Ambos os estudos, realizados por pesquisadores das universidades de Maryland e da Carolina do Norte, assinalam a influência direta dos fatores psicológicos na saúde humana.
Segundo Michael Miller, da Universidade de Maryland, "a amplitude da alteração observada no endotélio (tecido que recobre a parede interna dos vasos) nas pessoas que riem é semelhante à que teriam numa atividade física intensa".
Isso não significa, porém, que o riso seja um substituto do exercício físico regular para manter a saúde cardiovascular, advertiu. "Trinta minutos de exercício, três vezes por semana, e 15 minutos de riso todos os dias são muito bons para o sistema vascular", afirmou.
No estudo, Miller exibiu trechos de dois filmes, um cômico e outro dramático, a 20 voluntários cujo sistema vascular estava sob observação.
A investigação centrou-se no comportamento do endotélio, que se contraiu nas cenas mais tristes, reduzindo a passagem do sangue em 14 dos 20 voluntários. Por contraste, quando os espectadores riram nas cenas cômicas, o sangue fluiu muito mais livremente em 19 deles.
Na maioria dos casos, a aterosclerose, ou endurecimento das artérias, tem início no endotélio.
O outro estudo, coordenado por Wein Jiang, da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, concluiu que a depressão --causadora muitas vezes de um estilo de vida nocivo à saúde (tabagismo, álcool e abuso de medicamentos)-- aumenta em 44% os riscos de mortalidade.
"Esta associação adversa da depressão a uma maior mortalidade é independente de outros fatores, incluindo a idade, o casamento, as funções cardíacas e as causas básicas dos problemas cardíacos", afirmou Jiang, que examinou mais de mil doentes cardíacos para determinar o seu nível de depressão.
Ainda não é clara a razão, acrescentou, mas os pacientes com depressão abstêm-se em geral de fazer exercícios físicos ou de tomar os seus medicamentos de forma adequada. "Da mesma forma, esses pacientes também tomam decisões nocivas à saúde, nomeadamente em relação à dieta ou ao consumo do tabaco", afirmou.
Os dois estudos parecem assim demonstrar que os estados de alma têm efeitos fisiológicos muito significativos.
Em fevereiro, investigadores norte-americanos publicaram um trabalho na revista "New England Journal of Medicine" em que falaram pela primeira vez da existência de uma síndrome cardíaca especificamente ligada a uma emoção forte, designada por "síndrome do coração destroçado".
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