Folhapress | 11h30 | 27.02.2013
Cantor cita Brasil como exemplo de combate à pobreza
Bono, líder da banda U2, deixou de lado a persona astro do rock para falar sobre pobreza extrema, que, segundo ele, deve chegar ao fim nos próximos 15 anos. Para o músico, Brasil, Gana e Tanzânia lideram a corrida pela solução do problema.
Corrupção continua sendo a principal trava, mas a "vacina é a transparência", afirmou Bono. Foto: Agência Reuters
Corrupção continua sendo a principal trava, mas a "vacina é a transparência", afirmou Bono. Foto: Agência Reuters
"Hoje quero apenas cantar os fatos. [O índice mundial de] pobreza extrema foi reduzido pela metade. E, se continuarmos nesta tendência, será zero em 2028", disse Bono para a plateia do TED, um evento em Long Beach que reúne especialistas de tecnologia, entretenimento e design para palestras de cerca de 15 minutos. "E 2028 está quase aí, só mais umas três turnês de despedida dos Rolling Stones."
Segundo Bono e sua organização One.org, o número de pessoas nessa situação (ou seja, com até R$ 2,50 por dia) foi de 43% em 1990 para 21% em 2010. O índice de mortalidade de crianças de até cinco anos também diminuiu bastante (menos 7.256 crianças morrem por dia).
"Não é algo Poliana, sem noção de um roqueiro. É real", ele continuou nos bastidores, ao conversar com jornalistas. "Mas o índice ainda é alto, há muito trabalho a ser feito. A pobreza não vai acabar."
O aumento da transparência financeira de governos e queda no preço dos remédios de Aidssão fatores que ajudaram no combate, além do acesso à tecnologia. Corrupção continua sendo a principal trava, mas a "vacina é a transparência", falou Bono.
O cantor foi premiado em 2005 com um TED Prise, prêmio de R$ 200 mil que o ajudou a fundar a organização One para combate à pobreza. Ele citou o Brasil como exemplo e elogiou o ex-presidente Lula e sua "protegè" Dilma.
Ao ser questionado sobre corrupção no Brasil, o presidente do One, Michael Elliott, afirmou: "Vamos chegar mais rápido ao índice zero se lutarmos contra corrupção, mesmo em países que estão indo bem", disse.
Ao ser questionado sobre corrupção no Brasil, o presidente do One, Michael Elliott, afirmou: "Vamos chegar mais rápido ao índice zero se lutarmos contra corrupção, mesmo em países que estão indo bem", disse.
Palestra de economista é pessimista
Apesar do otimismo de Bono, outro destaque do dia foi a palestra um tanto pessimista do economista Robert J. Gordon, que há anos defende o fim do crescimento econômico e criativo dos EUA.
Ele disse que os últimos avanços tecnológicos são insignificantes perto das invenções do começo do século 20. Chris Anderson, organizador do TED, chegou a criticar Gordon dizendo que lhe faltava imaginação e chamou ao palco o economista e especialista em tecnologia Erik Brynjolfsson, que defendeu "o auge" da inovação atual, apesar de gerar renda menor.
Citou como exemplo a indústria musical, que diminuiu de tamanho, mas que nunca antes se produziu e ouviu tanta música. "Que mundo é este no qual podemos ouvir um monte de música de graça, mas ninguém tem empregos", perguntou Gordon. Ele terminou perguntando à plateia quem preferia viver sem internet e eletrônicos, mas com sistema de encanamento, ou vice-versa. A maioria levantou a mão para a primeira opção.
FONTE: http://diariodonordeste.globo.com/noticia.asp?codigo=354851
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