Brasília. Em depoimento à CPI da Petrobras, a ex-presidente da estatal Maria das Graças Foster afirmou ter ficado "envergonhada" com os relatos de propina na empresa feitos por ex-funcionários que se tornaram delatores da Operação Lava-Jato.
Citando o ex-gerente Pedro Barusco, um dos delatores, Graça, como é conhecida, afirmou que "nunca ia imaginar" que ele recebia propina. "Eu entrei aqui nas outras CPIs ou em audiências com muito mais coragem do que entro hoje. Poderiam ter todas as suspeitas, mas não tinha os fatos que estão aí. Eu tenho um constrangimento muito grande por tudo isso, de olhar pra vocês".
Graça repetiu a tese do também ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, de que a corrupção na estatal não era sistêmica. Ela blindou o PT e defendeu sua gestão, afirmando que a empresa bateu recordes em 2014 e que a Operação Lava-Jato acabou sendo "muito boa" para a Petrobras.
Numa crítica indireta à gestão tucana na Petrobras - período do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) - afirmou não acreditar que Barusco receberia propina isoladamente, como ele próprio declarou.
Houve bate-boca quando petistas acusaram a CPI de tentar blindar o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB.
Graça defendeu que a companhia continue sendo de controle estatal. Ela citou o papel da petroleira em prestar serviços ao País, exemplificando que a empresa chega a gastar para levar combustível às regiões mais remotas, compensando com uma cobrança mais alta em São Paulo, por exemplo.
"Privatizar a Petrobras e deixar os corruptos lá dentro não faz sentido. Manter a Petrobras e também deixar os corruptos, não faz sentido", disse, afirmando que é preciso "acertar a gestão da companhia".
Indicações
A executiva disse que vários diretores com indicação política atuavam na estatal quando ela era diretora de Gás e Energia. Todos, segundo a gestora, eram técnicos da companhia. Ela afirmou não saber de quais partidos eram as indicações e ressaltou que foi indicada por Dilma Rousseff tanto para o posto de diretora quanto para o de presidente.
Graça disse que em sua gestão, iniciada em 2012, ela mesma indicou todos os diretores.
Investigação
A Câmara vai gastar cerca de R$ 1 milhão para contratar a empresa de investigação Kroll para a CPI. O objetivo é buscar ativos no exterior dos investigados no esquema de corrupção.
A contratação foi articulada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é investigado na Lava-Jato. A Kroll vai atuar até o fim da CPI.
Sob o argumento de que se trata de uma firma especializada, o contrato foi formalizado ontem sem licitação.
Segundo o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), serão buscados, dentre outros, recursos no exterior dos delatores que eventualmente não tenham sido declarados às autoridades brasileiras em seus acordos de delação premiada.
FONTE: DN
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