COLUNA
Sound
18.02.2014
Eles estão de parabéns!
1994.Ano de estreia, reafirmação e revolução na música? A gente acredita que sim! Confira lista dos 20 discos que sacudiram o Brasil e o mundo há 20anos
Não é uma tarefa fácil elencar em uma relação os álbuns mais essenciais de 1994, um dos anos mais férteis para a música, especialmente a brasileira, dos últimos tempos. Mas, aproveitando esse gancho dos 20 anos, porque não arriscar aqui uma espécie de TOP 20 com lançamentos nacionais e internacionais?
Recordar é viver? E quem não "vivenciou" aquela época, porque era jovem demais para ter consciência do que estava acontecendo ou não tinha nem nascido, a lista fica aqui como uma espécie de guia e playlist do som que rolava...
Então, começamos com quem estreou com o pé direito em 1994, ano em que suspeitamos ter sido o mais produtivo e profílico no Brasil desde o Tropicalismo. Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A se lançavam, respectivamente com "Da Lama Ao Caos" e "Samba Esquema Noise", e ainda projetavam o Manguebeat, movimento pernambucano que promovia a fusão de ritmos com elementos regionais como o maracatu com o rock, o samba hip hop e a música eletrônica.
Apoiados em letras de crítica social, ambos os grupos não chegaram a atingir o sucesso comercial até hoje, mas conquistaram rapidamente o reconhecimento de crítica até no exterior, feito obtido ainda nos primeiros álbuns. Da fase pop, defendida por Science, a Nação Zumbi emplacou nas rádios "A praieira", ainda que "Da lama ao caos", "Rios pontes e overdrives" e "Samba Makossa" sejam mais cultuadas pelos fãs. O "paciente" Mundo Livre, que já estava com dez anos de banda, se destacou com "Livre Iniciativa", "Uma Mulher com W Maiúsculo" e "Musa da Ilha Grande".
O Raimundos conseguiu inovar e ser mais bem-sucedido comercialmente já em seu debute. Formado em 1987, em Brasília, o quinteto introduziu o "forrócore" ou "forrock", que misturava dois gêneros até então insolúveis (fora o humor e a temática nordestina presente nas canções). A sacada do quinteto não só deu liga como abriu as portas para muitas outras bandas de rock que surgiriam depois apostando na pegada do hardcore.
Disco obrigatório para qualquer adolescente da época, é de "Raimundos" as estouradas "Puteiro em João Pessoa", "Palhas do Coqueiro", "Selim", entre tantas outras.
Os cariocas do Rappa também gravaram o primeiro trabalho há duas décadas. Apostando em músicas politizadas, "O Rappa" foi o seu cartão de visitas, passeando entre o rap, o reggae, o dub, o rock e o samba. Embora seja uma coletânea, "Racionais MCs" tiraram do gueto os rappers, que rimavam a realidade das periferias, a criminalidade, a pobreza, o preconceito social e racial e o mundo das drogas.
Britpop
Na Inglaterra, foi dada a largada por uma das mais animadas disputas do rock! Com o estourado "Definitely Maybe" (1994), o Oasis fazia sua estreia e começava sua homérica briga com o Blur. Quem é o Rei do Britpop?
Difícil dizer qual o melhor, quando se tem de um lado os irmãos Gallagher, que àquela altura tiveram o álbum de estreia que mais depressa vendeu no Reino Unido. É desse CD "Supersonic", "Shakermaker" "Live Forever" e "Cigarettes & Alcohol".
Já Damon Albarn e companhia, na estrada desde 1987, alcançaram a fama mundial com "Parklife", considerado um dos principais títulos da discografia dos ingleses. As faixas "Girls & Boys", "This is a Low" "To the End" e "End of Century" foram febres.
O Nirvana foi a maior banda de rock do mundo de 1992 a 1994. Só não durou mais por conta da morte de Kurt Cobain, em abril, aos 27 anos. O derradeiro "Unplugged in New York", lançado após a baixa de seu frontman, não supera "Nevermind" (1992) e "In Uthero" (1993) em qualidade, no entanto, o formato acústico desenvolvido pelo trio de Seattle viria a popularizar o modelo exaustivamente copiado posteriormente por outros tantos artistas e, de quebra, liderou a Billboard.
