ESPORTES
Treinador argentino esteve em Salvador para clínica com os atletas e bateu um papo com o Correio
Ivan Dias Marques ()
Treinador argentino esteve em Salvador para clínica com os atletas e bateu um papo com o Correio
Ivan Dias Marques ()
Aos 60 anos, Rubén Magnano é responsável por devolver o orgulho do basquete nacional. Há cinco anos como técnico da seleção brasileira masculina, conseguiu classificar a equipe para uma Olimpíada após 16 anos e trouxe de Londres 2012 um excelente resultado: 5º lugar. Ano passado, outro bom papel, um 6º lugar no Mundial da Espanha.
Campeão Olímpico com a Argentina em 2004, ele esteve em Salvador no último fim de semana realizando uma clínica para jogadores e treinadores e recebeu o CORREIO para uma entrevista exclusiva.
O basquete, nos anos 80 e início dos 90, era o segundo esporte dos brasileiros. E houve uma retração, abrindo espaço para outros esportes. Você tem ideia de como retomar esse espaço?
O basquete brasileiro ficou num buraco por, talvez, 20 anos. E, nesse tempo, o vôlei ocupou o lugar. Acho que isso aconteceu por descuido de todos que cercam o basquete. Acho que ficaram olhando a história. A história é muito boa, mas não se pode ficar sentado em cima dela. Temos que pensar no futuro. O Brasil não tinha uma liga nacional forte e caiu. Agora, aos poucos, começou a se recuperar. É que o tentamos fazer. Temos que multiplicar rapidamente os postos onde se joga basquete. Nas escolas, nos clubes... Precisamos massificar o basquete. Deixá-lo ao alcance de garotos que queiram jogar e com condições para isso. Que não se feche uma porta para eles.
Campeão Olímpico com a Argentina em 2004, ele esteve em Salvador no último fim de semana realizando uma clínica para jogadores e treinadores e recebeu o CORREIO para uma entrevista exclusiva.
O basquete, nos anos 80 e início dos 90, era o segundo esporte dos brasileiros. E houve uma retração, abrindo espaço para outros esportes. Você tem ideia de como retomar esse espaço?
O basquete brasileiro ficou num buraco por, talvez, 20 anos. E, nesse tempo, o vôlei ocupou o lugar. Acho que isso aconteceu por descuido de todos que cercam o basquete. Acho que ficaram olhando a história. A história é muito boa, mas não se pode ficar sentado em cima dela. Temos que pensar no futuro. O Brasil não tinha uma liga nacional forte e caiu. Agora, aos poucos, começou a se recuperar. É que o tentamos fazer. Temos que multiplicar rapidamente os postos onde se joga basquete. Nas escolas, nos clubes... Precisamos massificar o basquete. Deixá-lo ao alcance de garotos que queiram jogar e com condições para isso. Que não se feche uma porta para eles.
Isso vai criar competições e teremos a matéria-prima. Acho que já há elementos positivos. Hoje, por exemplo, a escolas de treinadores vai voltar a atuar em uma plataforma virtual em todo o Brasil. Teremos nosso centro de treinamento (a ser construído em Pindamonhangaba-SP). A liga nacional tem equipes campeãs do mundo e da América. Isso ajuda muito. A liga de desenvolvimento também. É a soma de pequenos esforços.
Você acha que, após a sua chegada, o nosso basquete, que sempre se preocupou mais com o ataque do que com a defesa, já começa a olhar mais para os aspectos defensivos e coletivos?
Sim, mas acho que não é por causa da minha chegada. O basquete te obriga a isso, a quebrar esse paradigma que só se joga no ataque ou que só joga com a bola de três pontos. Todos sabem que se você não defende é muito difícil de ganhar. Tento fazer meu trabalho, onde, claro, a defesa tem um importante papel, onde o jogo coletivo tem que ser solidário. É minha ideia. Se alguém pega um pouco disso, eu realmente me sinto orgulhoso.
A questão de se não definir se o Brasil terá ou não vaga direta para a Olimpíada de 2016 está atrapalhando seus planos?
Sim, claro. Nós temos uma viagem para os EUA no fim do mês e ainda não temos uma resposta certa para dar aos jogadores. Ainda atrapalha minhas futuras ideias, de experimentar atletas na seleção.
Independentemente da vaga direta, você pensa em levar o mesmo grupo para o Pan de Toronto, em julho, e para o Copa América (que serve também como Pré-Olímpico), em agosto?
É impossível porque as datas batem. Não dá para treinar um time por três meses. Pode ser que algum jogar do Pan se incorpore à Copa América. Acho que teremos que convocar duas equipes diferentes.
Você acha que, após a sua chegada, o nosso basquete, que sempre se preocupou mais com o ataque do que com a defesa, já começa a olhar mais para os aspectos defensivos e coletivos?
Sim, mas acho que não é por causa da minha chegada. O basquete te obriga a isso, a quebrar esse paradigma que só se joga no ataque ou que só joga com a bola de três pontos. Todos sabem que se você não defende é muito difícil de ganhar. Tento fazer meu trabalho, onde, claro, a defesa tem um importante papel, onde o jogo coletivo tem que ser solidário. É minha ideia. Se alguém pega um pouco disso, eu realmente me sinto orgulhoso.
