O DIA DA INAUGURAÇÃO DO MUNDOLuiz Coronel O mundo estava pronto ao findar do sexto dia. Água e terra, lado a lado na mais perfeita harmonia. Então uma pedra falou com sua voz um tanto aguda: “Eu gostaria de andar!” E Deus fez a tartaruga. E depois uma montanha, com sua voz trovejante, pediu para ser bicho, e Deus criou o elefante. E a lua que se refletia em águas claras, pacatas disse que queria nadar e se fez peixe de prata. E quando a folhinha verde expressou os sonhos seus de saltitar entre os galhos se tornou um louva-a-deus. E as nuvens que cobriam de branco o céu inteiro resolveram se transformar num rebanho de cordeiros. E o sol, com pinta de rei quis também sua mutação: por ter uma juba dourada Deus fez do Sol um leão. E no seu galho uma flor, com vozinha de opereta, pediu que queria voar. E Deus fez a borboleta. E a estrela brilhante, vendo a onda se elevar, pediu para descer às águas e hoje é “estrela do mar”. E um anjo que estava perto (até nem me lembro o nome), gritou que queria ser Deus. De castigo virou homem. |
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