezes parecia invisível aos olhos da maioria das pessoas".
O tempo foi passando e a paixão pelas ondas deu lugar ao amor pelos ares. Vieram os anos de faculdade, pós-graduação, trabalho etc, mas sempre com a ideia de voltar para Quixadá, o paraíso que desde os oito anos não saía de seu pensamento.
Asa delta
Em 1988, logo que voltou para a terra de seu pai, começou a voar de asa delta e daí em diante começou a procurar um lugar para decolar com sua asa. Um certo dia, ele se deparou com a estrada que levava até o Santuário da Rainha do Sertão e resolveu subir para ver se seria possível decolar daquele local. Mal sabia ele que naquele momento estava escrevendo um importante capítulo da história dos esportes radicais mundiais e do voo livre.
Chegando lá, Almeida e alguns amigos limparam o terreno e descortinaram uma planície infinita, que não tinha uma única montanha no caminho e se apresentava como um ponto de decolagem perfeito. Imediatamente, ele procurou as autoridades eclesiásticas para pedir uma autorização para um pequeno voo.
E em 1992 ele e alguns amigos fizeram esse primeiro voo da rampa do Santuário, que ao contrário do que esperavam, não foi nada pequeno. Logo que o grupo decolou, de cerca de 500m, rapidamente os amigos atingiram 2.000m de altitude. Naquele momento Almeida percebeu que haviam descoberto uma mina de ouro para prática do voo livre.
Invisível
Mas, assim como em sua infância, parecia que aquele tesouro era invisível aos olhos do mundo. "Depois que descobrimos a rampa do Santuário tratei logo de entrar em contato com um amigo carioca, o Chico Santos, e o convidei para fazer um evento. Na hora ele disse que todo mundo sabia que viajar para o Ceará era sinônimo de perrengue", disse Almeida da reação do amigo.
"Então, no ano de 1996 aconteceu o 1º Ceará sem Roubada, um embrião do que depois se tornou o XCeará, extreme games de voo livre, em pleno sertão. De lá pra cá já são 18 edições e ano após ano o evento se consolida pela organização e logística de precisão cirúrgica, sobretudo nos resgates dos pilotos", comentou Antônio Carlos Almeida.
Pilotos em ação
Dom de maravilhar
Voadores de asa delta e parapente do Ceará e de outros estados, assim como de outros países estão sempre curtindo e elogiando as condições de voo de Quixadá, principalmente aqueles que buscam a quebra de recordes dos voos de longa distância. E esses pilotos atraem os curiosos olhares da população ao cruzarem os céus do Ceará com suas maravilhosas máquinas Fotos: Lucas de Menezes
GEORGE NORONHA
ESPECIAL PARA O JOGADA
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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