Em 2014, 362 visitantes foram flagrados; número passou para 425 em 2015.
Partes íntimas, saco de biscoito e chinelo são usados para esconder .
Matheus RodriguesDo G1 Rio
Inspetor penitenciário com equipamento de revista conhecido como raquete (Foto: Matheus Rodrigues/ G1) |
Com o fim das revistas íntimas e o auxílio da tecnologia, o número de flagrantes no setor de revista do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, principal presídio do Rio de Janeiro, bateu recorde em 2015. Em 2014, 362 visitantes foram flagrados nos scanners — equipamentos de raio-x adotados para identificar irregularidades. O número subiu para 425 detidos no ano passado, sem contar com as apreensões de dezembro, ainda não computadas.
Mesmo com o uso de scanners na fiscalização, quem tenta levar algum material ilícito para dentro dos presídios usa das estratégias mais variadas para tentar burlar a fiscalização. Em entrevista aoG1, inspetores contaram alguns episódios que surpreenderam.
Com o fim das revistas íntimas no início de 2015, o emprego da tecnologia se fez necessário para ter eficiência nos flagrantes. O coordenador de segurança de Gericinó, Deiverson Costa, contou que a aliança entre o fim das revistas – consideradas vexatórias – e o emprego da tecnologia otimizou o trabalho da polícia e pôs fim ao constrangimento dos familiares de presos.
“Com a chegada do scanner mudou a eficácia no trabalho, a objetividade e até a rapidez da visita chegar ao seu destino. O trato com a visita mudou também, porque acabou aquele tipo de revista que era feito antigamente. Hoje a visita passa pelo scanner, demora de 7 a 10 segundos para fazer a verificação, e é levada para visitar seu familiar. Por um lado temos um resguardo ao próprio inspetor e por outro lado resguarda a integridade da visita também”, disse o coordenador.
Cerca de 2 mil pessoas por visita
O complexo é formado por 22 unidades prisionais e, apesar de ter capacidade para 16 mil pessoas, comporta 25 mil internos. Em média, cerca de duas mil pessoas vão a Bangu em um dia de grande fluxo de visitas. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), quase todo fim de semana do ano alguém é preso por tentar entrar com algo ilegal.
O complexo é formado por 22 unidades prisionais e, apesar de ter capacidade para 16 mil pessoas, comporta 25 mil internos. Em média, cerca de duas mil pessoas vão a Bangu em um dia de grande fluxo de visitas. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), quase todo fim de semana do ano alguém é preso por tentar entrar com algo ilegal.
Ainda de acordo com dados da Seap, a pessoa que é flagrada na revista é detida e encaminhada para uma extensão da 34ª DP, que fica dentro do complexo. O visitante perde ainda o direito de ver seu familiar por um tempo estabelecido, que pode ser de 180 dias a dois anos.
Em todo o estado, durante uma intensificação dos trabalhos dentro das celas de presídios em 2015, foram encontrados mais de 2,6 mil celulares, mais de 2 mil chips e 68 invólucros de drogas.
Casos inusitados
O trabalho de monitoramento de quem entra e sai Gericinó é feito desde a parte externa, por meio de câmeras de segurança. Os visitantes são observados durante tempo integral e mesmo assim se arriscam para entrar com material ilícito nos presídios.
O trabalho de monitoramento de quem entra e sai Gericinó é feito desde a parte externa, por meio de câmeras de segurança. Os visitantes são observados durante tempo integral e mesmo assim se arriscam para entrar com material ilícito nos presídios.
Os inspetores afirmam que alguns acabam se entregando antes de passarem pelo raio-x e outros chegam até simular desmaio para conseguir uma dispensa da revista.
Como exemplo de casos de exceção, os agentes citaram uma visitante que tentou entrar em Bangu com R$ 4 mil em espécie nas partes íntimas e outra que foi flagrada com dois celulares, dois carregadores e uma bateria também na cavidade vaginal. Em um único dia de visitas, a Seap já prendeu 12 mulheres. Há também mães que usam os filhos para tentar passar pela segurança, como uma mulher que colocou drogas dentro do pacote de biscoito da criança.
“A rotina maior é de flagrantes dentro da cavidade vaginal, é onde a gente tem o maior número de apreensões. Mas elas tentam burlar a segurança de todos os meios. Nós já encontramos na coxa, entre os seios, dentro do chinelo, dentro de garrafa de guaraná natural, entre os implantes de cabelo e até em fralda de criança. A forma de entrar com algo ilícito é variada para elas”, contou uma inspetora, que preferiu não se identificar.
Diversidade na fiscalização
Além do scanner, que faz o raio-x das pessoas que chegam no presídio, outros aparelhos são utilizados na fiscalização. A “raquete”, similar ao que é usado em casas noturnas, é usada para fazer a revista corporal. Por fim, existe o “banco” onde a pessoa senta no aparelho e, caso algum material seja identificado, um alerta sonoro é disparado.
Além do scanner, que faz o raio-x das pessoas que chegam no presídio, outros aparelhos são utilizados na fiscalização. A “raquete”, similar ao que é usado em casas noturnas, é usada para fazer a revista corporal. Por fim, existe o “banco” onde a pessoa senta no aparelho e, caso algum material seja identificado, um alerta sonoro é disparado.
FONTE: G1
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