A questão de se não definir se o Brasil terá ou não vaga direta para a Olimpíada de 2016 está atrapalhando seus planos?
Sim, claro. Nós temos uma viagem para os EUA no fim do mês e ainda não temos uma resposta certa para dar aos jogadores. Ainda atrapalha minhas futuras ideias, de experimentar atletas na seleção.
Independentemente da vaga direta, você pensa em levar o mesmo grupo para o Pan de Toronto, em julho, e para o Copa América (que serve também como Pré-Olímpico), em agosto?
É impossível porque as datas batem. Não dá para treinar um time por três meses. Pode ser que algum jogar do Pan se incorpore à Copa América. Acho que teremos que convocar duas equipes diferentes.
Argentino realizou clínica para jogadores em Salvador (Foto: Robson Mendes/Correio)
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A Olimpíada do Rio deve ser a última competição em alto nível de atletas como Nenê, Varejão, Alex e Leandrinho, já acima dos 30 anos. A próxima geração está mais preparada para a Seleção?
Ainda falta. Infelizmente, tivemos muitos atletas que não vieram a convocações. Gente jovem que tentei incorporar à seleção. Porque não podia ficar pensando apenas em 2016, e, sim, no que vai acontecer depois. Sabemos que vai haver uma quantidade de jogadores que vão embora. E tentamos dar uma experiência a jovens para essa futura renovação em torneios internacionais.
Você acha que a sensação de que a seleção poderia ter ido mais à frente no Mundial e o fato da Olimpíada ser no Brasil vão impulsionar mais os jogadores?
Acho que é um sentimento que ficou em todos nós. Analisando o Mundial, tivemos muito perto de conquistar uma medalha. Eu tinha essa sensação. Mas também, é certo que temos que avaliar muita coisa. O Brasil jogou o grupo mais forte de todos. Ganhou do 2º (Sérvia) e do 3º (França) colocados (ambos na fase de grupos). São coisas que nos dizem que o Brasil está perto de lutar por uma medalha. E essa sensação que você falou e o fato de jogar em casa são elementos que, se a gente aproveitar com inteligência, podem dar uma força a mais.
Você acha que esse trabalho de clínicas pode ajudar a base a se desenvolver mais rápido?
Não sei se uma clínica que eu possa fazer irá influenciar no futuro do basquete. Mas claro que eu tento passar para eles as necessidades. Precisamos de professores, de treinadores, formar agentes multiplicadores. Temos que tornar o basquete tão importante no país quanto era há algum tempo atrás. E isso tem que ser feito na base, sem a menor dúvida.
Quais suas primeiras percepções do basquete da Bahia?
Tive pouco tempo com os garotos. Mas gostei muito do ginásio. Só que não adianta ter a melhor estrutura do mundo se você não tiver matéria-prima. Se não tem quantidade, é difícil achar qualidade.
FONTE: http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/resposnsavel-por-desenvolver-o-basquete-brasileiro-ruben-agnano-que-o-esporte-ao-alcance-de-todos/Ainda falta. Infelizmente, tivemos muitos atletas que não vieram a convocações. Gente jovem que tentei incorporar à seleção. Porque não podia ficar pensando apenas em 2016, e, sim, no que vai acontecer depois. Sabemos que vai haver uma quantidade de jogadores que vão embora. E tentamos dar uma experiência a jovens para essa futura renovação em torneios internacionais.
Você acha que a sensação de que a seleção poderia ter ido mais à frente no Mundial e o fato da Olimpíada ser no Brasil vão impulsionar mais os jogadores?
Acho que é um sentimento que ficou em todos nós. Analisando o Mundial, tivemos muito perto de conquistar uma medalha. Eu tinha essa sensação. Mas também, é certo que temos que avaliar muita coisa. O Brasil jogou o grupo mais forte de todos. Ganhou do 2º (Sérvia) e do 3º (França) colocados (ambos na fase de grupos). São coisas que nos dizem que o Brasil está perto de lutar por uma medalha. E essa sensação que você falou e o fato de jogar em casa são elementos que, se a gente aproveitar com inteligência, podem dar uma força a mais.
Você acha que esse trabalho de clínicas pode ajudar a base a se desenvolver mais rápido?
Não sei se uma clínica que eu possa fazer irá influenciar no futuro do basquete. Mas claro que eu tento passar para eles as necessidades. Precisamos de professores, de treinadores, formar agentes multiplicadores. Temos que tornar o basquete tão importante no país quanto era há algum tempo atrás. E isso tem que ser feito na base, sem a menor dúvida.
Quais suas primeiras percepções do basquete da Bahia?
Tive pouco tempo com os garotos. Mas gostei muito do ginásio. Só que não adianta ter a melhor estrutura do mundo se você não tiver matéria-prima. Se não tem quantidade, é difícil achar qualidade.
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