Com autoridade, Santos bate Peñarol, é tri e eterniza geração Ganso-Neymar
Neymar, Paulo Henrique Ganso e todos os santistas deste mundo podem gritar a plenos pulmões: tricampeão da Copa Libertadores. Com enorme autoridade, o Santos não tomou conhecimento do pentacampeão Peñarol, enfiou 2 a 1 em um Pacaembu abarrotado e reescreveu a história na noite desta quarta-feira. Uma história que foi reescrita sob a benção de Pelé, e que dá o título mais importante àqueles que são o futuro e também o presente do futebol brasileiro.
Bicampeões paulistas, campeões da Copa do Brasil e, também, campeões da Copa Libertadores. Neymar e Ganso, que voltou de lesão para a grande final, já têm quatro títulos que poucos têm. Uma conquista que teve nomes fundamentais como o goleiro Rafael, o curinga Danilo, os ídolos Léo e Elano, o carrapato Adriano, os zagueiros Edu Dracena e Durval. De todos os santistas.
Ganso retorna para dar seu toque à final da Libertadores
Para a finalíssima da Copa Libertadores nenhuma novidade foi maior que a presença de Paulo Henrique Ganso, recuperado depois de seis semanas de ausência por conta de uma lesão muscular na coxa direita. Com ele, Muricy Ramalho mudou bastante a estrutura da equipe que, há uma semana, segurou um empate sem gols diante do Peñarol em Montevidéu.
O Santos, que deixou América do México, Once Caldas e Cerro Porteño pelo caminho, foi a campo com novidades na defesa. O sistema havia tido Pará, Bruno Rodrigo e Alex Sandro em Montevidéu, mas acabou sendo modificado. Jonathan, ainda lesionado, foi o único desfalque santista.
Rafael seguiu no gol, com Danilo e Léo nas laterais e Edu Dracena e Durval no miolo de zaga. Adriano e Arouca compuseram a cabeça de área, com mais liberdade para o segundo chegar na frente. Elano, do meio para a direita e Ganso, mais centralizado, foram os armadores. Neymar, como sempre, buscou o lado esquerdo do ataque, completado por Zé Eduardo.
A escalação do Peñarol foi exatamente a mesma que enfrentou o Santos na primeira partida. Diego Aguirre preservou a formação que superou Internacional, Universidad Católica e também o Velez Sarsfield, com duas linhas de quatro bem definidas e uma proposta de futebol competitivo.
Sosa no gol, Alejandro González, Valdez, Guillermo Rodríguez e Darío Rodríguez na defesa. O meio-campo teve Corujo e Mier abertos pelos flancos, com Freitas e Aguiar posicionados pela faixa central. Martinuccio e Olivera fecharam o ataque.
Primeiro tempo: mais 45 minutos sem gol
Se já não bastassem os 90 minutos em Montevidéu, a etapa inicial no Pacaembu também não teve gols. Muito disposto no início, o Santos ameaçou e passou a ideia de que poderia construir uma vantagem, o que não ocorreu até o intervalo. Aos poucos, o Peñarol reequilibrou a partida e causou alguma insegurança aos santistas com investidas rápidas sempre a partir dos pés de Martinuccio.
Em cima da equipe uruguaia, o Santos teve uma ótima chance já aos 3min. Elano cobrou falta pela direita e Durval, referência da bola aérea, subiu mais alto que a defesa e testou da entrada da pequena área. Bem posicionado, Sosa protegeu bem. Com o pé direito calibrado, Elano reapareceu aos 8min: de fora da área, soltou um foguete, bem defendido pelo goleiro do Peñarol.
Sem conseguir manter a intensidade do início da partida, o Santos foi concedendo espaços ao Peñarol, que demorou a criar uma chance clara, mas ainda assim equilibrou o jogo. Fiel perseguidor, Adriano descolou por um instante de Martinuccio. Esperto, o uruguaio invadiu a área pelo lado esquerdo e chutou perto da meta de Rafael. Já eram jogados 26 minutos.
Paulo Henrique Ganso, que já aparecia com os habituais belos passes, conseguiu uma enfiada perfeita para Neymar. Quando se preparava para entrar na área, ele foi seguro por Alejandro González. A falta, bem próxima da risca da grande área, foi bem batida por Elano. O goleiro Sosa, mais uma vez, colocou para fora. Aos 33min, Ganso de novo: bonito passe para Zé Eduardo, que acertou a rede, mas pelo lado de fora.
Já perto do intervalo, o Santos criou sua melhor ocasião. Zé Eduardo, na raça, avançou até a área com a bola dominada, dividiu, e acabou servindo Léo. Livre, ele se afobou e chutou com a direita rente à trave do Peñarol. Já nos acréscimos, Durval voltou a ameaçar na bola aérea, e Sosa sempre bem posicionado segurou.
Nervoso, o Santos foi para o intervalo ciente de que precisaria de ideias novas para o segundo tempo. E Neymar, novamente, levou cartão amarelo. Em dividida, ele tirou de campo o lateral González, seu marcador, que também tinha amarelo. Assim, na etapa final, precisaria enfrentar Albín, jovem e descansado.
Segundo tempo: o Santos é tricampeão
Atitude de campeão é o que Arouca mostrou na volta do intervalo. Incendiado, o volante santista comandou o excelente reinício de jogo do Santos. Depois de 270 minutos, enfim, saiu o primeiro gol da final da Copa Libertadores. Não poderia ser de outro pé, senão o de Neymar.
No primeiro minuto do segundo tempo, Arouca avançou desde a intermediária ofensiva, encontrou uma brecha na defesa e, desequilibrado, encontrou Neymar. Não precisava ser outro: com espaço curto, o camisa 11 decidiu rápido. Perfeito. Enfiou o pé direito na bola, firme, e estufou as redes do gol defendido por Sosa. O Santos passou a sentir o gostinho do título.
Com vantagem, a equipe de Muricy Ramalho encontrou espaços para ampliar, e por muito pouco não o fez rápido. Com 3min, Arouca puxou um contragolpe fulminante, e Zé Eduardo disparou pela esquerda com muito liberdade. Em vez do passe, ele preferiu o drible, e acabou desarmado. Neymar, com 7min, pedalou para cima de Albín, irritado, e arriscou de fora da área. A bola passou sobre o gol.
Toda grande história precisa de um coadjuvante perfeito: a do tricampeonato santista é Danilo. Homem do gol fundamental em Assunção, contra o Cerro Porteño. Homem também de gol em final da Copa Libertadores. Senhor da decisão, o Santos chegou ao segundo graças a Danilo. Lateral direito, depois de muitos jogos pelo meio, ele partiu pelo flanco, passou pela marcação e chutou de esquerda, no mesmo canto onde Neymar abriu o marcador.
O Pacaembu tinha ambiente de conquista já desenhado, mas a história da final ainda pregaria um drama ao Santos. Em bola cruzada por Estoyanoff, Durval se antecipou e, muito mal, colocou contra as próprias redes. Era a esperança em que o competitivo Peñarol precisava para se agarrar.
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