SUCESSÃO
Pela primeira vez em 14 anos, nenhum prefeito de capital renuncia
Folhapress | 10h27 | 05.04.2014
Há quatro anos, foram seis renúncias em capitais para candidaturas a governos
O fim do prazo para afastamento de cargos públicos estabelecido pela lei eleitoral marcou uma novidade. Em 2014, pela primeira vez no século nenhum prefeito de capital renunciou para concorrer a um governo de Estado. É o fim de uma tradição surgida a partir da emenda da reeleição, em 1997, e que foi seguida por nomes de expressão nacional, como Tarso Genro (PT), em Porto Alegre em 2002, ou Beto Richa (PSDB), em Curitiba em 2010.
Há quatro anos, foram seis renúncias em capitais para candidaturas a governos. Uma explicação para a mudança pode estar no grande desgaste sofrido pelo tucano José Serra na última eleição municipal, há dois anos. Ele precisou sucessivamente explicar sua saída da Prefeitura de São Paulo, em 2006, quando tinha cumprido apenas 15 meses de mandato. O episódio serviu de munição para seus adversários em ataques no horário gratuito na TV.
Serra, à época, argumentou que "dezenas" de políticos de diversas origens já haviam deixado prefeituras pelo Brasil para concorrer ao governo. Entre os mencionados pelo tucano estavam Tarso, Richa e o sergipano Marcelo Déda (PT, 1960-2013), à época governador. Pesquisa do Datafolha em 2012 mostrava ampla rejeição à saída de Serra da prefeitura.
Outro possível desestímulo a renúncias agora é o grande risco da candidatura: em 2010, a maioria dos seis que renunciaram perdeu a eleição para governador e consequentemente quase três anos de mandato em seus municípios. O peemedebista José Fogaça, que renunciou em Porto Alegre há quatro anos para disputar o governo, perdeu força política e agora não consegue viabilizar uma candidatura ao Senado.
Pressionados para concorrer ao governo neste ano, os prefeitos de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), e de Salvador, ACM Neto (DEM), preferiram continuar em seus cargos. O cientista político Alvaro Barreto, da Universidade Federal de Pelotas (RS), diz que a emenda da reeleição mudou a "agenda" da classe política. "Foi um novo cenário e novos comportamentos apareceram."
Para ele, a situação deste ano pode ser circunstancial e influenciada, por exemplo, pela concorrência mais forte de governadores que vão disputar mais um mandato.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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