O Soundgarden só experimentou o gostinho do sucesso com o "Superunknown". Chris Cornell e seus comparsas, na batalha desde 1984, ganharam uma legião de fãs com os hits "Black Hole Sun", "Spoonman", "The Day I Tried to Live", "Fell on Black Days" e "My Wave".
Antes de se tornar apenas o marido de Gwen Stefani, do No Doubt, o britânico Ross Gavindale comandou o Bush, banda grunge e que só foi eficaz mesmo nos dois primeiros álbuns. A estreia foi no "Sixteen Stone", das ótimas "Comedown", "Machinehead", "Glycerine" e "Everything Zen".
1994 também foi promissor para artistas se firmarem ou engrenarem de vez suas carreiras. Cássia Eller, por exemplo, só desencantou no terceiro álbum, que leva o seu nome. Sua visceral versão de "Malandragem", clássico de Bezerra da Silva, era o empurrãozinho que precisava para despontar.
Musa da MPB
Marisa Monte, que já vinha em curva ascendente, ganhou status de estrela da MPB com "Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão", terceiro e melhor disco de sua trajetória e ainda o mais rentável: vendeu mais de 1 milhão de cópias. E realmente é todo bom, daqueles que a gente canta do início ao fim. Mérito das colaborações dos parceiros Nando Reis, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes e também das interpretações inspiradas de Marisa.
O Skank foi uma das principais bandas de pop rock surgidas nos anos 90, certo? Pois os mineiros se tornaram esses gigantes do mainstream após "Calango", que misturava rock, ska e reggae. "Jackie Tequila", "Pacato Cidadão", "Te Ver", "Esmola" e a releitura de "É proibido fumar" (de Roberto e Erasmo Carlos) dominaram as rádios até enjoar.
Os Paralamas entregaram o injustiçado "Severino", o sétimo deles. Mais conceitual e arrojado, o trabalho evoca as raízes nordestinas de Herbert Vianna (muita gente não sabe, mas o cantor é paraibano) e investe em letras políticas e arranjos bem diferentes, conjunto esse que causou estranheza aos fãs. Foi um fracasso em vendas no Brasil, mas, curiosamente, teve sobrevida na Argentina com o nome "Dos Margaritas" (em parte porque o trio já era querido por lá, tinha a contribuição do astro argentino Fito Paez e pelas músicas cantadas em espanhol). Outro detalhe interessante é a discreta participação do Brian May, sim, o guitarrista do Queen! Tom Zé também é convidado de luxo. Um clássico cult.
Pop punk
Em fevereiro, o Green Day apagou velinhas de "Dookie". Em sua terceira investida fonográfica, os californianos foram muitos felizes ao provar que era possível reinventar o punk rock, trazer maior apelo pop. "When I Come Around", "Basket Case" e "Longview" foram hinos de uma geração. A coroação de Dookie veio com o Grammy de Melhor Álbum de Música Alternativa.
Adotando linha parecida, o Offspring estourou com "Smash", outra obra onipresente em qualquer coleção juvenil. Com arranjos simples e melodias mais pop, sem deixar o peso da guitarra de fora, "Come Out and Play (Keep 'Em Separated)", "Self Esteem" e "Gotta Get Away" invadiram as paradas.
Os Beastie Boys, punks quando surgiram em 1979, romperam barreiras ao se meterem a fazer rap de branco a partir de 1984. De tanto pelejarem, deu certo. O triunfo veio em "Ill Communication", o quarto trabalho, responsável pelo boom do hip hop entre um público branco. Como não amar a anárquica "Sabotage"?
O trip hop do britânico Portishead se tornou objeto de desejo dos fãs indies já na sua estreia, em "Dummy". Na onda das raves, o electropunk do Prodigy se tornou referência em "Music for a Jilted Generation". Nine Inch Nails impressionou em "The Downward Spiral", considerada um dos melhores álbuns da década segundo a Spin e a Rolling Stone
Já chegamos a lista dos 20 álbuns que fizeram história em 1994. E como, é claro, ficaram uns artistas relevantes de fora, a gente também não teve coragem de não citá-los... Vale apontar ainda dessa impressionante safra os elogiados "Mellow Gold", de Beck (alçado a astro "loser"), e "Portrait of an American Family", a estreia do freak Marilyn Manson. "Vitalogy", do Pearl Jam, "Monster", do R.E.M., "No need to argue", do The Cranberries, e "The return space cowboy", do Jamiroquai, também agradaram e muito.
FONTE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário