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domingo, 10 de maio de 2015

Cuidados para os corações das mães

vida
Sempre cabe mais um, diz o dito popular sobre a capacidade que o 'coração de mãe' tem para abraçar as responsabilidades de - na maioria das vezes - estar na linha de frente de suas famílias. Leia-se como uma licença poética para o dia, mas, sobretudo, como um alerta para que ela olhe mais para a sua saúde, a começar pela do coração, no sentido literal da palavra.
Por tradição, a mulher cuida melhor da saúde que o homem, uma vez que, historicamente, coube a ela esse papel de cuidadora. No entanto, é fato que o acúmulo de atividades e múltiplos papéis - de mãe, esposa, profissional, filha, cidadã, e muitas, de chefe de família - pode levar algumas mulheres a dispor de menos tempo e, com isso, adquirir hábitos de vida que favorecem o surgimento de fatores de risco associados a eventos cardiovasculares (sedentarismo, menor cuidado com a alimentação gerando obesidade, estresse, tabagismo), afirma a cardiologista clínica do Hospital do Coração de Messejana, Dra. Danielli. O.C. Lino.
Isso não significa que ela esteja menos atenta aos fatores de risco. Mesmo porque, afirma, "geralmente são nas consultas com o ginecologista que esses fatores são detectados. Como a doença cardiovascular é silenciosa, em ambos os sexos, acaba-se não valorizando o acompanhamento e tratamento especializado. Porém, ao saberem que tem hipertensão, diabetes ou "problemas no colesterol", ainda são as mulheres que tendem a procurar mais o acompanhamento médico do que a população masculina", afirma.
Indefinições
Os sintomas discretos e inespecíficos explicam em parte a alta incidência de óbitos em mulheres em decorrência de doenças cardiovasculares.
Segundo a Dra. Danielli Lino, "no caso do infarto agudo do miocárdio (que corresponde a pelo menos a metade dos óbitos nesta população), as mulheres possuem um pior prognóstico em relação aos homens, sendo o tratamento tardio e inadequado as principais hipóteses para um desfecho".
No geral, vários sintomas são relacionados, como aperto ou opressão no tórax, dor com irradiação para mandíbula, pescoço, ombros, orelha ou para os braços, dor abdominal, enjoos ou vômitos.
No entanto, as mulheres podem apresentar sintomatologia mais leves ou inespecífica, muito difíceis de serem definidos, como mal-estar e cansaço, o que dificulta e compromete o diagnóstico inicial, exigindo do médico uma atenção especial e cuidadosa nos casos de atendimento ao público feminino. Entre os relatos estão: "dificuldade para respirar", "dor na barriga e nas costas", "entre as escápulas".
Múltiplos fatores
Estudos relacionam o tabagismo, a hipertensão, o diabetes, a obesidade, fatores psicossociais (estresse e depressão), sedentarismo e alterações no colesterol como as principais condições causais para o infarto agudo do miocárdio (em homens e mulheres).
Sabe-se que tais fatores levam a danos no endotélio (camada celular que reveste internamente os vasos sanguíneos, inclusive o coração) predispondo ao surgimento de "placas de gorduras" que ao romperem provocam o infarto. O tabagismo se constitui em risco para o infarto em mulheres jovens, principalmente em combinação com diabetes ou o uso de anticoncepcionais.
Os números realmente não são favoráveis ao sexo feminino. De acordo com a cardiologista, nos Estados Unidos, uma em cada três mulheres morrem por doença cardiovascular (DCV), assim como tendem a ter mais morte súbita que os homens e um pior prognóstico intra-hospitalar. No Brasil não é diferente, onde a mortalidade do sexo feminino por DCV é de, aproximadamente, 37%.
Menopausa
O surgimento dos sintomas e eventos tendem a ser de 8 a 10 anos mais tardios que nos homens, no período pós-menopausa, no qual a teoria baseia-se na suposta proteção hormonal do endotélio feminino a exposição estrogênica que antecede a menopausa. Além disso, existe uma maior incidência no período pós-menopausa de hipertensão arterial, diabetes, obesidade e dislipidemia.
A hipertensão é o principal fator de risco cardiovascular em mulheres após a menopausa, sendo nesse período (após os 60 anos de idade) sua incidência maior que na população masculina. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado estão associados a reduções de eventos cardiovasculares e renais, principalmente nos relacionados ao AVC.
Embora não existam estatísticas internas, a maioria das mulheres atendidas no Hospital do Coração Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (referência nestas afecções) tem idade superior a 50 anos e apresenta hipertensão, diabetes, dislipidemia e tabagismo.
"Chegam ao nosso hospital já apresentando infarto agudo do miocárdio e, muitas vezes, não eram acompanhadas ambulatorialmente para o controle dos fatores de risco na assistência básica (responsável pela prevenção primária). Notamos o aumento de internações em mulheres jovens, entre 30 e 50 anos, geralmente obesas, diabéticas e /ou tabagistas", diz a Dra. Danielli Lino.
Fonte: DN

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