CRISE DO MAR NEGRO
ONU envia representante ao conflito
03.05.2014
Em Donetsk e Luhansk , um número crescente de prédios vem sendo ocupado por grupos armados pró-Rússia
Nova York. Em nova sessão de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reiterou ontem a preocupação sobre a situação no leste e no sul da Ucrânia - especialmente na cidade de Slaviansk, onde dois helicópteros militares ucranianos foram derrubados e um grupo de observadores europeus continuava detido.
Mais uma vez, o chefe da ONU destacou a diplomacia como a única maneira de solucionar a crise. Adicionalmente, Ban comunicou o envio do sub-secretário-geral da Organização para assuntos políticos, Jeffrey Feltman, para as cidades de Kiev e Moscou a fim de arrefecer as tensões e reiterar o pedido da ONU por cautela e prevenção nesta "situação extremamente frágil" e perto de "sair do controle".
Feltman, por sua vez, informou ao Conselho sobre os últimos eventos, capazes de "desestabilizar a região e comprometer a unidade da própria Ucrânia".
Em mais de uma dúzia de cidades nas províncias orientais de Donetsk e Luhansk, informou, um número crescente de prédios é ocupado por grupos armados. Desde 12 de abril, Slaviansk, cidade com mais de 120 mil habitantes na província de Donetsk, está ocupada por insurgentes armados. A cidade também é cativeiro de uma equipe de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que foi capturada por forças separatistas no último dia 26 de abril.
Preço único
O governo da Rússia declarou ontem que a ofensiva do governo da Ucrânia no Leste do país contra os rebeldes pró-russos destrói o acordo de Genebra. Segundo o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov, um enviado russo vai ajudar a negociar a libertação dos observadores da Osce detidos por separatistas em Slaviansk há uma semana, enquanto tentavam fiscalizar o cumprimento do tratado de Genebra.
"Enquanto a Rússia está fazendo esforços para acalmar e resolver o conflito, o regime de Kiev (capital da Ucrânia) mobilizou forças aéreas contra localidades civis, num ataque de represália, terminando como a última esperança para a viabilização do acordo de Genebra", disse ontem o porta-voz.
O porta-voz disse que a Rússia está "extremamente preocupada" por seu enviado e por jornalistas que trabalham na zona de conflito. "Pedimos que sejam tomadas medidas para garantir a segurança", disse Peskov.
A Rússia também apelou à Osce para suspender a ofensiva ucraniana em Slaviansk, onde estão reunidos os separatistas pró-russos.
Alemanha e EUA querem ampliar as sanções
Nova York. Após se reunir com a chanceler alemã, Angela Merkel, em Washington, o presidente Barack Obama disse ontem que seguirá com sanções "setoriais" contra a Rússia se Moscou interferir nas eleições na Ucrânia, marcadas para o próximo dia 25.
Os dois líderes destacaram que a melhor saída para a crise no país é a solução diplomática, mas que não hesitarão em ampliar os embargos - que, no caso dos EUA, poderão incluir os setores de energia, armas e crédito.
"Se virmos que a desestabilização e os distúrbios continuam sendo tão fortes que impedem as eleições de 25 de maio, não teremos mais opção do que seguir adiante com severas sanções adicionais", disse Obama. Segundo o norte-americano, os EUA e a União Europeia estão "unidos na determinação de fazer com que a Rússia pague por suas ações", com o isolamento diplomático e econômico.
"O objetivo não é punir a Rússia, mas dar um incentivo para que escolha um melhor caminho", afirmou Obama.
A principal preocupação é no setor de energia, já que a Rússia exporta 30% de todo o gás consumido na Europa, sendo que a metade dele passa por gasodutos na Ucrânia. Para Obama, "não é realista" pensar que a Europa e os EUA possam "fechar a torneira" para a energia vindo da Rússia. Ele, contudo, não descarta sanções neste setor.
No caso da UE, Merkel disse que o grupo está "pronto e preparado para uma terceira rodada" de sanções. "Eu gostaria de destacar que isso não é necessariamente o que queremos, mas estamos prontos", declarou.
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