HIPISMO
O maior salto de Zanotelli
30.11.2014
Cavaleiro, que no início do ano era o número 80 do ranking mundial, fecha o ano na 48ª posição
Ele aproveitou uma folga no calendário europeu de competições de hipismo para rever familiares em Fortaleza. Falamos do cavaleiro Marlon Zanotelli, maranhense da cidade de Imperatriz, mas "cearense de coração", como o próprio atleta diz.
Quando a reportagem soube da visita de Marlon a nossa Capital e, de pronto, entrou em contato com cavaleiro que hoje reside na Bélgica e integra a seleção brasileira, com Rodrigo Pessoa e Doda Miranda. Ele abriu um espaço na agenda para bater um papo, momento para avaliar sua performance neste ano, a evolução na carreira e as chances de ir aos Jogos do Rio 2016.
O cenário para a entrevista foi a Escola de Equitação Christus (ECC), onde Marlon, que veio para Fortaleza em 1996, orientado pelo pai, Mário Zanotelli, começou a mostrar talento e que poderia ir longe no hipismo.
Outrora pouco à vontade nas entrevistas, um desinibido Marlon avaliou que 2014 "foi um ano espetacular. Com o apoio que tive do Enda (Carrol, dono da Ashford Farm, haras onde o maranhense trabalha, na Bélgica). Aliás, o ex-cavaleiro da ECC conta que seu patrão, um irlandês, compra cavalos jovens, trabalha no desenvolvimento na Ashford Farm, na cidade de Waterloo. "Eu trabalho com esses cavalos, monto-os nas competições e eles são revendidos".
Foi assim que Doda Miranda e Tina (esposa de Doda), conheceram o cavalo Clowny, da Ashford Farm, que o Marlon montava. "O Doda adquiriu o Clowny e permitiu que eu continuasse competindo com ele. Nós disputamos várias etapas da Copa das Nações com o Clowny, obtendo resultados importantes e, principalmente, no Mundial, no qual a equipe brasileira terminou na quinta colocação".
E a satisfação de Marlon pelos resultados obtidos nos eventos internacionais se justifica, pois ajudaram na sua ascensão no ranking mundial da Federação Equestre Internacional (FEI).
"No início do ano, estava entre o 80º e 90º do ranking mundial e vou terminar a temporada na 48º posição, então foi um passo muito grande na minha carreira. E agora focando um pouco no ano que vem, para disputar a fase final da Copa do Mundo".
Segundo Marlon, dezesseis cavaleiros se classificam para a etapa decisiva do Mundial e, neste momento, ele figura na quinta colocação. E o cavaleiro ressaltou: "então, o foco é tentar permanecer entre os Top 16 para ir à decisão da Copa do Mundo, que será disputada na cidade de Las Vegas, nos EUA, em 2015".
Muita força
O Brasil não é um ponto de referência, mas tem muita força no hipismo, considera Marlon, com a experiência já adquirida em sete anos vivendo na Bélgica.
"Hoje, o Brasil, não é um ponto de referência, mas é um país com muita força no hipismo. Todo mundo respeita a equipe brasileira e no Mundial deste ano, em Barcelona, o nosso time - Rodrigo Pessoa, Doda Miranda e Marlon -, estava entre os favoritos. E ter ficado em quinto, a menos de uma falta da medalha de prata foi um resultado muito bom", festeja.
Jogos Rio 2016
Na opinião do cavaleiro Marlon Zanotelli, com os resultados alcançados nesta temporada, que o levaram a ascender no ranking da FEI, aumentaram suas perspectivas de representar o Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016.
"Tudo está num caminho muito bom. Mas a grande dificuldade, hoje, é chegar a 2016 com um cavalo apto a disputar a Olimpíada. Este é o principal obstáculo", explica Marlon.
"A gente tem alguns cavalos novos em casa (Ashford Farm), que estamos trabalhando e tentando dar a eles experiência suficiente para que em 2016 possamos estar na melhor situação possível", almeja o cavaleiro.
Na 6ª feira, 28, Marlon Zanotelli, com os animais Extra van Essene e Vera, venceu as provas de 1.40 e 1.45m do CSI3* de Estocolmo
Adquirir um bom cavalo é a principal dificuldade
Conseguir um animal de alto nível para os cavaleiros do hipismo é uma dificuldade, como reconhece Marlon Zanotelli. "Hoje em dia, acho que para todos os cavaleiros, a grande dificuldade é ter um cavalo de nível porque a quantidade de bons cavalos no mercado não é tão grande, mas a busca é enorme", comentou o atleta maranhense.
"Atualmente, tenho um cavalo de um haras da França, animal com muito potencial, com o qual estamos trabalhando, que ainda não tem experiência, mas que em dois anos terá tempo suficiente para saltar numa Olimpíada", lembra Marlon.
E o cavaleiro reforça: "o maior obstáculo, no meu caso, é que quando estou treinando e montando um bom cavalo e meu patrão recebe uma boa oferta pelo animal, ele é vendido".
Mas Marlon tem a esperança de que agora com o apoio que recebe, por ser integrante da seleção brasileira de hipismo e fazer parte do projeto olímpico da Confederação Brasileira da modalidade, seu patrão, Enda Carrol, decida manter um ou outro cavalo de qualidade e investir mais um pouco nele. "Afinal, a chance de participar de uma Olimpíada tornou-se bem mais real e um cavalo olímpico é mais valorizado", justifica.
Cavalo de uma Onassis
Marlon voltou a citar Clowny como um cavalo de alto nível. Ele foi comprado pelo casal Doda Miranda e Tina Onassis no ano passado. "Como trabalho com um comerciante, quando um animal começa a despontar, é normal a busca, por outros clientes, desse animal. O Doda se entusiasmou com o Clowny, o comprou, mas permitiu que eu prosseguisse montando o animal".
Saiba mais
Seleção
Marlon Módolo Zanotelli é um dos cinco cavaleiros do time beneficiado com o Plano Brasil Medalhas, do governo federal, junto com Rodrigo Pessoa, Doda Miranda, Bernardo Alves e Pedro Veniss
Escola de equitação Christus
Nascido na cidade de Imperatriz (MA), Marlon veio para Fortaleza, com a família em 1996. E na Escola de Equitação Christus (ECC), onde seu pai trabalhou com0 treinador, começou a despontar na carreira
Na Bélgica
A primeira viagem de Marlon à Bélgica foi dada pelo cavaleiro Yuri Mansur, de São Paulo, que conseguiu para o maranhense estágio com o cavaleiro Ludo Philliparerts
Patrão
Depois de Ludo, Enda Carrol contratou Marlon Zanotelli, com quem ainda trabalha
Moacir Félix
Repórter
Repórter
FONTE: DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário