CAUTELA COM AS DÍVIDAS
Consumidor deve gastar menos com presente de Natal
14.11.2014
Com o objetivo de economizar neste fim de ano, parte das pessoas vai antecipar as compras
A preocupação com os gastos após um ano considerado atípico em termos econômicos deve levar o consumidor a reduzir o valor dos presentes de Natal este ano, de acordo com a Pesquisa Natal 2014 - Revelação sobre o hábito de consumo dos brasileiros, elaborada pela Deloitte. Segundo o levantamento, 46% dos entrevistados pretendem gastar menos este ano, e 40% deve gastar o mesmo valor do ano passado, em presentes. Em 2013, esses índices eram de 41% e 38%, respectivamente.
Esse cautela é também influenciada pelo cenário político do País, segundo avalia o sócio líder da Deloitte para atendimento às empresas de varejo, Reynaldo Saad. "É uma questão de rescisão, uma preocupação inercial com o que pode acontecer, que faz com que, mesmo na euforia do Natal, se mantenha o nível dos gastos igual ou menor do que o ano anterior", explica.
O endividamento também tem peso nesta decisão, acrescenta Saad. "Um terço do 13º salário será para quitar dívidas que foram obtidas há dois anos, com o "boom" do consumo da classe média", diz, citando dados da pesquisa.
Compras mais cedo
O estudo da Deloitte aponta, ainda, que 43% dos consumidores pretende antecipar as compras para o mês de Novembro, o maior índice para este mês, na série histórica de cinco anos da pesquisa. A intenção de economizar também está refletida nesta postura, segundo Saad. "As pessoas querem aproveitar os descontos que vão sendo colocadas pelos varejistas nesse mês, porque as semanas que antecedem as festas praticamente não têm promoções", justifica.
Os indicativos de redução de consumo e a antecipação das compras não significam, contudo, uma projeção de queda nas vendas do Natal. "As vendas para esse período não vão ser impactadas por isso. Não vamos ter o mesmo crescimento dos anos anteriores, mas teremos um aumento", defende.
O número médio de presentes a serem comprados (6,5) e o gasto médio por compra desse tipo, estabelecido em R$ 61, permanecem similares ao do ano anterior, aponta o estudo. Os itens mais comprados em lojas físicas, para presentear, continuam sendo roupas e sapatos, enquanto aparelhos eletrônicos e livros lideram as compras feitas pela internet, diz o estudo.
Plataformas virtuais
O uso da internet, aliás, é outro ponto abordado pela pesquisa, que traz esse meio como a primeira opção de compra de 66% dos consumidores, seguida das lojas de shoppings (58%) e lojas de departamento (49%). "Já está consolidado o hábito de usar a internet como primeiro canal de compra, mesmo que essa compra só seja efetuada depois, em uma loja física", acrescenta Saad, colocando a plataforma também como fonte de pesquisa sobre o produtos a serem adquiridos para o Natal.
Vendas em shoppings tendem a crescer 3%
As vendas de Natal nos shoppings do País, em 2014, devem ter crescimento de 3%, em relação ao ano passado, de acordo com a projeção da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). O consumo nesses estabelecimentos deve sofrer impacto de fatores, como a elevação de juros, alta do dólar, filtro mais rigoroso na concessão de crédito, volta da inflação e incertezas no rumo da economia, defende a associação.
No Ceará, esse incremento nas vendas deve oscilar entre 2% e 3%, de acordo com o presidente da Associação dos Lojistas de Shopping Centers do Ceará (Aloshop), Abílio do Carmo. O endividamento das famílias e a preocupação com gastos típicos do mês de janeiro, como IPTU e IPVA, segundo o presidente, devem contribuir para o freio no consumo. "Nós estamos fazendo a nossa parte, com as ações de marketing dos shopping, como os sorteios de carros, que atraem o consumidor. Além disso, a entrada da primeira parcela do 13º deve dar uma alavancada nas vendas", projeta.
A chegada do Shopping RioMar Fortaleza, acrescenta Abílio, deve deixar ainda mais sensível a divisão da fatia de mercado desse setor na Capital. "Eu acredito que os outros shoppings vão sentir um pouco a chegada desse novo empreendimento, principalmente por conta do mercado voltado para as classes mais privilegiadas", opina.
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